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Limites da Fundação

Há uma série muito antiga de Isaac Asimov – os romances da Fundação – na qual os cientistas sociais entendem a verdadeira dinâmica da civilização e a salvam. Isso é o que eu queria ser. E isso não existe, mas a economia é o mais próximo que se pode chegar. Então, como eu era um adolescente, embarquei nessa.” – Paul Krugman

Por Gilberto da Silva

Gilberto da Silva é sociólogo e jornalista. É editor da Partes.

Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman cita com propriedade a importância da Trilogia da Fundação para a sua formação. A Trilogia é composta pelos livros Fundação (1951), Fundação e Império (1952), e Segunda Fundação (1953), – publicados no Brasil pela Aleph em 2009.

Isaac Asimov iniciou sua épica narrativa de declínio, queda e ressurgimento de um grandioso império humano que se espalhava por diversos planetas. Em cada obra é nítido o processo de amadurecimento contínuo do escritor.

Hari Seldon, o personagem principal da série, em um período em que as origens dos humanos já foi esquecida e em que toda a galáxia já está ocupada, consegue prever a partir de cálculos matemáticos extremos o fim do império galáctico e a entrada da humanidade em um período de barbárie que durará 30.000 mil anos. Seldon é o mais renomado psicólogo da Galáxia, justamente numa época em que os psicólogos se destacam justamente pela capacidade de prever o futuro.  E para amenizar os efeitos dessa crise o cientista propõe a criação de uma Fundação, que reunirá e armazenará todo o conhecimento adquirido pela humanidade. Sim, a ciência de Seldon é a psico-história – que mescla história, sociologia e estatística para prever as ações coletivas de grandes populações.

Hari Seldon previu o fim iminente do Império Galáctico e arquitetou um plano para que o conhecimento humano acumulado até então não se perdesse. Um pequeno planeta no limite da galáxia tornou-se o receptáculo de todas as esperanças da humanidade para reconquistar sua grandeza. Os limites entre a máquina e o homem estão presentes na obra de Asimov.

Nos anos de 1980, Asimov escreveu mais quatro livros que continuam e concluem a maior de todas as aventuras da raça humana.

A editora Aleph – em edições caprichadas – acaba de lançar o primeiro destes livros: Limites da Fundação, vencedor do Hugo (principal premiação para livros de ficção científica em todo o mundo) de 1983. Os outros três, Fundação e Terra, Prelúdio à Fundação e Origens da Fundação serão lançados pela Aleph em 2013 e 2014.

Limites da Fundação se passa 500 anos depois do início da saga. Nele, seus protagonistas são lançados em uma busca inesperada pelos inimigos da Fundação até os limites da Via

Asimov nasceu em Petrovich, Rússia, em 1920. Naturalizou-se norte-americano em 1928. O Bom Doutor, como era carinhosamente chamado pelos fãs, escreveu e editou mais de 500 livros, entre os quais O Fim da Eternidade, Os Próprios Deuses e a série Fundação – que contempla a Trilogia e outros quatro títulos que ampliam a saga –, além das histórias de robôs que inspiraram filmes como Eu, Robô e O Homem Bicentenário. Afora suas mundialmente famosas obras de ficção científica, Asimov alcançou sucesso também com tramas de detetive e mistério, enciclopédias, livros didáticos, textos autobiográficos e uma impressionante lista de trabalhos sobre aspectos variados da ciência. Morreu na cidade de Nova York em 1992, por falência múltipla dos órgãos provocada pelo vírus da Aids, contraído em uma transfusão de sangue realizada durante uma cirurgia em 1983.

Láctea, no qual acabam se deparando com a possibilidade de encontrar o lendário local de origem da humanidade, há muito esquecido nos livros de história e do qual poucos ainda sabem o nome: um planeta denominado Terra.
É neste livro que Isaac Asimov inicia uma grande revisão de toda a sua obra. Seu próprio grande plano é posto em ação: unificar toda a sua obra de ficção, que atravessa milênios de história humana, fazendo com que os fatos ocorridos em livros como Eu, Robô e O Homem Bicentenário ocorressem na mesma linha de tempo de Fundação.

Isaac Asimov foi o criador das famosas Leis da Robótica:

– 1ª lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inacção, permitir que um ser humano sofra algum mal.
– 2ª lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.
– 3ª lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.

Em Eu, Robô, Asimov apresenta as leis da robótica que visam preservar o criador da criatura e impedir que o Homem se transforme num Frankenstein moderno. Como toda lei está sujeita a falhas, trata cuidadosamente, em muitas de suas obras posteriores, de explorar cuidadosamente as possíveis deficiências que os robôs possam ter e que venham a provocar riscos a segurança do Homem.

Asimov era um homem muito à frente de seu tempo. Vale a pena começar a entender sua ficção mesmo sendo com Limites da Fundação, assim o recheio fica melhor! Um bom caminho para procurar as outras publicações e se inteirar da obra de um escritor que deveria receber mais atenção tanto dos críticos literários quanto da indústria cinematográfica.

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