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Pedagogia Hospitalar Como Parte Integrante Da Educação

 

Pedagogia Hospitalar Como Parte Integrante Da Educação

 

Nancileide Ferreira Rodrigues1

 

Nancileide Ferreira Rodrigues – Pós-graduada em Neuropscopedagogia Institucional. Mestranda do programa de Pós-Graduação em Educação: ITS – Theology & Sciences Institute Of Florida – USA – INC. Orlando-Florida -EUA Professora dos anos iniciais da Rede Municipal de Ensino – Rondonópolis – MT – E-mail: pranancileide@hotmail.com

Resumo: A presente pesquisa pretende abordar a educação hospitalar, uma modalidade voltada as crianças enfermas internadas em hospitais para a realização de um tratamento. O conteúdo esclarece sobre esse atendimento, onde os profissionais envolvidos devem trabalhar em parceria no sentido de beneficiar a aprendizagem e a recuperação desses internos. Os pacientes, ficam psicologicamente abalados quanto ao enfrentamento das intervenções da medicina, e a mercê do aprendizado, no entanto o docente terá um papel fundamental nesse processo.

Palavras chave: Pedagogia Hospitalar, Atendimento, Internos, Aprendizagem.

Abstract: This research aims to address hospital education, a modality aimed at sick children admitted to hospitals for treatment. The content clarifies this service, where the professionals involved must work in partnership to benefit the learning and recovery of these interns. Patients are psychologically shaken when facing medical interventions, and at the mercy of learning, however, the teacher will have a fundamental role in this process.

Keywords: Hospital Pedagogy. Attendance. Interns. Learning.

Pedagogia Hospitalar

 

A Pedagogia Hospitalar é considerada parte integrante da educação, e está voltada para pessoas com determinada necessidade especial, como exemplo aquelas que se encontram em estado de enfermidade e precisam ficar internadas em hospital para o devido tratamento.

Nesse sentido é interessante e necessário que a criança ou jovem não tenha seu estudo interrompido por conta de um tratamento extensivo. Para exercer tal profissão, o profissional precisa ter curso superior em Pedagogia ou Educação Especial, de acordo com o autor referenciado logo abaixo, é possível entender esse cenário.

Podemos entender pedagogia hospitalar como uma proposta diferenciada da pedagogia tradicional uma vez que se dá em âmbito hospitalar e que busca construir conhecimento sobre este novo contexto de aprendizagem que possa contribuir para o bem estar da criança hospitalizada […] Essa definição não exclui o conceito de Classe Hospitalar. Pelo contrário parece mais abrangente, pois não exclui a escolarização da criança que se encontra internada por várias semanas ou meses, mas a incorpora dentro de uma nova dinâmica educativa (FONTES 2005, p. 122).

Conforme as palavras de Fontes, entende-se que, o pedagogo hospitalar é o profissional responsável por transmitir conhecimentos às crianças hospitalizadas. É ele quem vai articular as atividades da Pedagogia Hospitalar aos pequenos pacientes. O docente deve ser criativo e planejar metodologias em que a criança tenha devido ensino, mas sem sobrecarregar com conteúdo.

As atividades realizadas no hospital também devem ser planejadas, porém a parte criada pelo pedagogo devem estar em consonância com o plano do hospital.  Lembrando que, em primeiro plano, o pedagogo deve desenvolver suas atividades, com o mesmo encargo de como se estivesse lecionando em uma escola regular.

Neste modelo de planejamento, o pedagogo deve considerar os pontos comuns dos internos, ou mesmo se tratando de apenas um aluno, ele deve levar em conta seu grau de aprendizado e as limitações impostas pela doença.

Essas crianças terão sua rotina alterada, onde passarão boa parte do seu tempo em uma sala de hospital, sem o convívio social com seus familiares, amigos, colegas e professores. Sendo um grande sofrimento emocional e físico para esses enfermos. Nada mais justo que tentar solucionar tais necessidades pedagógicas por meio de parcerias que leve a Pedagogia Hospitalar.

Schilke (2008 p. 17) explica que:

Este modelo educacional defende a ideia de que o conhecimento deve contribuir para o bem estar físico, psíquico e emocional da criança enferma, enfocando mais os aspectos emocionais que os cognitivos. Essa modalidade busca uma ação diferenciada do professor no hospital e apesar de trazer uma perspectiva transformadora intrínseca na sua atuação, é de difícil realização e pode ser banalizada.

