Socioambiental

Mais de 13 mil crianças saíram dos lixões

Mais de 13 mil crianças saíram dos lixões
Célia Scherdien

Mais de 13 mil crianças em todo o Brasil, desde o lançamento da campanha “Crianças no lixo, Nunca Mais”, deixaram o trabalho nos lixões, especialmente nas grandes metrópoles brasileiras, graças a projetos de bolsas-escola do governo federal, iniciativas de prefeituras, ações do Ministério Público e projetos desenvolvidos por organizações não-governamentais.

Essas crianças faziam parte de um contingente de aproximadamente 45 mil meninos e meninas que trabalhavam nos lixões, segundo estimativas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). “Lançamos a semente e a árvore começou a frutificar”, disse o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, um dos parceiros do Fórum Nacional Lixo e Cidadania, integrado por 40 entidades que tem por meta erradicar o trabalho infantil em todo o país até 2002. Sarney Filho participou hoje da divulgação dos dados da campanha “Criança no Lixo, Nunca Mais”, junto com outras entidades que
estão nesta luta como a representante do Unicef no Brasil, Reiko Niimi, da Caixa Econômica Federal, Oser Cortines , e de dona Geralda, coordenadora da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis (Asmare) de Belo Horizonte. Na mesma ocasião, no Unicef, foi lançado o manual “Do lixo à Cidadania”, um guia para prefeitos e ONGs que queiram apoiar a campanha “Criança no Lixo, Nunca Mais”. Sarney Filho lembrou que no lançamento da campanha “Criança no Lixo, Nunca Mais”, em junho de 1999, a população brasileira expressou sua indignação “com a sobrevivência de crianças e de suas famílias nos lixões das grandes cidades. Naquele momento, uma sociedade inconformada decidiu reagir à situação dramática de degradação em que se encontravam 45 mil crianças brasileiras excluídas da escola, excluídas da infância, excluídas da dignidade”. A representante do Unicef, Reiko Niimi, disse que “13.230 crianças deixaram os lixões neste 21 meses da campanha graças ao trabalho de parceria” entre as mais de 40 entidades participantes do Fórum. Reiko defendeu a extinção dos lixões “urgentemente”.

Na sua opinião, têm que ser investidos recursos na erradicação dos lixões.

“Se os lixões continuarem a existir não será possível erradicar o trabalho infantil no lixo”. As palavras mais esperançosas sobre a erradicação do trabalho infantil nos lixões, no anúncio oficial dos números, foi de dona Geralda. “Desde um ano de idade vivi no lixo. Hoje, com a parceria, ganhamos até quatro salários mínimos por mês trabalhando com material reciclado. Material que não é lixo”. Ela finalizou sua rápida intervenção na cerimônia no Unicef, dizendo: “Fui criança no lixo e não quero ver criança no lixo”.

(Brasília, 13/3/200)

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