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Concepções e práticas para uma coordenação pedagógica democrática

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS PARA UMA COORDENAÇÃO PEDAGOGIA DEMOCRÁTICA  

Vanessa dos Santos Nogueira

 

Introdução

Vanessa dos Santos Nogueira é licenciada em Pedagogia (URCAMP) – Pós-Graduanda em Gestão Educacional (UFSM)
snvanessa@gmail.com

Considerando que a coordenação pedagógica é um elemento fundamental para o andamento de uma gestão escolar democrática, sendo responsável por diversas atividades administrativas que norteiam a prática pedagógica, é importante buscar novos critérios que, judiciosamente, nos permitem interpretar como a coordenação pedagógica contribui para uma gestão educacional de qualidade conforme Chiavenato(1997), “não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar com as pessoas. As organizações cada vez mais precisam de pessoas proativas, responsáveis, dinâmicas, inteligentes, com habilidades para resolver problemas, tomar decisões.” Nessa perspectiva devemos identificar as falhas que acontecem na relação coordenação x professor, buscando soluções para melhorar o desempenho desse profissional tão importante para a instituição escolar.

O perfil do coordenador pedagógico

“Pensar é sempre a maior estratégia na batalha cultural.

Pensar não é tão somente uma ação cognitiva, mas um caminho devida!
Pensar é a maneira que os seres humanos têm para responder a

questão de quem são eles e onde se encontram.”

(Heidegger)

 

 

Ninguém tem dúvidas de que, atualmente a busca por uma gestão democrática e participativa é grande, para isso destacamos o papel do coordenador pedagógico nesse processo, sendo essa uma função que exige muitas atividades como nos mostra o autor:

 

“Co-ordenar” é organizar em comum, é prever e prover momentos de integração do trabalho entre as diversas disciplinas, numa mesma série, e na mesma disciplina, em todas as séries, aplicando-se a diferentes atividades, a exemplo da avaliação e elaboração de programas, de planos de curso, da seleção do livro didático, da identificação de problemas que se manifestam no cotidiano do trabalho, solicitando estudo e definição de critérios que fundamentem soluções. A coordenação implica criar e estimular oportunidade de organização comum e de integração do trabalho em todas as suas etapas. (Rangel, 2002, p. 76-77)

 

 

Dentro das diversas atribuições está o de acompanhar o trabalho docente, sendo responsável pelo elo de ligação entre os envolvidos na comunidade educacional. A questão do relacionamento entre o coordenador e o professor é um fator crucial para uma gestão democrática,  para que isso aconteça com estratégias bem formuladas o coordenador  não pode perder seu foco como nos fala o autor:

 

São solicitadas inúmeras tarefas – de ordem burocrática, organizacional disciplinar – que dificultam sua dedicação a um trabalho de formação dos professores e o faz cair numa certa frustração pelo “mundo de vozes” que ouve, que vê e que subentende, mas não consegue administrar. (Clementi, 2001, p. 54)

 

 

Esse profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que manter-se sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática como nos fala NOVOA (2001), “a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação“ assim professores e coordenadores  devem refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos para desencadear uma relação de sucesso, com esse pensamento ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos, dessa forma o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe como cita SCHÖN:

 

“(…) o desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o contexto institucional. O professor tem de se tornar um navegador atento à burocracia. E os responsáveis que queiram encorajar os professores a tornarem-se profissionais reflexivos devem tentar criar espaços de liberdade tranqüila onde a reflexão na ação seja possível.” (Schõn, 1992,  p. 87).

 

O coordenador precisa estar sempre atento ao cenário que se apresenta a sua volta valorizando os profissionais da sua equipe e acompanhando os resultados, essa caminhada nem sempre é feita com segurança, pois as diversas  informações, responsabilidades, medo e a insegurança também fazem parte dessa trajetória, cabe ao coordenador refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino – aprendizagem.

A partir de uma mudança pessoal e profissional é que se começa a refletir sobre a mudança da escola tradicional para uma escola que incentive a imaginação, a criatividade, a democracia, favorecendo a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a colaboração, de maneira a promover e vivenciar a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade. Segundo Perrenoud (2000), o professor também precisa dominar competências:

 

  • Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
  • Administrar a progressão das aprendizagens.
  • Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.
  • Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.
  • Trabalhar em equipe.
  • Participar da administração da escola
  • Informar e envolver os pais
  • Utilizar novas tecnologias
  • Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
  • Administrar sua própria formação contínua.

