Educação

Áreas de lazer e espaços públicos no município Santa Maria (RS): uma alternativa para se realizar atividades diversas em busca do bem-estar da comunidade

Fotos: João Alves (Mtb 17922) – Arquivo
Secretaria de Comunicação e Programação Institucional de Santa Maria – RS

Franciele Roos da Silva Ilha

publicado em 02/06/2009

 

Franciele Roos da Silva Ilha Especialista em Gestão Educacional e Educação Física Escolar na UFSM; Mestranda em Educação na UFSM franciele.ilha@yahoo.com.br

Este estudo representa alguns dos resultados de uma pesquisa realizada no período de setembro de 2006 a agosto de 2007, que foi financiada com recursos do Ministério dos Esportes através da Secretaria Nacional do Esporte e Lazer por meio da ação programática do Centro de Desenvolvimento do Esporte Recreativo e do Lazer (REDE CEDES); do convênio entre o Ministério e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), como executora, e a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e a Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS), como participantes.

O objetivo deste trabalho foi mapear as áreas de lazer do município de Santa Maria (RS), tendo como objetivos específicos: identificar as áreas de lazer da cidade; conhecer as áreas encontradas; analisar a estrutura física desses espaços públicos e refletir sobre esses aspectos. Os nossos objetivos, com isso, eram produzir subsídios para a formulação de políticas públicas que possam pensar estratégias de lazer respeitando os elementos contextuais e históricos. Bem como de permitir criar uma estratégia de planificação urbana visando à garantia, à qualificação e a ampliação dos espaços esportivos para o lazer da cidade.

No caso desta pesquisa, afinidades teóricas ou políticas e afetivas, bem como interesses profissionais e institucionais foram determinantes para que pesquisadores inseridos em diferentes instituições e áreas do conhecimento se reunissem para elaborar uma proposta de pesquisa que respondesse a algumas demandas emergentes do debate atual em políticas públicas de esporte e lazer no Brasil.

Com esta afinidade a equipe que se formava incorporou níveis de formação e trajetórias acadêmicas diferenciadas, maior ou menor experiência em pesquisa quantitativa, no que se refere tanto a sua implementação, quanto ao exercício de análise que as duas modalidades incitam, bem como a tarefa de exercício da escrita que a análise empírica impõe, maior ou menor familiaridade com os campos teóricos para embasar o estudo, e ainda, compromissos de trabalho significativos, em diferentes instituições acadêmicas (extensão, coordenação de curso, coordenação de estágios, ou como docentes, entre outras) os quais demandaram diferentes tipos de negociação para possibilitar horários comuns de trabalho e disponibilidade de tempo para o desenvolvimento do projeto. Para dar conta dessa diversidade elaboramos uma sistemática de reuniões semanais de estudo, discussões coletivas das ações/etapas do projeto a serem desenvolvidas, avaliação coletiva das atividades desenvolvidas individualmente, a qual foi mantida ao longo dos 12 meses de duração da pesquisa.

Tornou-se necessário, também, promover um espaço de leitura e discussão de textos, coordenado alternadamente por cada um dos membros da equipe ou por assessores especialmente convidados, para viabilizar a construção coletiva do referencial teórico-metodológico. Essa atividade formativa permitiu estabelecer as bases a partir das quais se organizou o processo de redefinição do campo de investigação e da coleta de dados. O diferencial deste projeto está no fato dele constituir um projeto integrado de parcerias institucionais com pesquisadores de três grandes universidades: UFSM, a UNISINOS e a ULBRA.  Contudo, a ênfase neste relato será dada ao município de Santa Maria (RS) voltados para as opções de lazer e o diagnóstico das condições físicas dos espaços públicos para o lazer esportivo.

Como destaca Santos (2006) o profissional de Educação Física não tem se preocupado em verificar e analisar os espaços disponíveis para atividades de esportes e lazer que podem inclusive representar um campo de trabalho. Ao contrário, seus estudos estão direcionados, em grande parte, para as atividades que mais atraem a população.  Diante disso, a relevância desta temática se fortalece com as seguintes palavras do autor:

As praças e parques estão todos os dias sendo invadidos por pessoas que depositam no espaço público um leque de intencionalidades que vão desde o praticar alguma atividade esportiva até o simples e tão necessário descanso. Podemos incluir neste debate as escolas públicas, pois têm sido alvo de políticas públicas na área do lazer através da garantia de acesso a seus espaços pelas comunidades, principalmente aos finais de semana (SANTOS, 2006, p.2).

