Turismo

Ecoturismo: histórico e conceito, contexto e pontos turísticos

 

Ecoturismo: histórico e conceito, contexto e pontos turísticos

publicado em 04/03/2011 www.partes.com.br/turismo/ecoturismo02.asp

Juliano Strachulski*

 

Resumo

 

            A partir de leituras e reflexões buscamos uma contextualização do que se trata o ecoturismo, quais são os agentes envolvidos na atividade ecoturística, e de que ela depende para se concretizar, bem como um apanhado geral da atual situação deste segmento do turismo e seu crescimento. Projetando o potencial do ecoturismo, que embasado em um modelo sustentável de desenvolvimento local tende a atrair cada vez mais investimentos estatais e privados tem-se a possibilidade de geração de empregos, e crescimento econômico.

Palavras-chave: atividade turística, participação local, potencial ecoturístico, crescimento econômico, turismo alternativo.

 

Resumen

 

         Desde algunas lecturas y reflexiones tratamos de contextualizar de que se trata el ecoturismo, quien son los agentes implicados en la actividad ecoturística, y que depende para materializarse, así como un panorama de la situación actual de este segmento del turismo y su crecimiento. Proyectando el potencial del ecoturismo, que basado en un modelo de desarrollo local sostenible tiende a atraer más inversiones estatales y privadas tiene la posibilidad de generación de trabajos, y crecimiento económico.

Palavras-chave: actividad turística, participación local, potencial del ecoturismo, crecimiento económico, turismo alternativo.

 

Histórico e conceito

Na década de 1980, põe-se em evidência a expressão Ecoturismo utilizado em termos práticos, como atividade turística realizada em ambientes naturais cujo diferencial era a valorização das comunidades locais. No Ecoturismo defende-se o envolvimento comunitário, a valorização cultural e o meio ambiente.

Alguns encontros ao longo da década de 1980 contribuíram para a estruturação de um turismo alternativo ou brando, as raízes do ecoturismo. Assim tivemos: em 1980, uma conferência da OMT, que é considerada um marco nas mudanças de direção do turismo; em 1981, é estabelecido em Bancoc, na Tailândia, a Comissão Ecumênica em Turismo do Terceiro Mundo (ECTWT), que propõe apoio aos modelos de turismo alternativo desses países; em 1989, na Polônia ocorre um encontro sobre perspectivas teóricas em formas alternativas de turismo; também em 1989, na Argélia, realiza-se um seminário sobre turismo alternativo da OMT, do qual surge a proposta de turismo sustentável.

         Em termos teóricos Ecoturismo traz a ideia de uma ativa participação dos autores e dos envolvidos no planejamento de tal atividade ecoturística. No centro das relações devem estar às comunidades e de forma alguma podem ficar à margem da tomada de decisões, tendo papel fundamental na elaboração de propostas de atividades ecoturísticas em que se desenvolvam em consonância com o meio ambiente e os recursos por este oferecidos. Decisões externas tomadas sem o consentimento das comunidades vizinhas ao local de interesse ecoturístico geralmente não dão certo, pois não levam em conta as especificidades do local e as relações locais homem-natureza. O ecoturismo não é uma atividade que coaduna com a prática da imposição de modelos externos.

Na concepção de Bezerra:

[…] o Ecoturismo é diferenciado das práticas tradicionais, pois está voltado para uma abordagem social e ambiental buscando a valorização das características e da cultura local, em que o visitante tenha a certeza que será bem aceito, mas dentro dos limites estabelecidos pela comunidade receptora sem aceitar as imposições do visitante como forma de tê-lo na sua comunidade (BEZERRA, 2009, p. 9).

         Em 1994, o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (MICT) e o Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal (MMA), empresários e consultores formularam as Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, na qual a atividade foi assim definida:

Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das

Populações (BRASIL-MICT/MMA, 1994, p.19a).

         A atividade turística em geral subsume basicamente apoio de órgãos governamentais, consenso da população (em muitos casos não há), e metodologias visando à conscientização do turista, bem como das especificidades naturais, culturais e sociais da população local, visando formas de desenvolvimento sustentável destas populações. Já o turista por sua vez tem o papel de respeitar a natureza e a cultura local, interferindo o mínimo possível na paisagem que configura a relação entre homem e natureza locais.

 

Contextualizando o Brasil e o mundo

 

A atividade turística em geral vem ganhando grande ênfase no mundo, e em específico no Brasil alguns fatos importantes demonstram o seu crescimento, como: investimentos do setor privado, com a construção de hotéis, parques temáticos e centros de convenção; assim como a criação de inúmeros cursos voltados à formação em turismo, desde cursos rápidos e técnicos até graduações e pós-graduações. Por isso, a área precisa de profissionais capacitados, comunicativos e que, em algumas situações, tenham conhecimento de um idioma estrangeiro.

