Meio Ambiente

Bem estar na era virtual

 

* Dr. Ari Zekcer

 

         Os avanços da tecnologia têm contribuído muito com a área da saúde e para a garantia de mais qualidade de vida à população. Apesar da medicina já ser praticada desde os tempos mais remotos, seu uso e entendimento como ciência data de aproximadamente de seis séculos antes de Cristo, na Grécia. De lá para cá, muitas descobertas transformaram a forma de entender e tratar dos males do corpo humano.

         Só para se ter uma idéia, um instrumento básico de consultório – o estetoscópio – que o leitor deve estar acostumado a ver toda vez que visita seu médico, foi uma das invenções que revolucionaram a aplicação de equipamentos na medicina. A criação, em 1816, pelo médico francês René Laënnec sobreviveu às mudanças sociais e hoje, em pelo século XXI, continua como um dos aparelhos mais utilizados na área.

         Ainda sim, da era da Revolução Industrial para a era da Sociedade Virtual, as mudanças foram ainda mais significativas. E o reflexo no bem estar da população é evidente. No que diz respeito à saúde, de modo geral, vivemos mais e melhor. Basta verificar que, a expectativa de vida de um homem brasileiro que era de 33,4 anos em 1910, passou para os 64,8 anos em 2000, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2050, seremos 259,8 milhões de brasileiros e nossa expectativa de vida, ao nascer, será de 81,3 anos, a mesma dos japoneses, hoje.

         O mundo virtual já chegou à medicina e incrementou sobremaneira a forma de praticá-la. Os exemplos são muitos. Robôs são utilizados em cirurgias, computadores ultramodernos, sofisticados equipamentos de diagnósticos por imagem que “escaneam” completamente o corpo humano e detectam anormalidades como nódulos e outros com precisão milimétrica, prontuários eletrônicos e acompanhamento remoto de pacientes são alguns deles.

         Na área da medicina do esporte também há materiais que contribuem para que o paciente – atleta ou não – recupere adequadamente equilíbrio e controle dos membros após cirurgias. Há estudos também do uso de recursos que tornam os próprios procedimentos cirúrgicos mais precisos e eficientes. Isso deve propiciar uma recuperação mais rápida, eficaz e menos dolorosa. No caso de atletas de alto desempenho, essas são características de suma relevância, uma vez que quanto mais tempo longe de competições, mais dificuldade há de se manter na profissão. Sem contar a difícil tarefa de administrar uma carreira junto a clubes, patrocinadores etc.

         As técnicas e equipamentos cirúrgicos voltados à medicina desportiva – que já passaram por uma transformação quase que completa no curto período de 30 anos – vêem novas possibilidades no horizonte. Cruzamos atualmente mais uma fronteira da aplicação da tecnologia na medicina. A indústria desenvolvedora de recursos investe milhões de dólares na criação de produtos. Os centros médicos de referência mundial investem o mesmo tanto na aquisição destes.

         Porém, uma coisa é certa. Não há nada a ser criado que substitua o olhar clínico do médico. Seu contato com o paciente, sua preocupação em entendê-lo e analisar o problema de saúde que enfrenta é insubstituível. A tecnologia vai sim, sempre – e espero que cada vez mais de forma positiva – contribuir com o diagnóstico e tratamento. Mas a relação Médico-Paciente – uma das práticas mais antigas – é um dos recursos mais avançados da medicina. E o mais incrível é que está resumido a um simples contato pessoal! 

 

*O ortopedista Ari Zekcer é especialista em medicina desportiva e cirurgia de joelho pela EPM – UNIFESP, diretor da Zekcer Sports Medicine, coordenador da equipe de ortopedia do Hospital São Luiz (SP), membro efetivo de entidades como Sociedade Brasileira de Cirurgia de Joelho (SBCJ), Sociedade Paulista de Medicina Desportiva (SPAMDE) e International Society of Atrhroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine (ISAKOS). Mais informações: www.arizekcer.com.br

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