Cultura

Comemoração ao aniversário de 20 anos do livro intitulado “NÃO” de Marcello Ricardo Almeida: autor da renovação na dramaturgia brasileira

Maria do Socorro Ricardo

publicado em 25/08/2009

www.partes.com.br/cultura/livronao.asp

 

Maria do Socorro Ricardo.Foi aluna de Literatura, na UDESC, do professor Pires Laranjeira, da Universidade de Coimbra, Portugal. Autora dos livros “José Ricardo Sobrinho: um mágico da música”, Blumenau, 1997; “Diálogos com Santana iconográfica: de Zabé Brincão aos nossos dias”, Florianópolis, 2009, Literatura em Santa Catarina. Filha do maestro Zé Ricardo e da enfermeira Lu Farias Ricardo, filha de Misael Alves Farias que foi o segundo a assumir a cadeira no Poder Executivo em Santana do Ipanema, AL, sendo o primeiro o prefeito Joel Marques. Ambos, na primeira metade do século XX. À época, Misael Alves Farias, era o chefe dos fiscais da Prefeitura. Joel Marques (pai de Adeildo Nepomuceno) e Misael Alves Farias trabalhavam juntos na Prefeitura de Santana na condição de fiscais que viajavam em lombo de burro por todos os rincões do município sertanejo. Com o passar do tempo, Joel Marques assumiu a Prefeitura. Quando Getúlio Vargas, no Estado Novo, caçou mandatos, Joel Marques deixou a documentação da administração pública municipal às mãos de Misael Alves Farias, que assumiu a Prefeitura, e passaria a administração do município a quem fosse indicado por Vargas.

O premiado dramaturgo alagoano Marcello Ricardo Almeida homenageado no aniversário de 20 anos da publicação de seu livro, cujo título NÃO, em seu conteúdo se inicia com “A Desventura de uma que jamais seria atriz ou a cachaça de quem queria fazer teatro, ou os dois títulos ou nenhum dos dois” e, em seguida, o texto teatral “Quem Má Cama Faz Nela Jaz: Maria Bala”, além de “05 de 84 e 21 de 77 + duas – Santanismo poético sintetizado”, um conto: “O homem e seu tempo (insegurança)”, outra peça: “O Velho lobo-dos-rios (teatro radiofônico)”, depois sobre o patrimônio memorialista e histórico em “Coisas de Museu – a história de um (exemplo de como é tratada nossa história)”, mais “O Voto (texto para pantomima)”, e também o capítulo de um romance sob título de “Santana-Sem-Água-E-Sem-Luz e o inovador Candinho”; para concluir o seu livro de estreia com “Um relógio que come farinha” publicado entre os anos de 1984 e 1985 no Jornal de Alagoas.

Com a palavra os críticos do Jornal de Alagoas sobre “Um relógio que come farinha”: Marcello Ricardo Almeida – cujo seu relógio que come farinha publicamos aqui, na íntegra, aos domingos – é um jovem e surpreendente escritor de Santana do Ipanema. Marcello participa de teatro amador em sua cidade como autor e diretor de espetáculos, e havia entregado a sua novela a outro jornal de Maceió, que não foi publicada. Nós achamos, entretanto, que o texto era muito bom para não ser editado. O escritor apesar de distanciado – digamos assim – do centro cultural onde se supõe o acesso à literatura clássica e moderna é muito mais facilitado e, Marcello Ricardo Almeida, a despeito da não existência de boas livrarias em seu município, carrega consigo uma bagagem de literaturas que vai de Göethe a Thomas Mann. E isto é transparente no seu estilo ágil, irônico e, não raras vezes, sarcástico. “Um relógio que come farinha” – explicando a procedência do ditado popular sobre relógios que atrasam é uma preciosidade que não poderia ficar no anonimato.

Após a publicação deste NÃO vieram outras dezenas de títulos, livros, prêmios e mais de 120 peças de teatro no método Teatro-Feijão-Com-Arroz que Marcello Ricardo Almeida desenvolvera em meados dos anos 1970. Esta peça que poderá ser feito download http://www.teatroparadownload.blogspot.com/ foi escrita em 1975; trata-se de “A Lenda das irmãs Procne e Filomena” e em outro link http://metodoteatrofeijaocomarroz.blogspot.com/ há mais informações sobre o método teatral inventado por Marcello Ricardo Almeida. O dramaturgo Fauzi Arap, renomado escritor paulistano e um dos fundadores do controvertido Teatro de Arena, juntamente com Augusto Boal, Vianinha, Gianfrancesco Guarnieri e outros do grande cenário teatral, escreveu: “Marcello Ricardo Almeida, tanto Vendramini (José Eduardo) quanto eu reconhecemos em você um autor talentoso, que pode e deve crescer. Sentimos prazer lendo seus textos e, pra nós, você foi como uma revelação”. Ainda sobre o trabalho literário de Marcello Ricardo Almeida, Djalma Bittencourt, da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais), no Rio de Janeiro, escreveu: “Fazemos votos pelo sucesso do desenvolvimento de seu Teatro-Feijão-Com-Arroz e achamos que a opinião abalizada de teatrólogos como Fauzi Arap e outros é uma boa recomendação. Marcello Ricardo Almeida, aplausos pela sua iniciativa e de seu irmão, Morche, em inovarem na maneira de escrever para o Teatro”.