Diante do exposto do autor, é perceptível que, essas crianças, devido ao ambiente, se apresentam de modo sensível, carente, com o psicológico abalado, portanto os docentes devem nesse momento de sofrimento ter paciência e sabedoria, como também entender as limitações ocasionadas pela doença e pelas medicações. A intenção dessa educação não é com foco no conteúdo e sim em amenizar os prejuízos que a criança terá nesse momento de internação.

Nessa perspectiva, o atendimento advém por mediação de influências norteadas por brinquedistas, psicólogos, educadores, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, enfermeiros, arteterapeutas, animadores, culturais, psicomotricistas, artistas (palhaços, contadores de histórias, artistas plásticos, músicos) a fim de dar qualidade de vida ao paciente e sua família, com novas ideias e recursos.

Entende-se que, a Pedagogia Hospitalar tem a intenção de prestar suporte emocional a essas crianças e jovens que estão em estado de saúde debilitado, portanto, bem como na escola, esses trabalhos devem ocorrer de modo lúdico, cuidadoso, respeitando os limites de cada interno, devido a condição que está vivendo. O decente interessado nesse contexto deve trabalhar com uma metodologia lúdica, com intuito de adequar a inclusão desses pacientes na sociedade de forma que eles esqueçam, ainda que por certo tempo, de sua condição de enfermidade e limitação.

Diante dos conteúdos curriculares, também não devem ser exigidos como se estivessem em uma sala de aula tradicional. Normalmente, nas classes hospitalares existem crianças com idades diferentes, e por esse motivo, cada uma pode ser atendida individualmente pelo pedagogo, caso tenham alguma dificuldade de comparecer em outro ambiente que não seja seu quarto.

0s conteúdos ensinados também é diferenciado, envolve várias disciplinas integradas, passadas ao aluno tanto de forma lúdica quanto de forma mais convencional. O professor deve adaptar os conteúdos para cada situação de aprendizagem e ser bastante flexível para conseguir atender às necessidades de cada criança (FONTES 2005, apud CASTRO).

Para o sucesso da Pedagogia Hospitalar é importante que os docentes, familiares, médicos, enfermeiros, toda a equipe envolvida no processo de tratamento da criança ou jovem estejam em consonância, unidos. Essa parceria trata de benefícios não só para o ensino, bem como para o tratamento da doença.

O papel da educação no hospital e, com ela, o do professor, é propiciar a criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, ressignificando não somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas relações nessa nova situação de vida. A escuta pedagógica surge, assim, como uma metodologia educativa própria do que chamamos pedagogia hospitalar. Seu objetivo é acolher a ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar situações coletivas de reflexão sobre elas, construindo novos conhecimentos que contribuam para uma nova compreensão de sua existência, possibilitando a melhora do seu quadro clínico” (FONTES, 2005, p. 135 apud, CASTRO, p. 47).

Nessa fase, o professor cria um vínculo com a criança de confiança, e muitas vezes ele terá que intervir no sentido de ajudar os médicos e família na questão de motivação, apoio, e convencê-la a tomar os medicamentos, fazer os exames. Portanto essa unidade dos profissionais envolvidos e a família tem por objetivo o bem-estar desse paciente.

 A fim de proporcionar um tratamento com preciosidade, destaca-se, a dedicação, o carinho, amor e paciência desses trabalhadores na qual, almejam uma busca da educação e cura da criança. O pedagogo trará para esta parceria o seu saber didático, lúdico e recreativo, enquanto o médico agregará conhecimentos sobre a área da saúde.

Essa modalidade de ensino tem por amparo o Ministério da Educação e Cultura e a Secretaria de Educação Especial com intuito de garantir os direitos desse indivíduo enquanto cidadão. “O atendimento educacional especializado pode ocorrer fora de espaço escolar, sendo, nesses casos, certificada a frequência do aluno mediante do relatório do professor que o atende”. (BRASIL. 2001, p. 53)

Na etapa de alfabetização, da criança hospitalizada, há quatro fatores importantes que devem ser considerados, são eles: a participação da família, o ambiente descontraído, a inclusão do aluno e as atividades recreativas. Além das propostas educacionais, relacionadas aos conteúdos escolares, deve haver atividades recreativas, tais como: contação de histórias, fantoches, show com palhaços, apresentações teatrais, dança, entre outras.

