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Infância e Infâncias: uma reflexão sobre suas possibilidades e tensionamentos

Infância e Infâncias: uma reflexão sobre suas possibilidades e tensionamentos

Krischna Silveira Duarte[i]

Resumo: Este texto apresenta uma breve reflexão acerca dos conceitos de infância e infâncias, a partir da perspectiva da Sociologia da Infância. Discute os tensionamentos presentes na abordagem das infâncias, fazendo distinção entre criança, infância e infâncias. A partir da perspectiva benjaminiana e em aproximação com as proposições de Homi Bhabha, defende que as infâncias como entre-lugares de experiência.

Palavras-chave: Sociologia da Infância; Infância; Infâncias; Criança;

Resumén: Este texto presenta una breve reflexión sobre los conceptos de infantería e infancias, a partir de la perspectiva de la Sociología de la Infancia. Discute sobre los problemas que existen para abordar las infracciones, cómo diferenciar a las criaturas, infancias e infancias. A partir de perspectiva benjaminiana y en aproximación com como proposiciones de Homi Bhabha, defender que como infancias como entre-lugares de experiência.

Palabras clave: Sociología de la Infancia; Infancia; Infancias; Niños;

Breves reflexões sobre as noções de Criança, Infância e Infâncias

São cada vez mais expressivas as pesquisas que se propõe a investigar as possibilidades e tensionamentos da experiência das crianças na escola. Contudo, ainda são poucas as pesquisas que se ocupam em aprofundar os conceitos de criança, infância e infâncias (DUARTE, 2017). Este texto se propõe a realizar uma breve incursão por estas noções, com o objetivo de discutir, reconhecer e valorizar as especificidades das crianças.

Pensar a pesquisa e a experiência educativa com crianças exige, essencialmente, problematizar e conferir visibilidade aos tensionamentos entre as noções biológico-desenvolvimentista e histórico-cultural. Neste sentido, emerge a necessidade de diferenciar o que se entende como sendo conceito de criança, infância e infâncias. Este movimento se faz necessário para buscar uma aproximação que respeite e valorize as particularidades das crianças, tentando o esvaziamento de sentidos QUE empobrece a experiência das infâncias quando as coloca sob uma perspectiva puramente etapista, delimitando o ser criança a um período do desenvolvimento humano no qual a criança é nada além do que um vir a ser adulto: “pessoa de até doze anos de idade incompletos” (ECA, 1990)[ii].

A partir da década de 1980, decorrente dos “novos estudos sobre a infância”, se fortalece a discussão sobre a possibilidade de se pensar uma “Sociologia da Infância” (SARMENTO, 2004), o que permite discutir as aproximações e distanciamentos entre as diversas noções e possibilidades de compreensão deste período da experiência humana.

De forma geral, a Sociologia das Infâncias permite compreender as crianças como atores sociais, sujeitos de direitos, seres históricos e políticos, permeados pela cultura e, ao mesmo tempo, produtores de cultura. Sujeitos capazes de atribuir significações ao contexto em que estão inseridas. Já quando nos referimos às infâncias, dizemos das experiências das crianças no mundo e na cultura. A escolha pela utilização do termo infâncias, no plural, remete à compreensão destas como categoria plural, isto porque, na perspectiva da Sociologia das Infâncias (SARMENTO, 2004), a experiência da infância não pode ser reduzida a um modelo único e romantizado, já que, como experiência histórica e social, as infâncias podem ser as mais diversas.

A partir de uma aproximação do conceito de Bhabha (2014), pode-se compreender as infâncias como entre-lugares, espaços de fronteiras fluídas, caracterizados pela possibilidade de fazer emergir algo de novo. Esta relação dos entre-lugares das infâncias se dá a partir da relação entre o ser criança no mundo e as condições de vida na cultura onde estas crianças estão inseridas, o que culmina na experiência das infâncias.

Refletir sobre as experiências das crianças na cultura se apresenta, portanto, como necessidade cada vez mais urgente para que pesquisadores e educadores possam aproximar-se das discussões relativas à temática de forma mais contundente, respeitando e valorizando as Culturas das Infâncias (SARMENTO, 2004).

[i] Doutora em Educação. Mestre em Educação Ambiental. Bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. E-mail: krischna.duarte@gmail.com

[ii]Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069Compilado.htm.

REFERÊNCIAS

BHABHA, Homi. O Local da Cultura. 2 ª ed. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2013.

DUARTE, S. K. Educação Desordeira: poéticas das infâncias em videoarte. Tese. Faculdade de Educação. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2017.

SARMENTO, M. As Culturas da Infância nas Encruzilhadas da Segunda Modernidade. In: Sarmento, M. e Cerisara, A. Crianças e Miúdos: perspectivas sociopedagógicas da infância e educação. Porto: Edições ASA, 2004.

DUARTE, S. K. Infância e Infâncias: uma reflexão sobre suas possibilidades e tensionamentos. Revista P@rtes.

 

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