Alfabetização Educação Educação

Concepção mediadora de avaliação da aprendizagem escolar

CONCEPÇÃO MEDIADORA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

Lakslau Luz Pereira
Sirley Leite Freitas

 

Resumo
A partir da inserção da LDB Nº 9394/96, a avaliação da aprendizagem passa realmente a ser vista como uma das etapas que contempla o processo educacional, e que a mesma deverá ocorrer simultânea ao ensino ao contrário de que muitos professores pensavam anteriormente em que só no final de cada etapa aplicava os temidos exames. Assim, o objetivo desse trabalho é sintetizar os objetivos principais da avaliação para buscar compreender a importância do ato de saber avaliar para orientar o ensino e a aprendizagem escolar.

Palavras-chave: Avaliação, Aprendizagem, Desenvolvimento, Processo,  Ensino.

DESIGN MEDIATOR FOR ASSESSMENT OF LEARNING SCHOOL

Abstract
From the insertion of LDB No. 9394/96, the assessment of learning really is seen as one of the stages contemplating the educational process, and that it should take place simultaneously teaching unlike many teachers previously thought that only at the end of each step the dreaded tests applied. The objective of this paper is to summarize the assessment of the main objectives to seek to understand the importance of the act of knowing assess to guide teaching and school learning.
Key-words: Assessment. Learning. Development. Teaching Process.

INTRODUÇÃO

Atualmente, o tema avaliação da aprendizagem faz-se sempre presente nos encontros e diálogo entre professores, e a explicação para tal fenômeno, pode-se relacionar ao fato do termo avaliar ser um assunto muito complexo.
Como se sabe todo processo de ensino aprendizagem escolar levará a uma avaliação, ou seja, não se pode imaginar que tudo aquilo que está sendo desenvolvido não está sendo ou será objeto de uma avaliação. Mas afinal, pra que serve uma avaliação? Será que nossas escolas e nossos professores estão sabendo avaliar o conhecimento e a aprendizagem de nossos alunos?
De acordo com relatos de professores, percebe-se que ao avaliar, muitos não sabem como agir, ou até mesmo, agem de forma equivocada. E em consequência de uma má avaliação, os resultados obtidos por ela podem até causar influências negativas na aprendizagem de seus alunos.
Diante dessa situação será que não é hora de nós professores pensarmos na aprendizagem da avaliação? Isso mesmo, como afirma Luckesi (2011) será que não devemos aprender a avaliar? Portanto, partindo desses questionamentos, veremos através deste trabalho a visão mediadora da avaliação da aprendizagem no processo educacional.

1 O QUE É AVALIAÇÃO?

A palavra avaliar vem do latim, a-valere, e seu significado que dizer “dar valor a alguém ou algum objeto” (LUCKESI, 2011, p. 52). Sendo assim, entende-se que a avaliação é um processo contínuo que deverá ocorrer natural e paralelamente ao ensino, onde através das observações, o professor atribuirá valores qualitativos a aprendizagem dos alunos. Dessa forma, ao final de cada etapa do ensino, o professor terá um parâmetro do que o aluno assimilou.

2 AVALIAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, o termo avaliação da aprendizagem surgiu no final da década de 60 e início da década de 70 do século XX, no entanto, esse termo só foi incluído na LDB Nº 9394/96, nas leis anteriores, os termos utilizados eram respectivamente: “exames escolares” (LDB Nº 4024/61), e “aferição do aproveitamento escolar” (LDB Nº 5692/71).
O termo examinar caracteriza-se por selecionar ou classificar o aluno, enquanto que o termo avaliar se caracteriza pelo diagnóstico e a inclusão permitindo assim que o desenvolvimento da aprendizagem do aluno seja sempre acompanhado e caso necessário orientado.
Entretanto, mesmo com a mudança do termo na LDB, no cotidiano escolar essa mudança ainda parece ser algo muito distante de ser praticada, isso porque, segundo Luckesi (2011), a maioria de nossas escolas, sejam elas públicas ou particulares ainda valorizam muito mais os exames escolares do que a avaliação, ou seja, estão sempre selecionando, dando privilégio aos resultados quantitativos ao invés de valorizarem os resultados qualitativos.
Portanto, “O educando não vem para a escola para ser submetido a um processo seletivo, mas sim para aprender e, para tanto, necessita do investimento da escola e de seus educadores, tendo em vista efetivamente aprender” (LUCKESI, 2011, p. 29).

3 AVALIAÇÃO MEDIADORA DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

De acordo com Luckesi (2011, p. 52), a avaliação consiste em analisar os dados coletados dos quais fazem relação com o objeto a ser avaliado, atribuindo-lhe um valor qualitativo. E esse valor atribuído ao objeto dentro da ação educadora entende-se como um mecanismo de verificação do nível de aprendizagem para servir de suporte ao desenvolvimento do aluno.
Assim, tudo aquilo que o aluno produzir durante o processo educativo estará sendo objeto de avaliações, para que o professor possa acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno, permitindo-o no final do processo atribuir-lhe um valor qualitativo aos resultados de sua aprendizagem.
Nesse sentido, Luckesi (2011) propõe que: A avaliação do aproveitamento escolar seja uma prática de atribuir valores qualitativos a aprendizagem obtida pelo aluno durante todo o processo educacional. Dessa forma, a avaliação funcionária como um processo de acompanhamento do desenvolvimento educacional do educando. “A avaliação, no caso, seria um mecanismo subsidiário pelo qual o professor iria detectando os níveis de aprendizagem atingidos pelos alunos e trabalhando para que atinjam a qualidade ideal mínima necessária” (LUCKESI, 2011, p.57).
Luckesi defende que:

A avaliação do aproveitamento escolar seja praticada como uma atribuição de qualidade aos resultados da aprendizagem dos educandos, tendo por base seus essenciais e, como objetivo final, uma tomada de decisão que direcione a aprendizagem e, consequentemente, o desenvolvimento do educando (LUCKESI, 2011, p. 54).