É nítido que, quando acontece ação lúdica e pedagógica em um hospital, as crianças hospitalizadas têm um momento diferente da rotina de exames e medicamentos. Esses fatores, podem amenizar e evitar alguns casos de depressão sofridos por crianças hospitalizadas por longos períodos.

Como foi comprovada a ação positiva das brinquedotecas na saúde das crianças internadas, criou-se uma lei que faz com que os hospitais que possuem ala pediátrica com internação sejam obrigados a montar uma brinquedoteca.

O artigo 1° da Constituição são mencionados dois dos fundamentos que amparam os direitos de todos os brasileiros: a cidadania e a dignidade. Cidadania: é a qualidade de cidadão. E cidadão é o indivíduo no gozo de seus direitos civis, políticos, econômicos e sociais numa Sociedade, no desempenho de seus deveres para com esta. Dignidade: é a honra e a respeitabilidade devida a qualquer pessoa provida de cidadania.

Essa é a Lei nº 11.104, promulgada em 21 de março de 2005. Veja o texto dos artigos 1° e 2°:

Art. 1º Os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico contarão, obrigatoriamente, com brinquedotecas nas suas dependências.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se a qualquer unidade de saúde que ofereça atendimento pediátrico em regime de internação.

Art. 2º Considera-se brinquedoteca, para os efeitos desta Lei, o espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinado a estimular as crianças e seus acompanhantes a brincar.

Estas ações mostram que há uma maior preocupação com a humanização no ambiente hospitalar e que a infância está tendo a devida consideração. Afinal, esta é uma fase de muita importância na formação e desenvolvimento de um indivíduo, pois os acontecimentos que ocorrem na infância, se registram e terão reflexos para toda a vida, podendo ser positivos ou negativos.

Conclusão

Conclui-se este artigo, reforçando a importância da modalidade de ensino, Pedagogia Hospitalar. Sendo ela um veículo que almeja diminuir os prejuízos causados pela condição de enfermidade que o aprendiz se encontra. O referido artigo mostrou que o profissional pedagogo que atua em hospital precisa trabalhar em parceria e unidade com a equipe profissional da saúde, a fim de cuidar da debilitação da criança ou jovem no momento de internação.

Considera-se, também como aspecto importante, a metodologia utilizada pelo docente, na qual deve acontecer com encargo e dedicação, de modo lúdico, onde   o professor possa atuar com paciência no atendimento de determinado interno, não focando apenas no conteúdo, mas no desenvolvimento da criança considerando a saúde e a recuperação.

Acredita-se que dessa maneira, seja possível o docente contribuir e proporcionar meios eficazes para que os internos possam sair da condição de enfermidade e fragilidade com menos prejuízo na área educacional, não ficando aquém do conhecimento escolar, mas aprendendo com harmonia, tendo experiências agradáveis, podendo registrar momentos prazerosos e vínculos de afetividade.

Por fim, espera-se que, o docente ao prestar atendimento a esses internos, possam fornecer acalento, entendimento e procurar meios que promovam equilíbrio emocional e um tempo precioso, enfim, entende-se que, a parceria entre o professor, médicos, enfermeiros e familiares auxilia no processo do atendimento e intervenções que o interno precisa para ter momentos agradáveis e uma boa recuperação.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação Especial. 2001. p. 79.

BRASIL. Lei nº 11. 104, de 21 de março de 2005. Ministério da Educação – MEC; Ministério da Saúde- MS.  2005, p.1.

FONTES, Rejane de Souza. Escolarização hospitalar: desafios e perspectivas. In: CASTRO, Marleisa Zanella de. Escolarização Hospitalar: educação e saúde de mãos dadas para humanizar. Petrópolis: Vozes, 2005, p. 135.

RABUSKE, J. M. F. O Hospital como espaço de atuação para o pedagogo. Centro Universitário Univates. Lajeado, junho de 2016.

SCHILKE, Ana Lucia T. Representações Sociais em Espaço Hospitalar. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2008.

Como Citar:

RODRIGUES, N.F., Pedagogia Hospitalar Como Parte Integrante Da Educação. P@rtes (São Paulo). V.0.V1. Abril de 2020.

 

*Pós-graduada em Neuropscopedagogia Institucional. Mestranda do programa de Pós-Graduação em Educação: ITS – Theology & Sciences Institute Of Florida – USA – INC. Orlando-Florida -EUA

Professora dos anos iniciais da Rede Municipal de Ensino – Rondonópolis – MT

E-mail: pranancileide@hotmail.com

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