 

Assumir o papel de protagonista da sua própria formação e avaliar a sua prática    pedagógica, são ações indispensáveis para todos os educadores envolvidos no processo de gestão educacional democrática. Nesse contexto o coordenador deve fazer uma leitura do grupo de professores e buscar alternativas para construir as competências necessárias para que o educador possa desenvolver seu trabalho dentro da sala de aula, na comunidade e na instituição de ensino com qualidade.

A relação entre o coordenador e os professores deve ser construida com base na confiança como nos fala Nobre (2002, p. 46): “… a confiança constitui-se numa das mais poderosas forças para a conquista do sucesso e, por conseguinte, um líder eficaz sempre buscará obter e manter a confiança de cada um dos membros da sua equipe”. O professor precisa ter confiança no coordenador e sentir-se seguro para criar e inovar sua prática pedagógica sem ter receio de errar.

A legislação preve que o coordenador pedagógico seja graduado em pedagogia ou tenha pós-graduação equivalente conforme o  Art. 64. da LDB 9394/96:

 

A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

 

 

Apesar dessa formação estar prevista na lei nem sempre temos profissionais qualificados para exercer a função, se levarmos em consideração as diversidades encontradas nas instituições de ensino e a rapidez com que as mudanças sociais estão acontecendo, esse profissional precisa estar em constante formação e atualização.

 

Considerações Finais

 

O desejo de mudança da prática pedagógica se amplia na busca da tão sonhada gestão educacional democrática, que pode sim ser construida se todos os envolvidos sentirem-se comprometidos e com objetivos em comum que levem a formação de alunos e professores atuantes no meio que estão inseridos, trabalhando juntos para  uma educação de qualidade e uma sociedade justa e igualitária.

Uma gestão com pessoas capazes de compartilhar o saber e ao mesmo tempo, construí-lo coletivamente é um  desafio exige dos coordenadores, professores e toda comunidade educativa  abrir mão do saber cumulativo que tem tornado a escola obsoleta. É preciso construir uma nova concepção de ensino, a escola como transmissora de conteúdos avaliados por provas e testes já cumpriu seu papel.

 

 

 

Referências

 

CHIAVENATO, Idalberto, Recursos Humanos, 4.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

 

CLEMENTI, Nilva. O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo: Loyola, 2001.

 

LDB – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

 

NOBRE, Jorge Alberto. Escola de Resgate de Líderes. Porto Alegre: Passaporte para o Sucesso, 2002.

 

NÓVOA, António.(org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

PERRENOUD, Phillipe. 10 Novas competências para ensinar: convite à viagem. Porto Alegre: Artemed, 2000.

 

RANGEL, Mary. Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

 

 

Licenciada em Pedagogia (URCAMP) – Pós-Graduanda em Gestão Educacional (UFSM)

snvanessa@gmail.com

 

Introdução

Considerando que a coordenação pedagógica é um elemento fundamental para o andamento de uma gestão escolar democrática, sendo responsável por diversas atividades administrativas que norteiam a prática pedagógica, é importante buscar novos critérios que, judiciosamente, nos permitem interpretar como a coordenação pedagógica contribui para uma gestão educacional de qualidade conforme Chiavenato (1997), “não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar com as pessoas. As organizações cada vez mais precisam de pessoas proativas, responsáveis, dinâmicas, inteligentes, com habilidades para resolver problemas, tomar decisões.” Nessa perspectiva devemos identificar as falhas que acontecem na relação coordenação x professor, buscando soluções para melhorar o desempenho desse profissional tão importante para a instituição escolar.

O perfil do coordenador pedagógico

 

“Pensar é sempre a maior estratégia na batalha cultural.

Pensar não é tão somente uma ação cognitiva, mas um caminho devida!
Pensar é a maneira que os seres humanos têm para responder a

questão de quem são eles e onde se encontram.”

(Heidegger)

 

 

Ninguém tem dúvidas de que, atualmente a busca por uma gestão democrática e participativa é grande, para isso destacamos o papel do coordenador pedagógico nesse processo, sendo essa uma função que exige muitas atividades como nos mostra o autor:

“Co-ordenar” é organizar em comum, é prever e prover momentos de integração do trabalho entre as diversas disciplinas, numa mesma série, e na mesma disciplina, em todas as séries, aplicando-se a diferentes atividades, a exemplo da avaliação e elaboração de programas, de planos de curso, da seleção do livro didático, da identificação de problemas que se manifestam no cotidiano do trabalho, solicitando estudo e definição de critérios que fundamentem soluções. A coordenação implica criar e estimular oportunidade de organização comum e de integração do trabalho em todas as suas etapas. (Rangel, 2002, p. 76-77)

