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André Rieu

Fiquei agradavelmente surpreso com a  repercussão da vinda de André Rieu ao Brasil!
Vi alguns de seus shows, espetáculos que misturando música clássica e popular.
Confesso que prefiro ouvir arranjos originais, não por “purismo”, mas por gosto pessoal. O mesmo vale para outros gêneros, inclusive pop, rock e MPB, sendo que não me agrada sobretudo quando tomam parte dessas músicas como suporte para a insuportável falta de talento contemporâneo. Só que não chego ao nível “fundamentalista” de alguns, cuja “rigor acadêmico”, em vez de difundir, afasta o público da música erudita, deixando-o à mercê da atual falta de opções do “mercado”.
No extremo oposto desse radicalismo, certa vez ouvi um “mc” afirmar que música clássica era “um pé…”! Que bom era o que ele fazia…
“Gosto não se discute”, diz o ditado. No entanto, ele pode ser aprimorado. Mas, para isso é preciso ter alternativas de fácil acesso, e ouvidos e mentes atentos para apreciá-las sem imposições ou regras.
Esnobismo, conformismo, preconceitos e interesses comerciais são os maiores inimigos da aquisição de conhecimento em qualquer área, fomentando e proliferando “guetos” culturais, que beiram à irracionalidade.
Dizem que André Rieu descaracteriza obras clássicas… E daí?
“Pior”, acusam-no de “popularizá-las”, como se isso fosse um crime.
O que seus acusadores preferem?
Querem que o povo fique limitado apenas ao que interesses econômicos definem como “popular”, incluindo os “degêneros” musicais em voga? Ou que o “popular” fique limitado a letras pobres e ofensivas, grunhidos ou vozes eletronicamente distorcidas e batidas enervantes, que alguns adoram desfilar, em alto e ruim som, com cara de pau e de mau, pelas ruas das cidades?
Olha eu sendo preconceituoso, também…
Explico: é que, para mim, música “decente” é a que gente consegue assobiar pelas ruas; que tem melodia! Música que, mesmo quando repetitiva, não é monótona, como: “Bolero”, de Ravel; “Samba de uma nota só”, de Tom Jobim e Newton Mendonça; ou “Changes”, do Black Sabbath.
A música clássica já foi popular! Pessoas se amontoavam frente aos teatros, para ouvir “lançamentos” de Verdi, Tchaikovsky, Mozart e outros. Depois, os cantavam ou assobiavam suas obras por ruas, mercados…
Popularizar a música clássica pode ser um primeiro passo para a flexibilização e diversificação do gosto das pessoas; para suplantar o hoje arraigado preconceito de que popular é sinônimo de baixa qualidade.
Assim, seja bem-vindo André Rieu! E que seus detratores parem de considerar a música erudita como néctar exclusivo dos deuses, disponível apenas para poucos “iniciados”. Em vez disso, que a divulguem como água potável e portável a todos. E, com ela, outras, que também elevem nossa alma, sem sepultar nossos neurônios na vala comum da mediocridade cultivada por gananciosos sem escrúpulos.

Adilson Luiz Gonçalves
Membro da Academia Santista de Letras
Mestre em Educação
Escritor, Engenheiro, Professor Universitário e Compositor
Ouça textos do autor em: www.carosouvintes.org.br (Rádio Ativa / Comportamento)
Caso queira receber gratuitamente os livros digitais: Sobre Almas e Pilhas, Dest’Arte e Claras Visões, basta solicitar pelos e-mails: algbr@ig.com.br e prof_adilson_luiz@yahoo.com.br
Conheça as músicas do autor em: br.youtube.com/adilson59
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