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As Tecnologias e a Educação: Essenciais no Processo de Ensino-Aprendizagem?

Jéssica Girão Lopes

15/10/2011 como www.partes.com.br/educacao/artigos/tecnologias.asp

Jéssica Girão Lopes[1]

Jéssica Girão Lopes

Resumo

As novas tecnologias são aparatos prementes no auxilio dos docentes no processo de ensino-aprendizagem, pois acompanham a história da humanidade desde os tempos mais remotos. Entretanto é fácil perceber o quanto a realidade da escola se encontra distante da realidade tecnológica da sociedade na contemporaneidade. Por outro lado, o uso dessas tecnologias muitas vezes é realizado de maneira errônea, não contribuindo na construção do conhecimento. O presente artigo discute a importância das novas tecnologias utilizadas de maneira correta e intrínsecas à prática educativa.

Palavras-Chave: tecnologias, educação, ensino-aprendizagem;

Abstract 

The new technologies are apparatuses pressing in aid of the teachers in the teaching-learning process, because you follow the history of humanity since the earliest times. However, it is easy to see how the reality of the school is far from the technological reality of the society in contemporary world. On the other hand, the use of these technologies is often performed in a way erroneous, not contributing to the construction of knowledge. This article discusses the importance of the new technologies used in the correct way is intrinsic to educational practice.

Keywords: technology, education, teaching and learning;

 

 

  1. Introdução

                Quando se fala em tecnologias voltadas à educação, a primeira coisa que geralmente vêm à mente são equipamentos como computadores, vídeos, e outros que necessariamente refletem a realidade na qual a sociedade capitalista tecnológica está inserida.

         Por outro lado, constantemente é cobrado ao corpo discente das escolas e universidades, de maneira geral, que atuem na perspectiva de tornar o ensino  significativo com o apoio e a utilização das tecnologias da informação e comunicação- TICs.

         O texto que se segue objetiva a analise das contribuições pertinentes dos escritos da pesquisadora Vani Moreira Kenski, em sua obra publicada pela editora Papirus no ano de 2007 intitulado de Educação e tecnologias, o novo ritmo da informação. Serão retratados, nessa perspectiva, especificamente os dois primeiros capítulos da obra que são: o que são tecnologias e porque elas são essenciais e tecnologias também servem para informar e comunicar.

         Na medida em que o artigo se desenvolverá, concomitantemente far-se-á uma análise critica de tais escritos a fim de construir, frente a eles um discurso contributivo ao uso de tecnologias na educação na atual conjuntura do mundo tecnológico.

  1. O desenvolvimento da sociedade e o desenvolvimento tecnológico.

            A tecnologia, ou o desenvolvimento tecnológico é algo que está atrelado e intrinsecamente relacionado com o desenvolvimento do mundo. O homem primitivo já se utilizava de alguma forma da tecnologia disponível à época a fim de facilitar sua vida. Ou não foi a aquisição do fogo uma tecnologia revolucionária ao passo que o homem ia se descobrindo enquanto ser sociável e com determinado grau de inteligência?

         Para Kenski (2007) “As tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana”. Na verdade, prossegue a autora: foi a engenhosidade humana em todos os tempos, que deu origem às mais diferentes tecnologias. O uso do raciocínio tem garantido ao homem um processo crescente de inovações. “(p.15)

         Sob essa perspectiva, compreende-se que na medida em que o homem progredira em conhecimento, elevara-se em desenvolvimento tecnológico. Da mesma forma ao passo que explorara seu espaço e usara tecnologias com essa finalidade, seu domínio, seu poder sobre a natureza expandira-se e o resultado fora exatamente o acumulo de riquezas.

