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Somos Perfectíveis. E por quê não?

Paulo Hayashi Jr

publicado em 08/05/2010 como www.partes.com.br/reflexao/somosperfectiveis.asp

Paulo Hayashi Jr é doutorando em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS

Ninguém é perfeito, mas também não estamos condenados à imperfeição e ao pecado eterno. Precisamos recorrer a uma filosofia do meio-dia de Nietzche para verificar que o homem é apenas meio, ponte entre o ser primitivo e o superhomem. Todavia, esta visão não é apenas exclusiva da filosofia de Nietzche, mas também da antropologia de Lévy-Strauss e de muitas religiões, principalmente as orientais.

O mundo é uma grande escola e precisamos aprender a aprender e a aprender a esquecer muitas coisas também. Todavia, muitos ainda não percebem que a vida é um livro aberto e passível de ser lido. E apesar de que nem sempre os capítulos de nossa vida são preenchidos da forma como gostaríamos que fossem, o presente é sempre oportunidade de aprimoramento.

O Homem mesmo que imperfeito é plenamente perfectível como expresso na carta do apóstolo João: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1 João 3, 1-2).

Assim, precisamos aprender a olhar com olhos mais críticos as nossas faltas e com olhar mais bondoso os nossos acertos, também. Precisamos aprender a ver o nosso potencial de perfeição e que a justiça de Deus não permite que haja tratamentos diferentes entre os seus filhos. Assim, não há seres privilegiados que ganharam na loteria espiritual, mas que há méritos para aqueles que merecem. Ou seja, para aqueles que acumularam tesouro valioso devido ao seu trabalho e aprendizagem, tal como trabalhador incansável que acumula, ao longo do tempo, bens e direitos pelo suor de suas próprias mãos. Por isso a ênfase de Paulo de Tarso no “justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Romanos 2, 5-6).

A obra de cada um não é apenas o resultado de seus esforços em juntar bens materiais, mas também e principalmente a elegância e pureza de seu coração. Aliás, este é o caminho de luz indicada por Jesus.

Assim como toda obra não é dissociada de seu artista, o artista também não é livre de suas obras e precisará sempre responder por elas. Por isso é importante sempre pensar bem antes de agir, pois tudo deixa marcas e rastros. É preciso planejar com amor e inteligência cada ação e fazer de sua vida uma edificação que leva à satisfação do dever cumprido e à elevação superior, tal como diamante de três faces: o belo, o bem e a verdade.

O belo não é apenas a estética do exterior e da aparência, mas da plena sensibilidade interior, tal qual prece realizada com o coração puro preenchido de sublimes intenções. Por isso os artistas costumam ter fácil acesso as inspirações superiores.

Já a verdade é a busca de conhecimento, das causas primeiras, não apenas restrita aos estudos por meio de teorias científicas, mas também o vivenciar longe de qualquer preconceito, ideologia, senso comum. Ou seja, a verdade mais próxima da realidade, pois assim ela vós libertará de qualquer ignorância que é a mãe de todas as misérias.

Por último, o bem é a realização da caridade e da prática de ajudar ao próximo, pois se não há ciência destituída de utilidade, também não há progresso pessoal sem caridade.

Feliz daquele que percebe a tempo que não há berço sem história, nem fim sem recomeço, pois a grandiosidade do Pai é superior à própria morte e a cada artista é e sempre será dado conforme as suas obras. Aliás, nada mais justo.

 

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