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Relação entre o tempo meteorológico e a ocorrência de doenças respiratórias na população de Imbituva-PR no ano de 2012

Relação entre o tempo meteorológico e a ocorrência de doenças respiratórias na população de Imbituva-PR no ano de 2012

Léo Marcos Mehret Filho[*]

Andreza Rocha de Freitas**

Resumo: As variações climáticas são foco pertinente de debate na atualidade relacionando o tema com as transformações que o homem causa no ambiente. Como resultado destas transformações, surgem as enfermidades que acometem o próprio homem, como as doenças respiratórias, estando estas relacionadas às variações diárias das condições atmosféricas. O objetivo deste trabalho foi o de analisar o ano de 2012, considerando os dados climáticos do município de Imbituva, relacionando-os com problemas respiratórios registrados no mesmo período.

Palavras-chave: Geografia da Saúde, Climatologia Médica, Problemas respiratórios, Imbituva.

Abstract: Climate variations are relevant focus of debate nowadays relating the theme with the transformations that man cause in the environment. As a result of these changes, come the diseases that affect man himself, such as respiratory disease, these being related to daily variations in atmospheric conditions. The objective of this study was to analyze the year 2012, considering the climatic data of the municipality of Imbituva, linking them with respiratory problems in the same period.

Keywords: Health Geography, Medical climatology, Respiratory problems, Imbituva

 

Introdução

De acordo com Mendonça (2000) clima e a saúde são diretamente interligados pela ação de condições térmicas, ventos, poluição e umidade do ar, exercendo influência sobre o surgimento e espalhamento de várias doenças. A climatologia médica traz conhecimentos de metabolismo, processos fisiopatológicos e susceptibilidades humanas que são influenciadas pelo clima de modo que o aprofundamento na questão traz a tona o desenvolvimento de prevenções e soluções que podem facilitar a vida em sociedade. O mesmo autor, afirma ainda que a análise do clima e sua relação com a saúde da população do Brasil ainda é uma lacuna, pois ainda são poucos os estudos sobre o tema no país.

Para Fonseca (2004) a saúde humana está ligada diretamente com o ambiente, já que as condições do meio natural se tornam mais relevantes quando afetam o bem-estar e o modo de vida da população. O clima, por apresentar alterações cíclicas e variações inesperadas é um fator que interage diretamente com a saúde humana.

Monteiro (1976) afirma que a cidade é responsável pelo seu clima. Este clima é resultante da ação de fatores que atuam sobre o contorno urbano, alterando o clima em escala local. Portanto, a população sente os efeitos de temperatura e qualidade do ar que podem prejudicar a qualidade de vida dos habitantes.

Souza (2008) cita que o aparelho respiratório tem maior relação com o meio do que os outros aparelhos. Isso acontece devido à grande quantidade de ar que o ser humano respira e qualquer modificação na composição ou em suas propriedades físicas constitui um verdadeiro problema para o indivíduo. A maioria dos adultos respira pela via nasal cerca de dez a quinze mil litros de ar por dia. A estrutura nasal funciona como regulador e filtro de materiais estranhos, provenientes do ambiente. Os mecanismos de defesa são capazes de impedir os efeitos danosos causados por substâncias estranhas ou até as pequenas alterações na temperatura e/ou umidade.

Sant’anna Neto e Souza (2008) expõem a variação dos motivos de internação no SUS (Sistema Único de Saúde) durante as últimas décadas. Há alguns anos os principais motivos de internação e por muitas vezes mortalidade eram as doenças infecto parasitárias e aquelas causadas pela subnutrição. Hoje com as melhores condições de vida que o país conquistou esse quadro mudou, sendo as doenças do aparelho respiratório e circulatório respectivamente o segundo e o terceiro motivo de internação, somente superados pelos procedimentos decorrentes da gravidez.

Sendo assim, estudos relacionados às condições da atmosfera devem ser realizados para que haja um planejamento de ações que visem à prevenção de doenças na população urbana, buscando a melhoria da qualidade de vida.

Metodologia

A primeira fase da pesquisa consistiu no levantamento bibliográfico acerca da influência das condições climáticas na saúde humana, no que se refere aos problemas respiratórios.

Na segunda fase foram coletados dados climáticos (precipitação, temperatura e umidade relativa) do ano de 2012 para a cidade de Imbituva-PR, disponibilizados no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Os dados climáticos foram relacionados com os dados de saúde, disponíveis no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), além dos coletados em hospitais e pronto atendimentos de Imbituva.

Após o cruzamento das informações meteorológicas e de saúde da população poderá se chegar a um panorama da relação das condições de tempo atmosférico e de que forma este acelera alguns problemas respiratórios.

