Crônicas Ivone Boechat Natal

Os gritos do Natal!

Por Ivone Boechat

 

Ivone Boechat de Oliveira é bacharel em Direito, pela Universidade Cândido Mendes; Graduada em Pedagogia e Pós-Graduada em Educação, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e Mestre em Educação e PhD em Psicologia da Educação, pela Wisconsin International University, dos EUA. É membro da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes, em Duque de Caxias/RJ

Há um rumor por toda parte: Jesus nasceu!

Os sinos estão ressoando no interior das capelas da vida!

É preciso afinar as cordas do instrumento auditivo para se escutar os gritos. Nos hospitais não há vaga e nem hospitais, em muitos e muitos lugares!

O grito do abandono está adormecendo os herodes da era atual, agora travestidos e preocupados em comemorar o Natal!

Nas ruas, o grito desesperançado na porta das instituições enfeitadas de sinos e bolas fluorescentes, ofuscando a visão das políticas sociais!  Crianças, jovens, adultos e idosos desassistidos de carinho, da presença, do afeto, modulam a voz em uníssono para cantar com a boca cheia de esperança: tudo é paz!

Ouça o grito solitário do internauta conectado nas redes, falando sozinho, acompanhado da multidão carente do aconchego humano e muito mais! Contabilize  milhares de presidiários da caverna artificial, escravizados pelo plim plim de pacotes encomendados para aquecer a venda de absolutamente tudo o que interessa.

Faça um pouco de silêncio e ouça o grito de  3,7 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos que estão fora da escola no Brasil. Ouça mais, o grito daquelas que estão dentro da Escola, com agenda e compromissos na geladeira de uma pedagogia  sem pelo menos o espaço dos quintais!

Que tal escutar o grito do adolescente e do jovem surdo pelo som metaleiro, imposto como última moda atual nas festas e desencontros religiosos ou não? Talvez estes nem percebam ou até rejeitem os sons tão suaves do Natal. Tocam os sinos da solidariedade, os acordes da esperança começaram a vibrar!

O aroma da promessa de Deus está exalando no caminho dos homens de boa vontade, o amor pediu licença pra chegar. Estende sua mão, alcance os aflitos, veja quantos sofrem com súplicas no olhar, dobra os joelhos, tempo de fé, não esqueça de se levantar para atender os gritos.

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