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Biogás pode ser o caminho da sustentabilidade econômica e ambiental da agroindústria


O uso de biogás da própria atividade poderia suprir o dinheiro gasto com energia elétrica e diesel. Itaipu apresentará casos de sucesso do biogás no Fórum Mundial de Desenvolvimento da Economia Local.

Todos os anos, o Oeste do Paraná – a maior concentração agrícola e agropecuária do Estado – gasta R$ 750 milhões em energia elétrica e diesel para garantir a cadeia produtiva da avicultura. Boa parte desse dinheiro ou até sua totalidade poderia ficar na própria região se a agroindústria utilizasse seus resíduos e efluentes para aproveitar o grande potencial local de produção de biogás para a geração de energias.

A avaliação é do superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley Júnior. “Considerando que toda a cadeia da avicultura regional produz efluentes agroindustriais e resíduos sólidos orgânicos, o aproveitamento desses dejetos e sua utilização para a geração de energia elétrica, térmica e automotiva, por meio do biogás, poderia ser o caminho da sustentabilidade econômica e ambiental da agroindústria”, diz.

 

Fórum mundial

A proposta de Itaipu de produzir e usar biogás, com a apresentação dos casos de sucesso da Granja Colombari, em São Miguel do Iguaçu, e do Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar Sanga Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, será um dos destaques no Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, de 29 de outubro a 1º de novembro, em Foz do Iguaçu.

Promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em conjunto com o Fórum Andaluz de Municípios pela Solidariedade Internacional (Famsi), a Itaipu Binacional e o Sebrae, o fórum reunirá representantes de governos, setor privado, universidades e organizações da sociedade civil de 65 países.

 

Parcerias

O modelo de aproveitamento do biogás desenvolvido em alguns municípios do Oeste do Paraná já chegou a outras partes do Brasil e do mundo. O programa está sendo replicado em Pernambuco, em parceria de Itaipu com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), e no Uruguai, no município de San José, em parceria com a Eletrobras, que representa o grupo Gesep, formado pelas 20 maiores empresas de energia do mundo. No Paraná, a parceria de Itaipu é com a Copel, para replicação em Entre Rios do Oeste. E, em Itapiranga (SC), com a Eletrosul.

 

Geração distribuída

A geração distribuída, modelo aplicado pela Itaipu, é uma maneira de gerar energia nas localidades próximas aos consumidores ou mesmo pelos próprios consumidores. A energia é gerada com fontes renováveis próxima à carga consumidora, sem precisar de infraestrutura de transmissão e distribuição. Outra vantagem é que o excedente pode ainda gerar renda para o gerador, com a possibilidade de venda da energia elétrica gerada para a concessionária local.

A possibilidade de comercialização dessa energia está prevista no Manual de Eficiência Energética 2013 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que inclui entre essas ações de eficiência a geração com fontes incentivadas em até 1 MW. Segundo Cícero Bley Júnior, “trata-se de uma grande abertura para dar início à geração distribuída no Brasil”.

 

Cadeia econômica

A geração distribuída movimenta toda uma cadeia da economia local, começando pelo planejamento e projetos, pelo fornecimento de insumos necessários, como materiais de construção, painéis de comando, componentes elétricos, serviços de implantação e manutenção, além de gerar renda nova para a atividade.

Quando a geração distribuída é feita com energias primárias, como biogás, lenha e algas, por exemplo, ela promove o desenvolvimento local com sustentabilidade, já que agrega outros fatores positivos, como a redução da poluição dos rios e da atmosférica.

 

Ajuricaba

O Condomínio Ajuricaba, um dos casos de sucesso, reúne 33 pequenos produtores rurais. Ali, os dejetos da produção agropecuária (suínos e gado leiteiro) são transferidos para biodigestores adequados ao clima e à biodiversidade brasileira, para extração do biogás.

Os biodigestores estão conectados por 25,5 quilômetros de gasoduto a uma central termelétrica, que gera energia. Já a matéria orgânica que passa pelo biodigestor é um biofertilizante de alta qualidade, pronto para ser usado na agricultura e em pastagens.

 

O que é

O biodigestor é um reservatório de fibra de vidro totalmente fechado. Depois da ordenha, os dejetos são canalizados por gravidade para o interior e vão se acumulando no fundo dele. Durante o processo de fermentação, o material produz gás metano, que é armazenado em balões de plástico.

O metano, também chamado de biogás, tem vários usos. A utilização mais simples é a queima direta em aquecedores usados na criação de animais em confinamento.

O biodigestor também produz biofertilizante. Depois de passar pelo processo final de fermentação, que leva 30 dias, o material armazenado dentro do biodigestor chega ao topo do reservatório e vaza por um funil que despeja o tudo em um tanque de lona plástica.

 

San José

No Uruguai, o projeto piloto desenvolvido no Departamento de San Jose tem características muito parecidas com as do Ajuricaba. Lá, 31 pequenas propriedades rurais, produtoras de leite, serão conectadas por 14 quilômetros de gasoduto a uma microcentral.

Quando estiver totalmente concluído, daqui a dois anos, haverá a produção total diária de 780 metros cúbicos de gás (ante 800 metros cúbicos na experiência brasileira), com possibilidade de venda da energia elétrica gerada para a concessionária local.

 

Colombari

A Granja Colombari é pioneira na produção de biogás. Com um plantel de 4 mil suínos, a granja vende para a Companhia Paranaense de Energia (Copel), desde 2009, a energia elétrica que não é consumida na propriedade.

Por ser a primeira unidade de demonstração a produzir biogás, a Granja obteve um convênio com a Finep, entre 2008 e 2011, para a instrumentação da propriedade. O objetivo foi a coleta de dados sobre a produção do biogás que possibilitasse a análise sobre a viabilidade do projeto.

 

Serviço

O 2º Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local será realizado no Hotel Mabu, em Foz do Iguaçu (PR).

Data: 29 de outubro a 1º de novembro

Informações e inscrições (gratuitas): www.foromundialdel.org

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