Educação Em questão

Sem partido?

 

por Eduardo Paulo Berardi Junior

 

Escolas sem partido é um movimento que pretende que as escolas “ensinem com neutralidade”.

Nos anos 60 o movimento hippie tinha como bandeira viver outsider, ou seja, fora da sociedade!

A sociologia através de seus próceres, ensinou que não havia essa opção para humanos… uma vez que onde quer que o homem esteja, ali estará a sociedade. Logo, viver fora da sociedade é uma ilusão.

Do mesmo modo negar-se a viver segundo as balizas da sociedade de consumo estando no Ocidente! Ainda que possa assumir uma posição crítica, tudo ao meu redor respira consumo. Querendo ou não, gostando ou não, participo dela.

Quando alguém diz que é apolítico também se engana. Omitir-se em face da política é assumir uma posição: deixar que os outros decidam por si – isto é, politicamente!

Bem, poderia seguir mostrando outros tantos modos de tentar dizer o quanto se enganam os que pensam que podem viver na isenção!

Lamentavelmente para os que advogam a favor das ideias desse movimento, o que pretendem é um engodo!

Não há sociedade sem classes sociais. Não há produção sem exploração da mais valia. Não há vida social sem ideologia! Neutralidade não existe!

Pretender que um professor seja neutro é o mesmo que esperar neutralidade da ciência, da arte, do jornalismo…. impossível.

Nem se trata de discutir a intervenção sobre o direito de expressão, do livre pensamento. A questão é anterior, primal: é propor algo que de antemão se sabe impossível.

Se a preocupação é a esquerdização do pensamento, enquanto doutrinação, que tal pensar o papel da evangelização na televisão como veículo de massa? Por que a doutrinação religiosa não mereceria reparo e a do professor sim?

Sob a aura da neutralidade o que se quer é tornar voz única a doutrinação cristã, pró-capitalismo, sem qualquer outrra força de contestação, sem crítica!

Só para constar. Se não fossem as vozes discordantes que enfrentaram o domínio das ideias dominantes – tal como Galileo, por exemplo; ou, Jesus Cristo – para não ser sectário – o mundo não teria evoluído…

Essa ingenuidade – se assim se quiser supor – tem uso bem definido por parte daqueles que esperam dominar sem oposição. Parece que algo semelhante ocorre na Venezuela!

Desconhece o interno da escola pública quem esperar que haja unanimidade do pensamento esquerdizante. Há uma luta diária nas equipes com enfrentamentos diversos e os alunos são sempre envolvidos nos diferentes pensares. Isso por si só já derruba a proposta… que como tal por mais esse ângulo é inútil!

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