Análise dos resultados

Foram analisados os meses do ano de 2012 para que se chegar a um resultado que comprovasse a relação entre as condições do tempo atmosférico e o aumento nos casos de doenças respiratórias nos períodos mais suscetíveis as enfermidades.

Num primeiro momento foi gerado um gráfico (Figura 2) com o total de casos de doenças respiratórias na cidade de Imbituva no ano de 2012.

           

Figura 2. Imbituva – número de casos de doenças do aparelho respiratório em 2012 por local de residência.

Analisando os dados climáticos observa-se que durante os meses em que o inverno é mais rigoroso (junho, julho e agosto), há um aumento significativo nos casos de doenças respiratórias no município.

Analisando os dados climáticos médios do Município de Imbituva para no ano de 2012 (Tabela 1) nota-se que nos meses de junho, julho e agosto em que o inverno é mais rigoroso aumentam-se significativamente os casos de doenças respiratórias entre elas a gripe, pneumonia e rinite. Nos meses em que a temperatura tende-se a ser mais amena, os casos, mesmo que ainda significativos se analisarmos o ano todo, são menores do que nos meses em que o inverno é mais sentido na população da cidade.

Tabela 1. Dados climáticos da cidade de Imbituva no ano de 2012.

 

No caso do verão, há uma queda abrupta nos casos de doenças respiratórias se considerarmos os meses de inverno. No verão a temperatura e umidade do ar seguem uma estabilidade, com isso os casos de doenças respiratórias diminuem.

Os resultados observados nos mostram o visível aumento nos casos de doenças respiratórias no inverno com destaque principalmente aos meses de junho e julho, meses em que o inverno é mais rigoroso e, por consequência, o grupo de doenças analisado aumenta. Já no verão onde as condições do tempo ficam mais estáveis, o caso de doenças respiratórias diminui.

 

Considerações finais

A população do município de Imbituva, no Estado do Paraná, está suscetível as condições do tempo devido a sua localização, ou seja, numa região temperada do globo onde o clima subtropical proporciona a ocorrência de quatro estações bem definidas.

Devido às estações do ano bem definidas os municípios estão sujeitos a determinadas enfermidades no inverno e a outras no verão. Gripe, pneumonia, bronquite, entre outros são exemplos de doenças que tendem a aparecer mais no inverno devido às baixas temperaturas associadas a mudanças abruptas nas condições do tempo que em questão de horas pode oscilar entre temperaturas amenas e baixas, com a baixa e alta umidade podendo ter presentes. Já sinusites, rinites, laringites podem atingir a população no verão devido o calor por vezes intensos e a baixa umidade do ar.

Na associação entre os dados climáticos e de saúde fica visível a influência que as condições do tempo exercem no aumento de casos de enfermidades, principalmente, no inverno e no verão onde por inúmeras vezes as condições de temperatura e umidade do ar são extremas nessas estações.

É necessário que os meios públicos aumentem suas pesquisas relacionando os fatores climáticos, suas variações e as enfermidades que atingem o homem em determinados períodos, pois é fato que sempre determinadas doenças vão aparecer em maior número em momentos específicos do ano. Com o conhecimento desses dados pode-se realizar a prevenção, que na grande maioria dos casos traz maiores benefícios a sociedade e custa menos ao Estado.

 

Referências

FONSECA, V. Clima e saúde humana. In: Anais do VI Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica. Aracaju: UFA, 2004.

MENDONÇA, F. Aspectos da interação clima-ambiente-saúde humana: da relação sociedade-natureza à (in) sustentabilidade ambiental. Revista RA’EGA, Curitiba: Editora da UFPR, n. 4, 2000, p. 85-99.

MONTEIRO, C. A. F. O clima da Região Sul. Geografia Regional do Brasil. Biblioteca Brasileira, IBGE, 1976.

SANT’ANNA NETO, J. L.; SOUZA, C. G. Ritmo climático e doenças respiratórias: interações e paradoxos. Revista Brasileira de Climatologia. Curitiba: Editora da UFPR, n. 3 & 4, 2008, p. 65-82.

SOUZA, C. G. A influência do ritmo climático nas morbidades respiratórias em ambientes urbanos. 2007. 200 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente, 2008.

 

 

 

[*] Acadêmico do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Campus de Irati. E-mail: leomehret@hotmail.com

** Docente do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Campus de Irati e Doutoranda em Geografia do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). E-mail: andreza_rocha@yahoo.com.br

 

MEHRET FILHO, L. M.; FREITAS, Andreza Rocha de . Relação entre o tempo meteorológico e a ocorrência de doenças respiratórias na população de Imbituva-PR no ano de 2012. P@RTES (SÃO PAULO), v. s/v, p. 1-5, 2014.

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