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Repensando as práticas pedagógicas: dinâmica dos sujeitos em ação nas novas tecnologias

Por José Henrique Manhães Neves

publicado em 30/10/2007 como www.partes.com.br/repensando.asp

 

 

José Henrique Manhães Neves é graduado em Letras pela UFRJ. Especialista em Orientação Educacional pela UCAM. Docente de Escola Pública e do Ensino Superior e Pesquisador em Educação de Jovens e Adultos.
jhmanhaes@hotmail.com

RESUMO

 

Renunciando a um tipo somente de prática pedagógica, pronta a catalogar e classificar conteúdos e métodos pedagógicos, este pesquisador procurou construir saberes e práticas que tentam fazer sentido na contextualização das novas tecnologias e no Aparelho Ideológico do Estado com contribuições de teóricos de relevância.

Em busca destes novos desafios docentes buscaram-se, nesta obra, abordagens que não são únicas para discussão, mas que são de relevância para quem trabalha com as novas tecnologias educacionais, propondo-se redescobrir o lugar do docente e rompendo-se, nesse sentido, com as ditaduras dos espaços escolares e os conteúdos do currículo oficial.

A construção de conhecimento, a socialização e a ultrapassagem pelo currículo pronto são pontos de atenção nesta nova forma de socializar conhecimentos a partir, também, das novas tecnologias.

Palavras-chaves.  Novas Tecnologias – Formação docente – prática pedagógica.

 1.     Novas Dinâmicas do Aparelho Ideológico 

A escola não é a única instituição social que abre seu espaço para as práticas pedagógicas dos docentes em ação. É sabido que com o advento das novas tecnologias e a educação a distância, as novas ferramentas educacionais contribuíram para novas práticas e ressignificação de conceitos que, a priori, eram exclusivos para um único espaço social: a escola.

Dessa forma, o mecanismo de controle e socialização ressignificaram-se nos modos de conduta tanto pela parte do educador tanto quanto do outro sujeito que também faz parte do processo em ação. Neste ambiente bilateral, educadores e educandos formam-se a partir de teias e redes que se completam e se constroem a partir das novas tecnologias da educação.

A esse processo de socialização – não tão simples e nem passível de aplicação mecânica – pode ser denominado, como assim sugere o tema desta obra como o “ repensar na prática pedagógica”.

É sabido, portanto, que a sociedade contemporânea está inserida numa perspectiva libertadora e não mecânica. Esta tendência  conduz ao aproveitamento das novas tecnologias, inclusive, para uma educação continuada tanto para o docente quanto ao discente. Essa busca, no olhar deste pesquisador, requer duas observações importantes e de relevância: a problemática do acesso e o envolvimento pessoal e científico que esta tecnologia oferece.

 

2.Novas Tecnologias : os desafios para uma educação 

A aceleração do desenvolvimento nos grupos humanos permitiu que tais grupos garantissem a sobrevivência intelectual e de informação  numa perspectiva constituída, sobremaneira, de novas práticas pedagógicas e discursos mais fundamentados a partir de pesquisas e análises. Nesse sentido, o fator decisivo para tal perspectiva são as conquistas e a democratização de informação.

Nos grupos reduzidos e nas sociedades primitivas, a aprendizagem ainda se dá com a socialização direta dos componentes com a cultura local algo que não pode ser julgado, de forma alguma, como inferior as sociedades urbanas. No entanto, a aceleração da informação nas sociedades industriais provocou uma corrida espetacular a recursos tecnológicos. Tais recursos possibilitaram a socialização de informações entre outras sociedades e continentes.

A educação, nesse contexto, vincula o professor ao aluno, como mais uma possibilidade de espaço e de troca de informações. Requerem-se assim, nestas relações pedagógicas um repensar de como estas práticas se organizam e se socializam efetivamente. Uma mudança cultural num processo de reconstrução de saberes requer também um olhar  crítico e de observação. Com isso não se trata de inundar escolas e espaços sociais de produção de saberes e conhecimentos com computadores e máquinas magníficas que possibilitam o acesso a todos os tipos de informação em tempo real.

