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O Currículo escolar

Elaine Ferreira de Freitas

publicado em 07/07/2011

O CURRÍCULO ESCOLAR

                                        

Elaine Ferreira de Freitas*

 

A Educação tem passado por constantes mudanças na tentativa tornar-se eficaz e de qualidade. Nessa perspectiva o currículo assume suas proporções enquanto objeto socializador, sendo peça primordial de uma prática pedagógica que visa o desenvolvimento integral do indivíduo e a construção de sua identidade.

Pesquisando no dicionário mini Aurélio, encontramos a seguinte definição para a palavra currículo: “as matérias constantes de um curso”. Num sentido mais amplo, pode-se definir que currículo é a organização das disciplinas que deverão ser contempladas nas diversas modalidades de ensino. Entretanto, seu sentido vai muito além do que a didática de organização de conteúdos.

De acordo com Sacristán (2000, p.36) a definição de currículo se apresenta da seguinte forma: “um projeto seletivo de cultura, cultural, social, política e administrativamente condicionado, que preenche a atividade escolar e que se torna realidade dentro das condições da escola tal como se acha configurada.”

Nesse contexto, pode-se afirmar que o currículo compreende a uma seleção de conteúdos culturais que vão fazer parte do projeto educativo proposto pela escola, porém, ultrapassa a simples seleção de conteúdos. Sendo sua realização possível, de acordo com as condições políticas e administrativas da instituição.

Sacristán (2000, p. 173) diz ainda que:

O currículo é muitas coisas ao mesmo tempo: ideias pedagógicas, estruturação de conteúdos de uma forma particular, detalhamento dos mesmos, reflexo de aspirações educativas mais difíceis de moldar em termos concretos, estímulo de habilidades nos alunos, etc.

O currículo é o centro da ação educativa, pois irá influenciar diretamente a qualidade do ensino. Sua função inclui delimitar atividades, bem como os conteúdos a serem desenvolvidos pela escola somando as experiências transmitidas pelos discentes e docentes envolvidos. Tendo como bases, a sociedade, as políticas, a escola, o professor e o aluno.

Conforme relata Eyng (2010, p.9) “O currículo escolar que se consubstancia no projeto pedagógico é a principal estratégia de definição e articulação de políticas, competências, ações e papéis desenvolvidos no âmbito do Estado, da escola e da sala de aula.”

Sendo assim, na elaboração do c da escola, serão discutidas as práticas pedagógicas que significativas para o processo educativo desta, inclusive a ação curricular. Desse modo, os participantes envolvidos devem ter conhecimentos sobre as questões curriculares, de modo que o currículo se consolidará na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP).

Sacristán (2000, p. 165) diz que:

O currículo é uma prática desenvolvida através de múltiplos processos e na qual se entrecruzam diversos subsistemas ou práticas diferentes, é óbvio que, na atividade pedagógica relacionada com o currículo, o professor é um elemento de primeira ordem na concretização desse processo. Ao reconhecer o currículo como algo que configura uma prática, e é por sua vez, configurado no processo de seu desenvolvimento, nos vemos obrigados a analisar os agentes ativos no processo. Este é o caso dos professores; o currículo molda os docentes, mas é traduzido na prática por eles mesmos – a influência é recíproca.

Sendo assim, o professor é o elemento fundamental na concretização desse processo. Este desempenhará o papel de realização plena do currículo, consciente de seu papel na execução e desenvolvimento de práticas que tornarão o currículo eficaz.

Nesse contexto, Sacristán (2000, p. 185) ressalta que:

O professor transforma o conteúdo do currículo de acordo com suas próprias concepções epistemológicas e também o elabora em ‘conhecimento pedagogicamente elaborado’ de algum tipo e nível de formalização enquanto a formação estritamente pedagógica lhe faça organizar e acondicionar os conteúdos da matéria, adequando-os para os alunos.

Pode-se dizer que os docentes devem estar sempre inteirados com os projetos da escola, visando o cumprimento do currículo com clareza e responsabilidade, sempre buscando o preparo necessário para adaptação às mudanças no contexto escolar.

Eyng (2010, p. 84) contribui nesse sentido, dizendo que:

É importante que o professor torne-se consciente de sua postura profissional e isso se faz através do processo de ação-reflexão-ação de sua prática e de várias discussões com outros educadores, construindo-se assim, um olhar reflexivo, consciente e sensível sobre as questões que emergem no cotidiano da sala de aula e do espaço escolar.

De um modo geral, as práticas curriculares devem estar sempre sendo revisadas pelos docentes, de modo que estes não serão meros seguidores de práticas impostas, mas sim agentes transformadores para uma prática cada vez mais eficaz e que atenda as necessidades atuais, diante das transformações que ocorrem constantemente em todas as esferas.

Embora sua definição descrita no dicionário, o currículo na visão prática, não trata-se apenas de um conjunto de disciplinas ou conteúdos a serem seguidos, pois envolve um processo cultural transformador. Deve-se observar as necessidades e experiências dos discentes, sendo estes o objeto principal de análise na contribuição para a construção do currículo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da Língua Portuguesa.

EYNG, Ana Maria. Currículo escolar. 2.ed.rev. E atual. Curitiba:Xibpex, 2010.(Série Processos Educacionais).

SACRISTAN, J. Gimeno. O Currículo, uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Editora Artmed, 2000.

*   Elaine Ferreira de Freitas – Pedagoga, Pós-graduanda em Psicopedagogia Institucional.

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