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Inteligência Competitiva em Arranjos Produtivos Locais

Inteligência Competitiva em Arranjos Produtivos Locais

 

Patrícia Nascimento Silva*[1]

Cristiana Fernandes De Muylder**[2]

 

RESUMO 

A inteligência competitiva monitora o ambiente da organização contribuindo com a tomada de decisão, sua competitividade e sustentabilidade. Arranjos Produtivos Locais – APLs promovem um ambiente de compartilhamento e de cooperação entre as organizações contribuindo para a competitividade e visibilidade das mesmas. O artigo propõe uma revisão dos conceitos gerais sobre a aplicação da inteligência competitiva em APLs.

Palavras chave: Inteligência Competitiva, Arranjo Produtivo Local, Cooperação, compartilhamento de informações.

 

Competitive Intelligence in Local Productive Arrangements

ABSTRACT

The competitive intelligence monitors the environment of the organization contributing to the decision-making, competitiveness and sustainability. Local Productive Arrangements – APLs promote an environment of sharing and cooperation among organizations contributing to the competitiveness and visibility of same. The article proposes a review of general concepts on the implementation of competitive intelligence in APLs.

Keywords: Competitive Intelligence; Local Productive Arrangement; cooperation; information sharing.

 

A inteligência competitiva e a prospecção tecnológica e estratégica podem ser empregadas como recursos para que APLs monitorem e reduzam os riscos e incertezas do mercado de competição global, tanto do ponto de vista econômico e tecnológico como do social e ambiental, ou seja, na tentativa de busca do desenvolvimento sustentável local (RUTHES, 2007).

A necessidade de empregar métodos de inteligência competitiva que levem à eficiência competitiva desses arranjos é um assunto trabalhado e pesquisado no mundo todo, possuindo também iniciativas no Brasil (GOMES e BRAGA, 2001).

Pode-se entender inteligência competitiva conforme a Figura 1, proposta pelo SEBRAE (2004) onde o núcleo de inteligência competitiva é responsável por armazenar informações sobre o macroambiente, o ambiente da empresa e o ambiente negocial. As informações armazenadas são analisadas e filtradas para se transformarem em informação, conhecimento e ações estratégicas.

Figura 1 – Modelo de Inteligência

Fonte: SEBRAE (2004)

A criação de um bureau de inteligência competitiva são projetos recentes implantados em diversos APL para contribuis com a competitividade e implantar a IC. Conforme Portugal (2011)

Utilizando dados disponíveis na internet de forma sistematizada, o Bureau emprega uma metodologia em conjunto com ferramentas digitais para coletar, organizar, analisar e disseminar informações com alto valor agregado, apoiado por uma rede de especialistas setorial. O conhecimento resultante subsidia o estabelecimento de agendas, as análises e a tomada de decisões da equipe do Núcleo, dos membros do Observatório de Especialistas e do Centro de Referência e de outros parceiros, quanto à sua estratégia competitiva (PORTUGAL, 2011, p.19).

Aliado ao núcleo de inteligência competitiva o ambiente organizacional do APL também é analisado para se adaptar ao contexto do APL. Através desta união de informações sobre um contexto específico, o APL pode ganhar forças para enfrentar a competitividade e se desenvolver.

Amato Neto (2008) apresenta em seu trabalho diversas necessidades das empresas que seriam muito mais difíceis de conseguir caso atuassem isoladamente, conforme descrita abaixo:

  • Combinar diferentes competências e utilizar know-how de outras empresas que compõem a rede;
  • Dividir custos para realizar pesquisas tecnológicas, tornando comum o desenvolvimento e os conhecimentos alcançados;
  • Partilhar riscos e despesas de explorar novas oportunidades, realizando experiências em comum;
  • Apresentar uma linha de produtos de qualidade superior e mais diversificada;
  • Exercer maior pressão no mercado, aumentando a força competitiva;
  • Criar sinergia compartilhando recursos, destacando especialmente aqueles que estão sendo subutilizados;
  • Organizar e fortalecer o poder de compra;
  • Obter mais força e ser mais representativo no mercado internacional.

Já Verschoore e Balestrin (2006) destacam alguns fatores competitivos alcançados pelas participantes das redes de cooperação:

  • Ganhos de escala e de poder de mercado: as empresas participantes da rede passam a ter maior poder de negociação com seus fornecedores;
  • Provisão de soluções: as empresas têm acesso a crédito, treinamentos e outras ferramentas que não eram possíveis sem a formação da rede;
  • Aprendizagem e inovação: beneficiadas pela interação e práticas rotineiras de colaboração, desenvolvimento de competências e de habilidades coletivas, ou mesmo por meio de processos conjuntos de adaptação às exigências socioeconômicas;
  • Redução de custos e riscos: vantagem de dividir entre os associados os custos e os riscos de determinadas ações e investimentos que são comuns aos participantes;
  • Relações sociais: acúmulo de confiança e capital social por um determinado grupo de pessoas potencializa a capacidade individual e coletiva mediante práticas colaborativas;

