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Adaptação!

Maria Aparecida Francisquini

publicado em 03/09/2009

www.partes.com.br/reflexao/mafrancisquini/adaptacao.asp

Maria Aparecida Francisquini é psicóloga

A nossa capacidade de adaptação, é imensa. Para o bom, ou para o ruim! Em algumas situações, chega a ser até mesmo surpreendente! E mais surpreendente ainda, é como tem sido usada, na maioria das vezes, por muitas pessoas, para situações desagradáveis. Aceitamos, nos acomodamos, nos conformamos. Usamos e abusamos dessa nossa capacidade! Acredito que muitas vezes, até mesmo a desperdiçamos, tamanha facilidade que temos em fazer uso dela!

 Aprendemos a lidar com adversidades. E em muitos casos, aprendemos a não nos incomodarmos com o incômodo. Ou ainda, fazer de conta que não nos incomodamos! Quem nunca esteve, por exemplo, em algum local de trabalho, bastante insalubre, seja devido ao cheiro desagradável, ou ainda pela total falta de condição de algum ser humano permanecer ali. Mas, quase sempre quando perguntadas, as pessoas que ali trabalham, respondem de maneira surpreendentemente natural que já se acostumaram. Que já tem tanto tempo que trabalham ali, que nem se incomodam mais. Nem percebem que o cheiro é horrível, que o ambiente é abafado. Que o local é insuportável! Se adaptam! Se conformam! Se acomodam incomodadas? E assim, nas mais variadas circunstâncias nós vamos vivendo. Dando um jeitinho aqui, fazendo de conta que nem percebemos, não ouvimos, não vemos! Empurramos para o lado as nossas insatisfações, as nossas tristezas.

Tentamos porque tentamos demonstrar uma força e altivez que tantas vezes, sabemos que não temos. Quantas vezes temos uma vontade imensa de assumirmos uma fragilidade (todos nós temos) diante de algo que nos aconteceu e que nos baqueou? Mas como assumir que em algum momento precisamos de colo, de cuidado, neste mundo onde se exalta tanto a necessidade de sermos fortes, poderosos, quase invulneráveis? E acreditamos que viver é isso mesmo! É assim! Fazer o que, né? Dar um jeito de uma maneira tão sem jeito! Superar tantas vezes situações que julgávamos insuperáveis!

Mostrar inúmeras vezes um sorriso tão amarelo! A cor amarela chama a atenção, assim, dá para despistar a falta de luz dos nossos olhos! Porque os olhos de uma pessoa triste são apagados. Mostrar os dentes é tão fácil! Mas dar brilhos nos olhos é uma tarefa mais difícil, complexa! Mas, expor a própria fragilidade fica tão complicado hoje em dia! É arriscado, demonstrar que se deseja colo em determinados momentos, neste mundo onde tantas vezes prevalece o pensamento enlouquecido de que ¨ é cada um por si ¨, ou ainda o tão famoso e atual egoísmo do ¨ eu quero levar vantagem em tudo ¨. Fica perigoso.

 Pode passar a impressão de fraqueza. E os fracos nos dias atuais, na verdade, nem são tratados como pessoas! Não são nem levados a sério! Na maioria das vezes, são desconsiderados e vistos apenas como usáveis. Mas de onde vem esta ideia tão pouco inteligente, que diz que assumir a própria fragilidade, que desejar carinho, colo, atenção, é dar demonstrações de fraqueza? Ser fraco é não ter coragem de receber e dar afeto. Demonstração de fraqueza maior é justamente se fazer de arrogante, de inatingível. É passar por esta vida agindo de maneira desesperada, gritando, berrando, humilhando quem quer que seja, tendo uma necessidade mórbida de demonstrar uma força que sabe que não tem! Por medo de transparecer o quanto se sente pequeno e realmente fraco!

 

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