Utilizou-se para a coleta das informações a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Esta última embasada numa planilha a ser preenchida com dados coletados através da observação de campo e com instrumentos de pesquisa tais como: fita métrica, GPS e máquina digital. De acordo com Gil (2002) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Sobre a pesquisa de campo o autor acredita que ela procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do ocorre naquela realidade. Ventura (2002, p.79) esclarece que esta deve merecer grande atenção, pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostragem (das pessoas que serão escolhidas como exemplares de certa situação), a forma pela qual serão coletados os dados e os critérios de análise dos dados obtidos. Nossa equipe de pesquisadores foi formada por uma acadêmica do curso de Educação Física/UFSM duas Especializandas em Educação Física Escolar/UFSM e um professor do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM que coordenava as atividades.

Inicialmente adquirimos um mapa da cidade de Santa Maria com todas as escolas e os espaços de esporte lazer públicos para realizarmos as visitas. Para facilitar nosso trabalho, o coordenador da UFSM conseguiu um automóvel com motorista da universidade para nos acompanhar nas coletas de informações, principalmente nos bairros mais distantes do centro da cidade. Segundo Pedreira (2000) na história da humanidade, os homens sempre sofrem influências do meio em que vivem. Desde os tempos remotos até os dias de hoje, as condições ambientais, físicas e materiais sempre foram importantes para o aprendizado dos seres humanos.

O diagnóstico do estudo permitiu identificar muitos problemas de acesso, a baixa qualidade dos espaços e equipamentos e uma mínima pluralidade de intencionalidades no campo do lazer esportivo e também no contexto das escolas públicas. Sobre este fato, Pozzobon (1992) destaca que as escolas, em sua grande maioria, possuem instalações esportivas inadequadas, insuficientes e até mesmo inexistentes, havendo uma grande dificuldade em desenvolver um planejamento adequado às necessidades dos educandos, afetando diretamente o processo de aprendizagem e prejudicando seu desenvolvimento motor. Pode-se verificar que inúmeras são as praças discriminadas no mapa da cidade que sequer possuem um terreno para serem construídas. Em outros casos, várias “praças” se constituem de apenas um campo abandonado, sem iluminação ou estrutura qualquer. Entretanto, tivemos a possibilidade de visitar praças e escolas muito bonitas, bem cuidadas e fruto de muita criatividade, construídas com uma estrutura peculiar como, por exemplo, no caso dos brinquedos de pracinhas feitos com troncos de árvore e pneus.

  Diante desse quadro, podemos levar em consideração a reflexão de Moraes (1998) quando salienta que na utilização do espaço físico, mesmo que não se tenha uma quadra convencional, é possível adaptar espaços para as aulas de Educação Física e para atividades de lazer em geral. Se observarmos as crianças verificaremos que eles fazem isso cotidianamente. O professor e a sociedade como um todo pode utilizar um pátio, um jardim, um campinho, dentro ou próximo à escola ou à sua casa para realizar as atividades. No âmbito escolar, mesmo em se tratando de quadras convencionais, o professor pode e deve, conforme a exigência da situação, dividi-las em diferentes formas, possibilitando a execução de atividades de natureza diferenciada. Estender cordas entre árvores, para que as crianças se pendurem e se equilibrem, ou organizem voleibol em pequenos grupos; pendurar pneus e aros nas árvores para funcionarem como alvos em jogos de arremesso e basquete em pequenos grupos; utilizar desníveis de terreno como parte de circuitos com materiais diversos e obstáculos, são sugestões de como utilizar o espaço físico.

Assim, evidenciamos a necessidade de serem aprofundados estudos como este e construídos outros a fim de proporcionar a elaboração de indicadores municipais de acesso aos espaços públicos para o lazer esportivo com a finalidade de auxiliar os órgãos responsáveis nos investimentos nesta área, bem como melhor informar a população sobre sua distribuição para o conjunto da cidade.

REFERÊNCIAS

 

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MORAES, E.P. Importância da criatividade nas aulas de Educação Física. Brasília: Faculdade de Educação Física/Universidade de Brasília, 1998. Monografia de Especialização.

PEDREIRA, J.C.S. Análise da influência do espaço arquitetônico nas atividades lúdicas em escolas de jardim de infância da rede pública do Distrito Federal. Brasília: Faculdade de Educação Física/ Universidade de Brasília, 2000. Monografia de Especialização.

POZZOBON, M.E. Instalações esportivas no contexto das escolas públicas estaduais da cidade de Chapecó – SC. Chapecó: Universidade Federal de Santa Maria, 1992. Monografia de Especialização.

SANTOS, E.S. Reflexões sobre a utilização de espaços públicos para o lazer esportivo. Revista RA´E GA, Editora UFPR: Curitiba, n. 11, p. 25-33, 2006.

VENTURA, D. Monografia jurídica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002.

Deixe um comentário