O mais importante destas tecnologias é reinterpretar conhecimentos próprios em conhecimentos que podem ser coletivos.

Com propriedade, Hernandez (2002) surpreende com o seguinte posicionamento: se, na vida cotidiana, o indivíduo aprende reinterpretando os significados da cultura, mediante os contínuos processos de negociação, também na vida escolar o aluno deveria reinterpretar disciplinas acadêmicas mediante processos de intercâmbios e negociação.

3. Compreendendo os Novos Tempos e Socializando Saberes 

A imposição de cultura na aula como elucida o currículo oficial já não tem mais espaço como única forma de aquisição de conhecimento e socialização de tal conhecimento. A esta mudança cultural, de civilização, possibilita o sujeito da ação a interagir com outras formas de pensamentos, de saberes, de ideias e confrontá-las. Seguindo esta linha de raciocínio, não é apenas a educação que se defronta com as novas tecnologias: estas tecnologias presentes estão gerando impacto em todo o universo social, criando e ressignificando dinâmicas onde o conhecimento vai tomando forma mais autônoma e subjetiva. Assim sendo, é substancial que os sujeitos da ação compreendam os novos tempos e anseios desta geração, por que para isso , é necessário “dialogar com a realidade inserindo-se nela como sujeito criativo” (Demo,2000, p.21)

Tal realidade consiste como o próprio código nos alerta, pensarmos criticamente nos ambientes tecnológicos sem nos afogarmos em toda e qualquer informação em busca, e perceber que tal conectividade pode gerar uma transformação nas relações humanas. A possibilidade de construção de conhecimento e de informação de qualquer ponto pode ser entendida, nesse sentido, numa comunicação planetária e de socialização de conhecimentos.

Mas o desafio não é simples. Como docentes, precisamos nos preparar para trabalhar com um universo tecnológico no qual nós ainda somos principiantes. Entender o aluno, nesse sentido, é orientá-lo para este universo tecnológico como forma e meio de construção de sentidos. Como diz Mello:

“… todas as atividades nas quais os profissionais se envolvem quando estão em serviço e que são estruturadas para contribuir para a melhoria de seu desempenho é uma atividade que possui objetivo definido e está comprometida com mudanças em indivíduos ou sistemas organizacionais.” (1993,p.38-39)

Em função dessas considerações é possível entender  que uma nova competência pedagógica e um novo olhar na própria prática no que diz respeito as novas tecnologias  é debruçar-se sobre ela, no movimento dialético ação-reflexão-ação. Busca-se escapar da dicotomia entre teoria e prática, evitando a simples justaposição ou associação que encaminharia para uma atitude funcional. Portanto, quando estudamos as formas de educação nos espaços escolares e aproveitando o máximo oferecido por este instrumento, também, de educação – o computador- devemos lembrar que não somos os únicos interessados. Há uma rede que podemos denominar de sociedade de conhecimento que está do outro lado do que se está também esperando a socialização do que temos para falar e compartilhar. Esta interatividade é que impulsiona o docente a repensar suas práticas, a reinventar-se a cada dia em seus discursos educacionais.

Por fim, nessa teia de relações não podemos mais buscar soluções isoladamente na educação, na comunicação ou em diferentes espaços culturais e sociais É na dimensão do conhecimento e em suas diversas manifestações que se pode encontrar um olhar sobre o que pensamos e sentimos e, neste espaço de juízos transitórios podemos emitir e construir avaliações diferentes em situações aparentemente semelhantes.  

 

        REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEMO, Pedro. Desafios modernos da educação. Petrópolis: Vozes, 1999.

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.

MELLO, Guiomar N. de. Políticas públicas de Educação. In: Estudos Avançados. São Paulo, v.5, n.13, pp. 7-47. 1999.

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