Dentro das diversas atribuições está o de acompanhar o trabalho docente, sendo responsável pelo elo de ligação entre os envolvidos na comunidade educacional. A questão do relacionamento entre o coordenador e o professor é um fator crucial para uma gestão democrática,  para que isso aconteça com estratégias bem formuladas o coordenador  não pode perder seu foco como nos fala o autor:

São solicitadas inúmeras tarefas – de ordem burocrática, organizacional disciplinar – que dificultam sua dedicação a um trabalho de formação dos professores e o faz cair numa certa frustração pelo “mundo de vozes” que ouve, que vê e que subentende, mas não consegue administrar. (Clementi, 2001, p. 54)

Esse profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que manter-se sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática como nos fala NOVOA (2001), “a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação“ assim professores e coordenadores  devem refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos para desencadear uma relação de sucesso, com esse pensamento ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos, dessa forma o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe como cita SCHÖN:

 

“(…) o desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que integrar o contexto institucional. O professor tem de se tornar um navegador atento à burocracia. E os responsáveis que queiram encorajar os professores a tornarem-se profissionais reflexivos devem tentar criar espaços de liberdade tranqüila onde a reflexão na ação seja possível.” (Schõn, 1992,  p. 87).

         O coordenador precisa estar sempre atento ao cenário que se apresenta a sua volta valorizando os profissionais da sua equipe e acompanhando os resultados, essa caminhada nem sempre é feita com segurança, pois as diversas  informações, responsabilidades, medo e a insegurança também fazem parte dessa trajetória, cabe ao coordenador refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino – aprendizagem.

         A partir de uma mudança pessoal e profissional é que se começa a refletir sobre a mudança da escola tradicional para uma escola que incentive a imaginação, a criatividade, a democracia, favorecendo a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a colaboração, de maneira a promover e vivenciar a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade. Segundo Perrenoud (2000), o professor também precisa dominar competências:

  • Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
  • Administrar a progressão das aprendizagens.
  • Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação.
  • Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.
  • Trabalhar em equipe.
  • Participar da administração da escola
  • Informar e envolver os pais
  • Utilizar novas tecnologias
  • Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
  • Administrar sua própria formação contínua.

Assumir o papel de protagonista da sua própria formação e avaliar a sua prática    pedagógica, são ações indispensáveis para todos os educadores envolvidos no processo de gestão educacional democrática. Nesse contexto o coordenador deve fazer uma leitura do grupo de professores e buscar alternativas para construir as competências necessárias para que o educador possa desenvolver seu trabalho dentro da sala de aula, na comunidade e na instituição de ensino com qualidade.

         A relação entre o coordenador e os professores deve ser construida com base na confiança como nos fala Nobre (2002, p. 46): “… a confiança constitui-se numa das mais poderosas forças para a conquista do sucesso e, por conseguinte, um líder eficaz sempre buscará obter e manter a confiança de cada um dos membros da sua equipe”. O professor precisa ter confiança no coordenador e sentir-se seguro para criar e inovar sua prática pedagógica sem ter receio de errar.

         A legislação prevê que o coordenador pedagógico seja graduado em pedagogia ou tenha pós-graduação equivalente conforme o  Art. 64. da LDB 9394/96:

A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

         Apesar dessa formação estar prevista na lei nem sempre temos profissionais qualificados para exercer a função, se levarmos em consideração as diversidades encontradas nas instituições de ensino e a rapidez com que as mudanças sociais estão acontecendo, esse profissional precisa estar em constante formação e atualização.

Considerações Finais

       O desejo de mudança da prática pedagógica se amplia na busca da tão sonhada gestão educacional democrática, que pode sim ser construida se todos os envolvidos sentirem-se comprometidos e com objetivos em comum que levem a formação de alunos e professores atuantes no meio que estão inseridos, trabalhando juntos para  uma educação de qualidade e uma sociedade justa e igualitária.

         Uma gestão com pessoas capazes de compartilhar o saber e ao mesmo tempo, construí-lo coletivamente é um  desafio exige dos coordenadores, professores e toda comunidade educativa  abrir mão do saber cumulativo que tem tornado a escola obsoleta. É preciso construir uma nova concepção de ensino, a escola como transmissora de conteúdos avaliados por provas e testes já cumpriu seu papel.

Referências

CHIAVENATO, Idalberto, Recursos Humanos, 4.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

CLEMENTI, Nilva. O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo: Loyola, 2001.

LDB – Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

NOBRE, Jorge Alberto. Escola de Resgate de Líderes. Porto Alegre: Passaporte para o Sucesso, 2002.

NÓVOA, António.(org). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.

PERRENOUD, Phillipe. 10 Novas competências para ensinar: convite à viagem. Porto Alegre: Artemed, 2000.

RANGEL, Mary. Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

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