A World Travel & Tourism Council (WTTC) estima que o ecoturismo representa de 5 a 8% do turismo mundial, ou seja, o ecoturismo movimenta aproximadamente de US$ 170 bilhões a US$ 272 bilhões.

Abaixo são apresentados alguns dos principais destinos de ecoturismo no mundo:

Quênia – desenvolveu um modelo de valoração sobre a atração turística dos animais do Parque Nacional Amboseli;

Ruanda – com o Parque Nacional dos Volcans, cuja atração principal são os gorilas;

Estados Unidos – nos parques nacionais, cerca de 30% dos visitantes são americanos, que viajam com a finalidade de observar e fotografar a fauna;

Costa Rica – pequeno país da América Central, com território pouco maior que o do Estado do Espírito Santo, recebe mais de 260 mil ecoturistas por ano, faturando cerca de US$ 600 milhões, com essa modalidade de turismo; (GAZETA MERCANTIL apud LASKOSKI, 2006, p. 17).

Peru – maior concorrente do Brasil, na disputa pelo mercado de ecoturistas. Possui boa infraestrutura, confortáveis hotéis de selva, parques administrados por pessoal bem treinado, ingressos com custos reduzidos, e tarifas aéreas também baratas, situação esta radicalmente oposta à do Brasil (GAZETA MERCANTIL apud LASKOSKI, 2006, p. 17).

O Brasil por sua vez possui um imenso potencial ecoturístico, mas na maioria das vezes é uma atividade ainda desordenada, impulsionada pela oportunidade mercadológica, deixando de gerar os benefícios socioeconômicos e ambientais esperados (EMBRATUR, 1994).

Atualmente, o ecoturismo se expande aproximadamente 20% ao ano. No Brasil, em 2001, 13,2% dos estrangeiros que visitaram o país eram ecoturistas (BRASIL, 2007b). Em nosso país, pressupõe-se que o ecoturismo alcance meio milhão de turistas, por ano. No Amazonas, Estado que se destaca como pólo de ecoturismo, os turistas estrangeiros ainda são predominantes. Entretanto, calcula-se que a participação do turista nacional, na região, antes em torno de 10% do total, tenha triplicado, nos três últimos anos. No Pantanal, outro pólo de ecoturismo, estima-se que o número de visitantes brasileiros esteja em torno de 50% do total de turistas (BNDS, 2006).

O Paraná e Ponta Grossa

Já no estado do Paraná, realidade mais próxima a nós, são vários os atrativos que fazem com que turistas do mundo todo desejem conhecer as belezas naturais, são 199,554Km² de paisagens desde o litoral paranaense até Foz do Iguaçu. Entre os principais pontos turísticos, pode-se citar: Serra do Mar considerada Reserva da Biosfera desde 1993, graças à preservação da fauna e da flora local, apresenta paisagens tropicais. Caminhos como o do Itupava, Morros como o Anhangava e Pico Marumbi (figura 1); Estrada da Graciosa concluída em 1873, e que liga Curitiba a Antonina e Morretes, por entre a Serra do Mar; a Estrada de Ferro Curitiba – Paranaguá que liga Curitiba a Paranaguá desde 1880, num trecho de 110 quilômetros sobre trilhos centenários. Construída na época do Império, corta a Serra do Mar, passando por elevações com cerca de 1.010 metros de altura (LASKOSKI, 2006, p. 18).

FIGURA 1 – Pico Marumbi

FONTE: http://www.parana-online.com.br

 

Além disso, existem diversos pontos turísticos em várias outras cidades do estado como Tibagi, Prudentópolis, o litoral em geral e em especifico o município de Ponta Grossa local onde encontra-se o famoso Parque Estadual de Vila Velha (figura 2), com suas formas rochosas (arenitos) esculpidas pelo degelo das água congeladas de épocas pretéritas como a “taça”, o “camelo”, a “garrafa de refrigerante”, dentre outras. Além disso no parque temos as furnas que são grandes crateras onde encontram-se abrigos de pássaros, lençol subterrâneo aflorando e vegetação cobrindo as paredes, além da Lagoa Dourada, cuja presença de mica sob a água e o auxílio dos raios solares resultam em uma tom de dourada das águas. Temos ainda o Buraco do Padre que é uma furna com uma bela cachoeira de 30m de altura em seu interior, além de oferecer possibilidade de rapel, conta ainda com uma mancha de vegetação da floresta Ombrófila Mista que geralmente acompanha o curso do rio Quebra-Pedra, além das pinturas rupestres. O Cânion do Rio São Jorge é outra atração interessante, pois possui uma exuberante cachoeira além de o rio ainda formar diversas quedas d’água percorrendo sobre as rochas. Além disso existem muitas outras atrações como a Cachoeira da Mariquinha, o Capão da Onça, as furna gêmeas, e por aí vai (PREFEITURA MUNICIPAL DE PONTA GROSSA, 2007).