Deste modo, entende-se a avaliação da aprendizagem como um mecanismo para auxiliar ao professor a uma tomada de decisão, ou seja, se na avaliação ficar evidente que o aluno adquiriu conhecimento e o assimilou, o processo poderá prosseguir, porém, se ocorrer o oposto, todo o processo educativo deverá ser revisto e analisado, e após readequá-lo, poderá da continuidade. “O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar decisões no sentido de criar condições para a obtenção de uma maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo” (LUCKESI, 2011, p.206).
A avaliação procede-se como um diagnóstico, ou seja, serve para verificar se o aluno assimilou o processo de aprendizagem e caso não seja esse o resultado, auxilia o professor a encontrar o caminho para alcançar resultados satisfatórios.
Partido desse pressuposto, ao avaliar a aprendizagem o professor estará verificando o nível de desenvolvimento do aluno e ao mesmo tempo também estará fugindo da seleção e da classificação que muitas vezes caracteriza a exclusão.
Desta forma, Luckesi (2011) afirma que o objetivo principal da avaliação do desempenho escolar, não é a promoção ou a classificação do aluno, mas sim o seu desenvolvimento, direcionando-o a aprendizagem.
É preciso compreender que ao avaliar o professor deverá claramente expor os objetivos que deverão ser alcançados, mantendo assim uma estreita relação do conteúdo aplicado com o objeto da avaliação, permitindo assim, que haja a efetividade da aprendizagem.
Ao falar em avaliação da aprendizagem escolar Hoffmann (2011) afirma que até o atual momento, poucos foram os avanços que ocorreram no sistema de ensino brasileiro. No entanto, foram extremamente importantes, pois, as práticas avaliativas aplicadas até o momento eram um tanto classificatórias e excludentes, porém, através da avaliação mediadora, escolas e professores fizeram com que a taxa de repetência e reprovação escolar diminuíssem no país.
As práticas avaliativas classificatórias caracterizam-se pela competição entre indivíduos e pela não interação e colaboração entre os mesmos, além disso, fomenta um processo totalmente arbitrário, onde o professor é o agente controlador da ação educadora e não o mediador e facilitador da aprendizagem o que em muitas vezes justifica o fracasso escolar.
Para Hoffmann (2011), há vários obstáculos no cotidiano escolar que colabora para uma prática avaliativa não muito efetiva, e isso, envolve principalmente o currículo. Para ela, mesmo com as mudanças trazidas com a LDB Nº 9394/96, ainda há no sistema de ensino do Brasil, um abismo enorme entre o realizado atualmente e o que se pretende alcançar.

Em avaliação mediadora, o confronto entre objetivos pretendidos e alcançados, interesses e valores dos alunos não se destina a explicar o seu grau de aprendizagem, mas, essencialmente subsidiar o professor e a escola no sentido da melhor compreensão dos limites e possibilidades dos alunos e de ações subsequentes para favorecer o seu desenvolvimento: uma avaliação em síntese, que se projeta e vislumbra o futuro, que tem por finalidade a evolução da aprendizagem dos educandos (HOFFMANN, 2011, p. 20).

Destarte, para torna-se efetiva a avaliação da aprendizagem escolar não deve ter por objetivo uma observação temporária dos desempenhos apresentados pelos alunos, mas, sim apresentar-se de forma constante. Dessa forma, uma prática avaliativa com visão de futuro acompanhará atentamente todo o processo, etapa por etapa buscando sempre subsidiar a aprendizagem do aluno para torná-la emancipadora.
Atualmente um dos problemas que as escolas enfrentam é a falta de efetividade da ação pedagógica, ou seja, muitos professores continuam avaliando num contexto seriado não observando as diferenças individuais de cada aluno. Nota-se também, que parte dos professores acaba se apegando aos conteúdos e continuam desenvolvendo as mesmas práticas avaliativas.
Neste ponto, Hoffmann afirma que: “O problema, entretanto, está na qualificação dos professores, em termos de formação em alfabetização e pedagogias diferenciadas” (Hoffmann, 2011, p. 22).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tomando por base as informações aqui apresentadas nota-se, que quando falamos de avaliação de aprendizagem no Brasil, há um distanciamento muito grande entre o que as escolas e os professores praticam com o que prevê as leis, diretrizes e normas da educação, juntamente com as concepções de ensino e aprendizagem.
Diante do exposto evidencia-se também, que a estrutura avaliativa brasileira está ultrapassada, ou seja, não condiz com a realidade pedagógica efetivamente mediadora, ou seja, é necessário que haja uma conexão entre ensino e avaliação, para só então, o processo tornar-se plenamente efetivo.
Por fim, conclui-se que é necessário que a escola e os professores se atualizem para que venham a sanar a discrepância entre ensino e avaliação. Só assim, o trabalho pedagógico realmente terá condições de superar as dificuldades apresentadas durante a aprendizagem dos alunos.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB Lei Nº. 9394/96. Brasília: Senado Federal, 1996.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: As setas do caminho. 14. ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2011.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
Como citar este artigo:
PEREIRA, Lakslau Luz; FREITAS, Sirley Leite. Concepção mediadora de avaliação da aprendizagem escolar. Rev. Virtual Partes [online].xxxxx

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