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Começou mal?

“A matéria da Veja SP dessa semana tem uma semelhança com a reportagem da Folha, de duas semanas atrás, que trazia a avaliação negativa da prefeita: ao se ler toda a reportagem, e não só os títulos, percebe-se que a situação não é feia como pintam. O título da Vejinha (“Começou mal”) é discrepante do texto. E são avaliadas como na mesma ou piores áreas em que a própria revista enumera as ações da Prefeitura. Os produtores do programa de TV de Maluf para 2002 agradecem.

A avaliação mais rígida é quanto à política para o funcionalismo. Marta Suplicy pagou quase R$ 40 milhões em atrasados de Pitta, aumentou o piso municipal de R$ 260 para R$ 360, está preparando um plano de recuperação salarial para todo o funcionalismo, reajustou os salários dos cargos de confiança e demitiu centenas de servidores fantasmas ou irregulares, economizando R$ 78 milhões anuais. Mesmo assim a Vejinha avalia que a política para os servidores “piorou”.
Provavelmente a avaliação dos editores seja essa por conta da contratação de quase 20 mil no-vos funcionários. Segundo a revista, são, em sua maioria, profissionais de saúde, professores, guardas e fiscais. A contratação onerou a folha em R$ 370 milhões além do previsto. A alternativa seria não contratar esses servidores, e largar ao Deus-dará a saúde, a educação, a Guarda Civil e fiscalização de camelôs, perueiros e limpeza urbana. Aí provavelmente a Vejinha reprovaria todas essas áreas… A revista segue o raciocínio estreito de que aumentar o quadro de servidores é necessariamente ruim. Ora, é ruim contratar médicos, professores e fiscais? É melhor abandonar essas áreas?

Conceito de “na mesma”

É curioso ler os quadros “O que já fez” nas áreas com avaliação “Continua na mesma”.

Vejamos, por exemplo, o que já foi feito na área de Obras Viárias, segundo a Vejinha: “Negociou a dívida com as empreiteiras. Retomou sete obras deixadas por Pitta, iniciou duas emergenciais (recuperação dos pontilhões do Jaguaré e dos Nacionalistas), e duas novas (viadutos Jaraguá e Itaim). Entregou os viadutos Aricanduva, inter-ditado desde novembro, Grande São Paulo, inter-ditado desde julho, e o pontilhão do Jaguaré. Foram tapados 180 mil buracos, reformados ou construídos 42 quilômetros de sarjeta, 600 metros de guia e 76 mil metros quadrados de calçadas de praças e canteiros reconstruídos”. Esse conjunto de ações recebeu a avaliação “continua na mesma”.
Na área de Saúde, a Prefeitura assume que o atendimento ainda não melhorou, mas vejamos o que já foi feito, novamente segundo a Vejinha: “Desmontou o PAS e assegurou 30 milhões de reais de verba do SUS (obs: até o final do ano, serão mais de R$ 100 milhões). Municipalizou 113 unidades básicas estaduais. Passou a remuneração dos médicos de R$ 764 para R$ 1.911 (ou seja, triplicou) e fez 7.000 contratações de emergência (desse total, 2.500 são de médicos). Resgatou 7.600 funcionários dos 10 mil funcionários que se encontravam em outras secretarias e que não aderi-ram ao PAS. Contratou 400 agentes comunitários para o Programa Saúde da Família”. A área também continua “na mesma”, segundo a revista.

Orçamento, dívida e LRF
É sempre bom lembrar que todas essa realizações foram feitas com as limitações do orçamento desse ano: do dinheiro disponível no primeiro semestre, descontados os pagamentos de dívidas, salário de servidores e a verba “carimbada” para saúde e educação, sobrou 1,26% para investir. A Lei de Responsabilidade Fiscal impede novos empréstimos e contratações além das já consuma-das. A dívida do Município é de R$ 18 bilhões, contra um orçamento de R$ 8 bilhões em 2001.

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