FIGURA 2 – Parque Estadual de Vila Velha (arenitos)

FONTE: http://www.baixaki.com.br

A partir de vários exemplos de locais para a prática de ecoturismo podemos constatar que tal atividade tem campos muito amplos e largas possibilidades de se firmar com considerável importância econômica para vários municípios e estados do país, e de forma especial em Ponta Grossa, possui inúmeras possibilidades de atividades ecoturísticas, desde que haja desenvolvimento da infraestrutura da cidade em prol da prática do turismo.

A presente atividade tem sido considerada de baixo impacto ambiental, uma possibilidade de sustentação econômica para as Unidades de Conservação (UCs) e parques, uma alternativa às economias das regiões onde atividades tradicionais (como a pequena agricultura familiar, o extrativismo, a pesca artesanal, entre outras) têm apresentado relativo esgotamento demonstrando ser insuficiente para a manutenção das populações delas dependentes, além de serem tarjadas como incompatíveis com a conservação ambiental, agravando suas condições de sobrevivência.

Considerações

Buscamos mostrar um pouco do surgimento do ecoturismo, como o ecoturismo vem crescendo, as várias possibilidades de atividade ecoturística partindo do nível global, América do Norte, Central, África, passando pelo nível nacional (Brasil), estadual (Paraná), até o nível local (Ponta Grossa) local, permitindo a exemplificação de algumas possibilidades de ecoturismo, a partir da descrição dos locais em questão.

Em geral a atividade ecoturística tem apresentado um grande potencial econômico embasado em um modelo sustentável em que se pode manter e proporcionar o desenvolvimento local das comunidades adjacentes ao meio de “exploração ecoturística”. O ecoturismo torna-se assim parte integrante da economia de muitos governos.

Como visto tal atividade tem crescido no mundo todo e em especial nos países e regiões com beleza natural avantajada, movimentando uma quantia substancial de capital. O Brasil por ser um país de dimensões continentais tem inúmeras possibilidades de oferecer atividades ecoturísticas, mas temos grandes problemas como à falta de infraestrutura, má vontade e interesses políticos, que a partir do momento que forem ultrapassadas, abrirão portas para investimentos e oportunidades de emprego.

O estado do Paraná e em especial o município de Ponta Grossa mostram grande potencial para a atividade ecoturística, devido sua capacidade natural apresentando espaços naturais de beleza e valor extraordinários, que com a devida atenção das autoridades podem trazer investimentos e expansão da atividade turística e em especial, fomentando o crescimento econômico regional.

Referências 

BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (MICT) e Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal (MMA). Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, 1994a. 

BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO, AVT/IAP, NT/USP. Caminhos do Futuro. São Paulo, IPSIS, 2007b. ISBN 978-85-98741-07-9. 

BEZERRA, G. S.; Os fundamentos teórico-conceituais do ecoturismo. Egal, 2009. Disponível em: http://www.geo.ufv.br Acesso em: 18 set. 2010.

Diretrizes para uma política estadual de ecoturismo.

BNDS. Gerência Setorial de Turismo. Turismo Ecológico: Uma Atividade Sustentável, 2000. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/conhecimentosetorial/get4is10.pdf. Acesso em: 21 fev. 2011.

EMBRATUR. Diretrizes Para uma Política Nacional de Ecoturismo. Grupo de Trabalho Interministerial, organizado pelo MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E DA AMAZÔNIA LEGAL E PELO MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, DO COMÉRCIO E DO TURISMO, Brasília, 1994.

LASKOSKI, G. T.; Ecoturismo, meio ambiente. 2006. 20 f. Disciplina de Meio Ambiente (Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2006. Disponível em: http://pessoal.utfpr.edu.br/gustavothl/outros/doc1.pdf. Acesso em: 21 fev. 2011.

XAVIER, C. V.; Educação Ambiental: uma alternativa para amenizar os impactos ambientais do Ecoturismo. Disponível em: http://www.periodicodeturismo.com.br. Acesso em: 18 set. 2010.

 

Sites da internet

 

Disponível em: http://www.baixaki.com.br. Acesso em: 22 fev. 2011.

Disponível em: http://www.parana-online.com.br. Acesso em: 22 fev. 2011.

Disponível em: http://pg.pr.gov.br/turismo. Acesso em: 22 fev. 2011.

 

Informações sobe o autor

 

STACHULSKI, J. graduando do 4º ano do curso de Bacharelado em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e participante de projeto de iniciação científica, possui o seguinte e-mail para contato: julianomundogeo@gmail.com.

 

 

 

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