         De maneira evolutiva com o acréscimo de conhecimento e possibilidades tecnológicas, as cidades foram se estruturando e mostrando a capacidade infinita de construção humana até os dias atuais como informa Sposito (2008) que: a cidade na sua origem não é por excelência o lugar de produção, mas de dominação. (p.17)

         Dominação esta que se expressa no domínio do homem em seu espaço natural, bem como na dominação de outros homens, levando em consideração que, na história da humanidade, quem detém as técnicas, sempre se sobressaia aos que não as tem. Dessa maneira até os dias atuais observa-se que o conhecimento traz poder, cria espaços desiguais, de dominação. Em outras palavras: ”tecnologia é poder”. (KENSKI, 2007).

         A complementaridade disso pode ser percebida quando se analisa as relações de poder estabelecidas ao longo do tempo, sobretudo com o advento do momento histórico denominado de Revolução Industrial. A partir dele o mundo se organizou de maneira mais expressiva na perspectiva da tecnologia, pois necessariamente quem detinha o poder, a dominação e o acréscimo de riquezas era exatamente quem possuía tecnologia. Nessa perspectiva, nações inteiras submeteram-se e submetem-se até os dias de hoje a países detentores de conhecimentos tecnológicos (SANTOS 1994).

         Com essas considerações, percebe-se que o desenvolvimento tecnológico compreendido enquanto “espaço de poder” sempre esteve presente na realidade da humanidade, desde coisas simples como a aquisição de novas ferramentas para a caça, até o atual momento do desenvolvimento técnico informacional. Kenski (et al) é categórica ao expressar que: “O mundo desenvolvido e rico é o espaço em que predominam as mais novas tecnologias e seus desdobramentos na economia, na cultura, na sociedade. Os que não têm a “senha de acesso” para ingresso nessa nova realidade são os excluídos, os subdesenvolvidos” (p.18)

         Dessa forma, compreende-se que se constitui uma necessidade ao homem e à educação enquanto atributo social se adaptarem á complexidade que os avanços tecnológicos impõem às sociedades de uma forma geral e de diversas formas.

  1. A educação no contexto da sociedade da informação

            Na atual conjuntura social, é comum se agregar a idéia de tecnologia a aparelhos tecnológicos desenvolvidos ao longo da história e que permeiam nossa realidade, como computadores vídeos, etc. Da mesma forma, quando se fala que os docentes devem usar em sua prática pedagógica, novas tecnologias, logo se relaciona o uso de multimídias e internet.

         Torna-se necessário, portanto a compreensão de que as tecnologias englobam a totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso, suas aplicações.  (KENSKI et al, p.22).

         Nesse aspecto, a linguagem constitui-se uma tecnologia que foi criada e que faz parte da realidade de maneira tão incisiva que não a consideramos mais uma tecnologia. Entretanto ela o é. Segundo a autora:

A linguagem é uma construção criada pela inteligência humana para possibilitar a comunicação entre os membros de determinado grupo social. Estruturada pelo uso, por inúmeras gerações e transformada pelas múltiplas interações entre grupos diferentes, a linguagem deu origem aos diferentes idiomas existentes e que são característicos da identidade de um determinado povo, de uma cultura. (p.23)

             E sendo uma construção realizada por sujeitos sociais, deve ser utilizada em sala de aula de maneira a refletir o momento histórico e cultural vivenciado pelo grupo de aluno na qual se quer estabelecer um processo de aprendizado, como afirma Kenski (et.al p.41) que: como as tecnologias estão em permanente mudança, a aprendizagem por toda a vida torna-se conseqüência natural do momento social e tecnológico em que vivemos”.

         Nessa perspectiva, Morin (2000) reitera que os professores devem ser capazes de vislumbrar o mundo na perspectiva dos alunos, para que assim questões suscitadas por eles que são lacunas de compreensão das relações em curso no mundo, sejam respondidas. Dessa forma, a linguagem, a maneira de se comunicar deve ser utilizada ao passo que constrói informações pertinentes e coerentes fazendo conexão entre os dois mundos- o mundo do aluno e o mundo do professore ou do adulto.