A inteligência competitiva é uma das ferramentas para obter informações estratégicas de acordo com o ambiente organizacional de determinado APL.  Porém, para que parte destes objetivos citados sejam alcançados é preciso que haja cooperação e interação entre os atores dos APL. Neste sentido, um estudo realizado por Lastres et al. (2010) juntamente com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES sobre as políticas realizadas nos Arranjos Produtivos locais do país, destacam três principais lições alcançadas na formulação e execução de políticas para APLs:

  • Resgate das políticas de desenvolvimento e da preocupação com as especificidades e dinâmicas territoriais e a consequente atenção às condições específicas de cada contexto local, consagrando o território como locus efetivo das políticas;
  • Inclusão de atividades, regiões e atores geralmente não contemplados na agenda de políticas – destaque para os conjuntos de micro e pequenas empresas e empreendedores;
  • Intensificação das articulações e dos esforços de coordenação abrangendo as diferentes escalas, atores e focos de atuação.

Muitas são as vantagens ao participar de um arranjo produtivo local, porém não se pode esquecer da busca pela competitividade existente nos APLs. Conforme Santos (2005), “trabalhar com a noção de APL significa assumir a existência de um mix de cooperação e concorrência”. Assim, a cooperação em APLs ainda é um desafio para algumas empresas já que é preciso cooperar e competir.

Referências

AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais: oportunidades para pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2008.

GOMES, Elizabeth; BRAGA, Fabiane. Inteligência competitiva: como transformar informação em um negócio lucrativo. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

LASTRES, Helena M. M.; GARCEZ, Cristiane; KAPLAN, Eduardo; MAGALHAES, Walsey; LEMOS, Cristina. Lemos. Políticas para arranjos produtivos locais no Brasil. BNDES, 2010. Disponível em: <http://www.foromundialadel.org/experiencias/doc/Lastres%20politicas%20para%20APLs%20no%20Br.pdf>

LOPES, B.; DE MUŸLDER, C. F.; JUDICE, V. M. M. Inteligência competitiva e o caso de um arranjo produtivo local de eletrônica brasileiro. Gestão & Planejamento, Salvador, v. 12, p. 1-19, 2011.

PORTUGAL, Alberto Duque. Núcleo de Gestão em Agronegócio: Os desafios de gestão do Agronegócio.  Fundação Dom Cabral, 2011. Disponível em:<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&ved=0CCwQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.asbram.org.br%2Fsimposio_palestras%2Fos_desafios_de_gestao_do_agronegocio_alberto_duque_portugal_2.ppt&ei=DXoHUsy5KrGs4AP2poCQAg&usg=AFQjCNGhgMckD4bvwab78Q5iLFKHR5eW5Q&sig2=N01eRSSo1EdCfpr8hfpC7g>. Acesso em: 10 de jun. de 2013.

RUTHES, Sidarta. Inteligência competitiva para o desenvolvimento sustentável. SãoPaulo:Peirópolis, 2007. p. 72.

SANTOS, L. D. Concorrência e cooperação em arranjos produtivos locais: o caso do pólo de informática de Ilhéus/BA. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005.

SEBRAE. Inteligência Comercial para Arranjos Produtivos Locais. Brasília. v 1.0, ago 2004. Disponível em: <http://www.dce.sebrae.com.br/bte/bte.nsf/26D2B2257194338303256EF9005B8C5F/$File/NT00091BC2.pdf>. Acesso em 18 de jul. 2013.

VERSCHOORE, Jorge Renato. BALESTRIN, Alsones. Ganhos competitivos das empresas em redes de cooperação. Revista de Administração – Eletrônica, São Paulo, v.1, n.1, art.2, jan./jun. 2008.

Como citar:

SILVA, Patrícia Nascimento; DE MUYLDER, Cristiana Fernandes.Inteligência Competitiva em Arranjos Produtivos Locais. P@rtes. xxxxx

[1] Mestre em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento na Universidade FUMEC e Analista de Tecnologia da Informação da UFMG. Bacharel em Sistemas de Informação – PUC Minas (2008), Especialista em Teste de Software – Unieuro (2011), Especialista em Gestão de Tecnologia da Informação (2012).

[2] Professora e pesquisadora dos Programas Stricto Sensu de Administração e Administração de Sistemas de informação e gestão do conhecimento da Universidade FUMEC. Graduada em Ciência da Computação – PUC Minas (1992) Especialista em Sistemas de Informação e Planejamento estratégico – PUC Minas (1994) Mestre em Economia Rural – UFV (2001) e Doutora em Economia Aplicada – UFV (2004).

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