Educação Educação Educação Inclusiva

Preparando todos os professores para ensinar a todos os alunos

Carla Eva Prichoa, Ingrid Aparecida Gomes

05/11/2011 como www.partes.com.br/educacao/artigos/preparando.asp

 

Resumo

Carla Eva Prichoa é licenciada e Especialista em Geografia- URI Erechim. Mestranda em Gestão do Território – UEPG. Lab. Geotecnologia

A Educação Inclusiva é um princípio de educação e ensino em que todos os alunos com necessidades educacionais especiais, incluindo os alunos com deficiência, têm o direito de frequentar escolas comuns, da rede pública ou privada, com colegas sem deficiências. É resultado de discussões de muitos grupos e organizações de pessoas com deficiência e educadores do Brasil e do mundo na tentativa de resgatar a Educação como exercício da cidadania e garantir seus direitos.

Resumen
La Educación Inclusiva es un principio de la educación y la enseñanza a todos los alumnos con necesidades educativas especiales, incluyendo los estudiantes con discapacidad, tienen derecho a asistir a escuelas ordinarias, en público o privado y con sus compañeros sin discapacidades. Es el resultado de las discusiones de los grupos y organizaciones de personas con discapacidad y los educadores de Brasil y del mundo en un intento de rescatar a la Educación como ejercicios de ciudadanía y de salvaguardar sus derechos.

Introdução

Ingrid Aparecida Gomes é Bacharel e Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR

A presente síntese focaliza algumas considerações a respeito da Educação Inclusiva e da Formação de Profissionais, uma vez que este tema tem sido amplamente discutido desde a década de 90.

O processo de inclusão visa à educação de qualidade não só para os alunos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais (PNEE), mas para todos, com respaldo da Lei de Diretrizes e Bases e da Carta de Salamanca.

Ao se incluir alunos com necessidades educacionais especiais em salas de aula, o professor precisa buscar recursos que os beneficiem e atendam suas reais necessidades, mudando a forma de direcionar as práticas educativas, através da criação de ambientes de aprendizagem. Para isso, eles também têm direito de obter apoio para seu desenvolvimento profissional, da mesma maneira que os pais e mães têm direito para esperar que suas crianças sejam ensinadas por profissionais cuja capacitação preparou-os para ensinar a todas elas.

A escola tem um papel fundamental em contribuir na formação de um indivíduo, ajudando-o a compreender a sua realidade e a refletir sobre ela, e o professor deve promover a integração dos grupos, a partir da conscientização e aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana e aprendizagem por meio de cooperação.

Dessa forma, tanto a sociedade como os portadores de deficiência procurar se adaptar mutuamente, tendo igualdade nas oportunidades e conseqüentemente uma sociedade para todos, ou seja, na comunidade, no trabalho, no lazer, etc., onde todos participam, dando aos portadores de necessidades especiais uma chance de desenvolverem-se em todos os aspectos de sua vida.

Mas essa teoria ganha notória dimensão ao se por em prática, uma vez que há um certo indispor por uma porcentagem de professores, pois tal atitude mexe com seus valores e com suas convicções. Por isso os profissionais precisam de oportunidades para refletir sobre suas atitudes frente a mudanças. Cada escola tem sua própria abordagem pessoal na promoção de mudanças, mas sem dúvida, criar oportunidades para reflexão e discussão é essencial na implementação de qualquer tipo de inovação. Se por um lado, há avanços no tratar a educação inclusiva, principalmente nos países desenvolvidos, manifestando as preocupações, desenvolvendo debates, estudos e pesquisas em torno desse assunto, por outro há um entendimento de que os alunos portadores de necessidades especiais ainda devem permanecer em escolas especializadas em educá-los e desenvolve-los, sem a possibilidade de integração à escola comum e sem participação social. Para tanto, compete um trabalho coletivo, apoiado por uma política democrática que busque ação interdisciplinar e viabilize a proposta de uma educação inclusiva, de igual oportunidade mesmo na diferença.

Assegurar que os professores recentemente qualificados tenham uma compreensão básica do ensino inclusivo e de escolas inclusivas é o melhor investimento que pode ser feito a longo prazo. Isto assenta os alicerces para uma “boa prática” sobre as quais as gerações mais jovens poderão basear-se e oferece condições para o surgimento de uma “massa crítica” de professores jovens que tiveram um pouco de compreensão e experiência da prática inclusiva.

No entanto, não se consegue implantar uma opção de inserção tão revolucionária sem enfrentar um desafio ainda maior, o que recai sobre o fator humano. É preciso desenvolver novas atitudes e formas de interação na escola, exigindo mudanças no relacionamento pessoal e social e na maneira de se efetivar os processos de ensino aprendizagem. Sendo assim, a formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância, assim como a assistência às famílias, enfim, uma sustentação aos que estarão diretamente implicados com as mudanças é condição necessária para que estas não sejam impostas, mas imponham-se como resultado de uma consciência cada vez mais evoluída de educação e de desenvolvimento humano.