                   Porto (2006), nessa perspectiva salienta que não é necessário:

(…) o abandono da função cultural clássica da escola, substituindo os conteúdos do currículo, mas entendo que a escola, junto com a responsabilidade de transmitir e produzir conhecimentos precisa abrir-se às novas formas culturais, aos problemas próximos de seus sujeitos, às diferentes (e, para alguns, novas) formas de comunicação. (p.54)

            É comum ver-se estudiosos da educação falando da necessidade do educador fazer a sua prática educativa levando em consideração a realidade social na qual os indivíduos educandos estão inseridos, entretanto, além disso, é premente a esse mestre comunicar-se levando conta a realidade cibernética na qual eles vivenciam, caso contrário, essa prática de ensino torna-se incompleta e fora do contexto do alunato.

          Não são somente os vídeos, os aparelhos digitais, a apresentação de slides -etc- que fazem a diferença no processo de ensino-aprendizagem, mas o inserir-se, o comunicar-se compreendendo a realidade digital dos educandos é fator preponderante nesse processo.

         Outra problemática que deve ser ressaltada é a idéia errônea de que o aparato físico tecnológico oferecido pela escola para o uso em sala de aula é suficiente por si só para propiciar um significativo ensino-aprendizagem. Todos entendem isso, mas a prática educativa muitas vezes não condiz.

         Na compreensão de Orozco (2002. p. 65) “tecnicismo por si só não garante uma melhor educação. […] se a oferta educativa, ao se modernizar com a introdução das novas tecnologias, se alarga e até melhora, a aprendizagem, no entanto, continua uma dúvida” isso ocorre porque o fazer pedagógico dos professores deve ser reflexivo (ZABALLA, 1998) deve ser direcionado a fim de estabelece momentos que permitam aos alunos uma compreensão eficaz da atual conjuntura do sistema em que se vive. Os aparelhos tecnológicos devem servir enquanto complementos a essa prática ativa, devem sim ser utilizados, mas com propósito e com planejamentos.

  1. Considerações finais

            Ao longo do tempo o homem foi adquirindo informações provenientes de sua inteligência que fizeram a diferença em toda a sua existência. Essas informações, na figura da tecnologia se foram acumulando e influenciaram o mundo na corrida pela tecnologia de tal forma que a dominação entre os países se mede pela capacidade tecnológica produzida por esses.

         Dentro dessa realidade, a educação como sendo um atributo social, não deve alhear-se às condições tecnológicas e que, na atual conjuntura, são significativas no processo de ensino aprendizagem.

         A linguagem, considerada uma tecnologia primitiva acompanha o desenvolvimento tecnológico, pois ela é construída socialmente e reflete a cultura à época. Nessa perspectiva, os educadores devem ter em mente que não somente a utilização de recursos ou materiais didáticos são essenciais nesse processo educativo, mas a apropriação desse conhecimento  pela linguagem deve ser corrente no ato de ensinar.

         O desenvolvimento tecnológico é fatídico. Está presente em tudo o que é feito. A escola, portanto, não deve permanecer com o ensino que não reflete a realidade e nem se utiliza dos recursos tão corriqueiros na vida dos estudantes- e dos professores-. É essencial o conhecimento e o uso tecnológico baseados em planejamento e com propósitos pedagógicos.

 

  1. Referencias Bibliográficas

 

OROZCO, Guilhermo G.. Comunicação, educação e novas tecnologias: tríade do século XXI. Comunicação e Educação, São Paulo, n. 23, p. 57-70, jan./abr. 2002.

PORTO, Tânia Maria Esperon. As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis… Relações construídas. Revista Brasileira de educação, v.11 n.31, 2006

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Saõ Paulo: Papirus, 2007. (p15-42.)

SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo. São Paulo: Editora Hucitec, 1994.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F. da Rosa. Porto Alegre: Ed. Artmed, 1998. p. 224.

 

[1]Graduanda em Geografia pela Universidade Federal do Ceará e atual bolsista PET.

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