Poema Urbano
Gilda E. Kluppel
Tudo num lugar
ao mesmo tempo
sem tempo perdido
no relógio acelerado
pelo ritmo frenético
da parafernália urbana
sons, automóveis, buzinas
escada que rola, tração que chega
diversos tons de uma sinfonia.
Terra da garoa, leito da tempestade
abundância de água e de verbo
marginais em agonia constante
entre poemas alucinados
diante do caos deslumbrados
anjos distraídos e tanto perigo.
Mega metrópole, pessoas antenadas
ondas parabólicas e muita retórica
no vigor da arte dos Andrades
entre os tantos Mários, Oswalds
e a poesia encontrada no elevador.
Quantos mundos cabem neste espaço
quantos sotaques existem na Pauliceia
enredo sugerido em concreto
mega versos para descobrir seus segredos
de Adoniran e a sua eterna plateia
o Trem das Onze e de todas as horas
emoções desmedidas, sonhos completos
sonhos partidos, cacos recolhidos
na cidade onde se repensa
refaz-se o sentido.