O currículo de um professor, inclusivo deve incluir padrões e critérios relevantes para toda a gama de estudantes existentes nas escolas sem qualquer necessidade de fazer referência específica aos alunos com necessidades especiais, tendo como objetivo, assegurar que as práticas inclusivas permeiem todas as áreas de capacitação, sejam elas fundamentadas em teoria ou em conhecimento, sejam de orientação prática e de desenvolvimento de habilidades.

Um fator relevante também é a formação dos diretores e os profissionais em cargos de chefias, onde no currículo deve constar claramente a dimensão de inclusão, e também o planejamento e as práticas inclusivas como um todo, à luz de políticas governamentais. Os mesmos devem atender as expectativas de outros, inclusive dos líderes de disciplinas e dos coordenadores de necessidades educacionais especiais, e assegurar que os formandos e os professores recentemente formados estejam adequadamente qualificados, monitorados, apoiados e avaliados, segundos os padrões exigidos.

Além das necessárias adaptações relacionadas com as alterações, da vida profissional, a formação do professor deve ser uma construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes e aptidões, de sua capacidade de discernir e agir. O questionamento da própria prática, as comparações, análises, investigações e soluções de problemas, levam o indivíduo a “aprender a aprender” e a “aprender a pensar” e a oferecer possibilidades de investigação individual e coletiva.

Para atender ao horizonte pedagógico, fruto da transformação da escola, as universidades são chamadas a reorganizarem seus programas curriculares, pesquisando, estudando e redefinindo os paradigmas educacionais, revisando estratégias e conteúdos de formação, a fim de preparar o professor para a diversidade, pois a educação inclusiva só terá seus objetivos alcançados se todos os envolvidos neste processo vivenciarem atitudes e valores, tendo um olhar educativo coletivo e criativo.

As inovações educacionais, por um lado, abalam a identidade do profissional/professor e as suas conquistas, atentando contra a experiência, os conhecimentos e o esforço feito para adquiri-los. Mas por outro lado, favorecem a definição das teorias pedagógicas individuais de cada professor, conscientizando-o do modo como atua na promoção da aprendizagem de todos os alunos, e o subsidiam para encontrar maneiras de fazer acontecer à construção de conceitos próprios na sua prática de sala de aula. Neste caminhar, até mesmo quando na condição de professor, todos são aprendizes, aprendendo a criar e recriar.

O contexto da educação inclusiva baseada em princípios e leis que reconhecem a necessidade de uma educação para todos, deixa bem claro que renovação pedagógica exige, em primeiro lugar que a sociedade e a escola adaptem-se ao aluno portador de necessidades especiais, e não o contrário. E, em segundo, que o professor, considerado o agente determinante da transformação da escola, seja preparado adequadamente para gerenciar o acesso às informações e conhecimentos.

Ocorre que a formação atual não prepara o professor para educação especial, mas para uma área de deficiência mental, auditiva, visual, física e outros segmentos, ocasionando, geralmente, resistência de alguns professores às inovações educacionais, como a inclusão, ao considerarem que a proposta de uma educação para todos é válida, porém impossível de ser concretizada, levando em conta o número de alunos e as circunstancias em que se trabalha nas escolas de rede pública de ensino. O que demonstra, mais do que nunca que os professores devem capacitar-se, acreditar e, principalmente aceitar a inclusão, tornando, assim, a sua sala de aula um ambiente propício à construção do conhecimento, tanto do aluno com necessidades educacionais especiais, quanto dos demais.

A estratégia de capacitação dos professores é muito bem vinda na atualidade, porém, serão necessárias vigilância e advocacia para assegurar que os princípios inclusivos sejam construídos nos seus fundamentos e penetrem as novas rotas para o desenvolvimento profissional. Busca-se a preparação de todos os professores para ensinar a todos os alunos até por volta do ano 2040.

Em suma, pensar sobre a educação inclusiva supõe conscientizar-se de que, hoje é preciso contextualizar o processo de ensino e de aprendizagem, situando o aluno portador de necessidades educacionais especiais no cenário contemporâneo, do qual faz parte e onde atua uma oportunidade de aprender e viver, criar e pensar. E ao professor, cabe ensinar de outro modo, valorizando as diferenças de cada um e promovendo-as, possibilitando o bem estar social.

Referências

MENDES, E. G. Desafios atuais na formação do professor de educação especial. Revista Integração, Brasília, DF, n. 24, p. 12-17, 2002b.

MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003. p. 183-204.

SASSAKI, Romeu Kasumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 4. ed. Rio de Janeiro: WVA, 2002. p. 111-136.

Obs.: Igrid Aparecida Gomes é Bacharel e Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR

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