A dramaturgia de Marcello Ricardo Almeida, encenada no Brasil e exterior, começou a surpreender quando atores argentinos dirigiram o espetáculo “Quem Má Cama Faz Nela Jaz: Maria Bala”, no ano de 1990, em Córdoba, além de levar o espetáculo em outras partes da Argentina. Os dramaturgos argentinos Victor Moll e Jorge Pinus escreveram: “Amigo Marcello Ricardo Almeida, estamos apresentando a sua peça teatral Maria Bala, que é um espetáculo muito bonito e apreciando a verdadeira riqueza de teu vocabulário”. As peças no método Teatro-Feijão-Com-Arroz participaram nos primeiros anos dos Jogos de Teatro promovidos pelo NuTE, em Blumenau, SC, nos palcos do Teatro Carlos Gomes. Muitas peças foram encenadas no início dos anos 1990 por estudantes, alunos nas aulas de Sociologia, Literatura, Filosofia e História respectivamente; as peças publicadas em outro livro de Marcello Ricardo Almeida: “Ideias políticas de filosofia educacional: uma proposta crítica mudando a estrutura escolar autoritária da Escola Básica à Universidade”, uma de suas personagens, Simone de Vouvoar, é apresentada no modelo de uma das facetas do violencismo na infoera (onde a máquina é mais valorizada); este livro também trouxe breve teoria do teatro de Marcello Ricardo Almeida que inova aspectos cênicos, construção de personagens, plasticidade e a própria dramaturgia.

Além do teatro de Marcello Ricardo Almeida ter sido apresentado na Argentina, também encenado por vários grupos teatreiros não-profissionais e profissionais, traduzido por teatrólogos chilenos, em linguagem popular, como pede o Teatro-Feijão-Com-Arroz, e encenada por atores do Chile a peça “O Ladrão-de-Galinhas”; em Nova Iorque, a peça “A Fila do INPS”. Em vários Estados brasileiros, a peça “Debaixo da Ponte”, em parceria com Morche, foi apresentada na UFAL em preparação para atores; no Rio Grande do Sul, com atores gaúchos; na Bahia; e está sendo encenada atualmente em São Paulo, capital. Marcello Ricardo Almeida recebeu prêmios literários como o Primeiro Lugar no Concurso Blumenauense de Dramaturgia, em 1990; no concurso Nacional de Dramaturgia Wladimir Maiakovski, em 1993, em São Paulo, quando sua peça Morcegos Humanos conquistou a terceira colocação, e no ano seguinte, Morcegos Humanos foi transformada em gibi, na Editora da FURB. Jornalista desde 1976, quando era correspondente do Jornal de Alagoas. Exerceu os cargos de vice-presidente da Federação Alagoana de Teatro Amador, de 1986-87, e diretor-superintendente no Jornal de Alagoas, quando responsável pela implantação de jornais no interior.

E nesta comemoração ao aniversário de 20 anos do livro intitulado “NÃO”, de Marcello Ricardo Almeida, autor da renovação na dramaturgia brasileira, livro que o webmaster santanense Valter Filho prestou homenagem com nome do site santaNÃOxente (www.santanaoxente.com). Sendo o novo título “Ética na Escola: teoria e prática no cotidiano escolar com peças de teatro sobre bullying, assédio moral, fibromialgia, Síndrome de Burnout etc.” em 2a. ed., Literatura em Santa Catarina. É o teatro na escola sobre ausência de ética na família; temáticas variáveis e sucessivas, para cada qual uma peça diferente – teatro para questionar a antropologia da violência; um monólogo de uma não-ética para si – e as manifestações da fibromialgia, da Síndrome de Burnout e do assédio moral; sobre a história de um invadir o espaço do outro; a dramaturgia na escola a respeito da ausência de ética; peça acerca do bullying entre os alunos e um teatro do descobrir ou não descobrir os motivos da bagunça em sala de aula.

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