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Projetos comunitários estão melhorando a qualidade de vida de trabalhadores e famílias no Rio Grande do Norte.

Renda Familiar melhora com Projetos Comunitários
Projetos comunitários estão melhorando a qualidade de vida de trabalhadores e famílias no Rio Grande do Norte. 

São iniciativas que nascem nas comunidades onde o desemprego, a falta d’água e a falta de apoio a pequenas atividades de produção ameaçam a sobrevivência das pessoas, sobretudo, no campo. A Igreja Católica, através do Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários – SEAPAC, acompanha cerca de 200 experiências através de 03 equipes de agrônomos, que fazem o trabalho nas dioceses de Mossoró, Caicó e na Arquidiocesese de Natal. 

Em Macau, município situado no litoral norte-rio-grandense, quatro mulheres mudaram as suas condições de vida através do Projeto de Comercialização do Pescado. Elas compram os peixes e crustáceos aos seus próprios maridos e outros pescadores da comunidade, que antes vendiam o pescado a atravessadores. Depois de fazerem a limpeza e o corte das postas, elas colocam o produto à venda diretamente ao consumidor, através de um mini-frigorífico, montado com o apoio e orientação técnica do SEAPAC. As quatro dizem que não tinham nenhuma fonte de renda e agora faturam em torno de um salário mínimo por mês, o que segundo elas, “dá para ajudar nas despesas de casa”.

O Projeto de Aproveitamento da Manipueira, em Macaíba, melhorou a qualidade de vida na comunidade Riacho do Sangue. A manipueira, líquido tóxico extraído da mandioca no processamento da farinha, era jogado no Rio Jundiaí, causando a poluição da água e a morte dos peixes. Outro problema era causado pela própria Casa de Farinha Comunitária, que jogava a manipueira sobre o solo, juntando moscas e outros insetos prejudiciais à saúde das pessoas e do rebanho. 

A introdução de uma tecnologia simples, orientada pelos técnicos
do SEAPAC, levou os participantes do Projeto a fazer a desintoxicação da manipueira, aproveitando-a como fertilizante do solo e como alimentação para o gado. Os resultados foram imediatos: o Rio Jundiaí está despoluído e os peixes deixaram de morrer intoxicados. Além disso, aumentou a produção de leite do rebanho e diminuiram os gastos com a compra de fertilizantes industrializados. O projeto está, de fato, gerando renda. A falta de água era o maior problema nas comunidades rurais de Baixa Fechada I e Trapiá II, no município de Apodi, Região Oeste do Estado. As associações comunitárias tinham pouca participação dos sócios e sentiam falta de algo que animasse a vida dos trabalhadores e trabalhadoras dali. O SEAPAC começou a acompanhar as comunidades e conseguiu, junto com os moradores, elaborar e encaminhar o Projeto de Abastecimento de Água, para o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural – PAPP. Hoje, 95 famílias têm água abundante para o consumo
humano e animal. Uma caixa d’água de 20 mil litros abastece as residências, através de uma adutora que chega a alcançar dois quilômetros de extensão. As famílias elaboraram um regimento para administrar o uso da água e garantir o funcionamento do Projeto, com o apoio da Secretaria Estadual de Ação Social – SEAS. 

Na comunidade Cachoeira, município de Parelhas, a 240 km de Natal, o que mais preocupava as famílias era o desemprego e a dominação que os donos das cerâmicas particulares exerciam sobre os trabalhadores. Além de trabalharem longe de casa, precisavam fazer duas feiras e não tinham carteira assinada. Tomaram a iniciativa de montar uma cerâmica comunitária, mas, faltavam recursos para começar os trabalhos e para capacitação relacionada ao gerenciamento. Depois de recorrerem a alguns órgãos, sem sucesso, solicitaram o apoio da Igreja. Ali começava uma nova história na Cachoeira, feita pelas próprias mãos e pela vontade dos seus moradores. O SEAPAC ajudou a definir e montar o Projeto, encaminhando-o ao PAPP. O primeiro passo foi fundar a Associação dos Oleiros da Comunidade Cachoeira – AOCC e fazer o regimento com a participação de todos os sócios, para deixar claro como deveria funcionar a divisão de responsabilidades, de tarefas e a
prestação de contas. O Projeto foi aprovado, começou a funcionar, deu certo e os oleiros criaram alma nova. O primeiro projeto de cerâmica encorajou outros trabalhadores a se organizarem e iniciar nova experiência: a Associação Comunitária de Cachoeira – ACC. Esta começou a funcionar em julho de 1996, com o apoio do Banco Mundial e Governo do Estado. Hoje, as duas cerâmicas comunitárias melhoraram as condições de vida dos seus sócios, chegando a gerar uma renda mensal de 1 salário e meio a cinco salários, dependendo da função que cada um exerce no Projeto. Os resultados são apresentados com entusiasmo, pelos mais de 100 sócios que, atualmente, trabalham próximos de casa, têm tempo para plantar seus roçados e ainda criam ovelhas, cabras e gado bovino. Eles dizem que a comunidade está organizada porque todos participam mais. Tem até clube de futebol e bloco de carnaval. Outros projetos são acompanhados pelo SEAPAC, em locais onde a organização dos que pareciam fracos, faz brotar uma força carregada de esperança e confiança numa vida nova. 

O Coordenador Estadual do SEAPAC, a pedido dos Bispos da Província Eclesiástica, é o Diác. Francisco Teixeira. Segundo ele, os projetos acompanhados pela Igreja são sinais de que é possível se construir uma realidade nova, alicerçada na solidariedade, na fraternidade e na fé. “O aspecto mais positivo do trabalho do SEAPAC é a capacidade de identificar fontes de recursos que as políticas públicas garantem, orientando as famílias para captá-las, tendo em vista a melhoria da qualidade de suas vidas. Antes, os recursos vinham mas não chegavam às mãos de quem realmente precisava, porque faltava orientação .

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