Ciências Reflexão

Bom olho, Bom cientista

Albert Einstein: “a percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o mistério passará pela vida sem ver nada”.

Paulo Hayashi Jr

publicado em 02/08/2010 como www.partes.com.br/reflexao/bomolho.asp

 

Paulo Hayashi Jr é doutorando em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS

Parece haver uma sutil mudança da importância dos nossos órgãos sensoriais ao longo da história da Humanidade. Certamente o tato é um dos primeiros a ser supervalorizado, principalmente quando a época requeria força física e habilidades manuais. Todavia, no século XXI parece que a visão supera os demais sentidos, ganhando importância não apenas pelas mídias modernas (internet, cd´s, dvd´s, blue-rays´s), além da tradicional televisão, mas também pela própria conduta do brasileiro em apreciar a forma física do corpo e consequentemente, a sensualidade.

Todavia, esta superexposição torna a capacidade de discernimento um fator chave de sucesso para a pessoa, caso contrário corre-se o risco de encarar a ilusão como realidade, ou ainda meias verdades subjetivas sem o devido abalizamento com outras percepções. O juízo de uma situação depende dos sentidos do corpo e estes são passíveis de engano.

Digo isso não apelando para o misticismo, mas para a própria ciência, cujo desenvolvimento material e tecnológico vem em passos acelerados, enquanto que a Humanidade ainda engatinha no desenvolvimento moral.

Pela ciência, o Homem possui uma racionalidade limitada (veja por exemplo os trabalhos do ganhador do prêmio Nobel de economia Herbert Simon). Ou seja, não é possível ter todas as informações necessárias para a decisão, o tempo para decidir não é infinito, a cognição é restrita. Enfim, há apenas a condição de se escolher alternativas satisfatórias e não otimizadas em situações dúbias e problemáticas.

Por isso é sempre preciso prudência para se analisar as situações sem se deixar levar pelas aparências. É necessário buscar a essência e ir mais a fundo, arranhando a superficialidade do fenômeno até que se tenha condição, pela razão, de realizar parecer menos imbuído de emoção e expectativas e mais firme numa realidade lógica e cabível de se tornar científica. Digo isso, uma vez que é papel da ciência desmistificar os conhecimentos ingênuos e colocar ordem e sentido no mundo. Não é pela crença dogmática sem a devida pesquisa que se avança a Humanidade, mas por meio do experimento e da teorização, do trabalho e do estudo.

Por isso, ainda neste princípio de século XXI, tenhamos a certeza de que a razão é a nossa luz guia, condutora de nossos comportamentos e principalmente, de que somente por ela, e não pela discriminação cega que o conhecimento e o bem estar da Humanidade avançará para patamares cada vez superiores e mais evoluídos. Por exemplo, se um dia houve dúvidas sobre a morte e sobrevivência do espírito, reencarnação e espírito, então que apareça a certeza por meio do estudo e da pesquisa e não pelo preconceito e dogmas sem a devida investigação da realidade.

Se para Pitágoras “a prudência é o olho de todas as virtudes”, então que o estudo e a pesquisa, a verificação empírica e a proximidade com a realidade sejam os nossos olhos de cientistas, pois se um dia navegar era preciso, hoje é preciso pesquisar para levar adiante a alma e a vida para mares dantes navegáveis.

Que os cientistas tenham olhos e ouvidos para ver além das verdades da matéria, pois um dia seremos todos chamados para testemunhar, na banca de qualificação da vida na morte, o uso da inteligência e raciocínio para o bem da Humanidade. Como bem disse um dos maiores cientistas da Humanidade, Albert Einstein: “a percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o mistério passará pela vida sem ver nada”. Que fique aqui o convite.


Paulo Hayashi Jr.

Doutorando em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

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