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A utilização pedagógica do Software Boardmaker na Educação Especial: Um desafio na prática pedagógica do professor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Maria S. Ramos, no Município de Macapá-AP

A utilização pedagógica do Software Boardmaker na Educação Especial: Um desafio na prática pedagógica do professor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Maria S. Ramos, no Município de Macapá-AP

 

Ely do Socorro Oliveira de Medeiros[1]

Resumo

Ely do Socorro Oliveira de Medeiros -Pedagoga e Pós-Graduada do Curso de Especialização em Mídias na Educação-CEPE/UNIFAP, Especialista em Educação Especial-CEPE/UNIFAP e Especialista em Educação Especial-Formação Continuada de Professores para O Atendimento Educacional Especializado-AEE-CEPE/UFC.E-mail:elysom1@gmail.com

O presente trabalho tem o objetivo de analisar as contribuições do Software Boardmaker, na Sala de Recursos Multifuncionais- SRM para o desenvolvimento dos alunos com Deficiência Intelectual – DI e Transtorno do Espectro do Autismo – TEA em atender suas dificuldades no ensino-aprendizagem e romper com as barreiras enfrentadas no processo de inclusão.  Este artigo é qualitativo, com realização de entrevista semiestruturada aos professores da SRM.

Palavras-chave: Software Boardmaker, Formação continuada, Prática Pedagógica, DI, TEA.

Abstract

The purpose of this paper is to analyze the contributions of the Software Boardmaker in the Multifunctional Resource Room – MRR for the development of students with Intellectual Disability – ID and Autism Spectrum Disorder – ASD to attend to their difficulties in teaching and learning and to break with the barriers faced in the inclusion process. This article is qualitative, with a semistructured interview with MRR teachers.

Key words: Software Boardmaker. Continued education. Pedagogical practice. ID. ASD.

 

Introdução

A inclusão dos alunos da Educação Especial hoje, ainda é um dos maiores desafios enfrentados pelos professores diante das barreiras impostas nas escolas principalmente no processo ensino-aprendizagem dos alunos com Deficiência Intelectual- DI e Transtorno do Espectro do Autismo – TEA. Diante dessas inquietações relatadas pelos educadores e preocupados com o aprendizado desses alunos; houve a necessidade da Secretaria Municipal de Educação- SEMED em parceria  com a Divisão de Ensino Especial -DIEES e Núcleo de Tecnologia Municipal- NTM proporcionar aos professores do Atendimento Educacional Especializado-AEE, que atuam nas Salas de Recursos Multifuncionais- SRM, promover o curso de formação continuada utilizando o software Boardmaker[2] como instrumento tecnológico e pedagógico para elaboração de materiais  adequados na construção de pranchas em mídias para viabilizar a acessibilidade aos conteúdos trabalhados na sala comum,  na  adequação Curricular em prol do aprendizado desses alunos.

A aplicabilidade do Software Boardmaker como nova ferramenta tecnológica, com o uso do computador como meio de recurso pedagógico a ser trabalhado como os alunos DI e TEA visa assegurar o acesso a informação e comunicação dessas pessoas, bem como garantir seus direitos através do uso das Tecnologia Assistivas no âmbito educacional proporcionando maior interação entre os envolvidos e efetivação na comunicação, participação, independência, autonomia e avanços no processo ensino-aprendizado.

O software Boardmker como instrumento tecnológico e pedagógico adequado no acesso do ensino-aprendizagem diante da sistematização dos conteúdos trabalhados no Atendimento Educacional Especializado- AEE visa atender a proposta Curricular e contribuir na inclusão digital desses alunos como alternativas de serviços e recursos que eliminem as barreiras externas para a plena participação e a autonomia desses educandos nos desafios educacionais encontrados em nossas escolas.

Através da presente pesquisa espera-se contribuir nas resoluções e problemáticas do ensino-aprendizado dos alunos com DI e TEA, a fim de romper as barreiras ainda presentes no âmbito escolar e oportunizar a comunicação alternativa, proporcionar conhecimento sobre o uso do recurso tecnológico “Software Boardmake”, estimular novos interesses em sua aplicabilidade e novas pesquisas na área da tecnologia assistiva para a comunicação.

Metodologia

Esta pesquisa possui um caráter qualitativo, que segundo Lakatos & Marconi (2011) “permite que o investigador entre em contato direto e prolongado com o indivíduo ou grupos humanos, com o ambiente e a situação que está sendo investigada, permitindo um contato de perto com os informantes” (p. 272).

O lócus de estudo foi a E.M.E.F Ana Maria Da Silva Ramos, no município de Macapá, localizada na zona Sul do Estado do Amapá. Os sujeitos participantes da Pesquisa foram os professores do Atendimento Educacional Especializado-AEE, que atuam na SRM com alunos com DI e TEA.

Como instrumento de coleta de dados foi realizado questionário com entrevistas semiestruturadas contendo cinco questões, sendo quatro subjetivas e uma objetiva. Tendo os questionários um “conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo” (SEVERINO, 2007, p.125), serão aplicados para os envolvidos. As entrevistas Para Lüdke & André (1986), na entrevista “a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca, entre quem pergunta e quem responde” (p. 33).

Essa pesquisa aconteceu a partir da capacitação oferecida aos 40 professores das Salas de Recursos Multifuncional, por possuírem o CD do Software e computadores fornecidos pelo Ministério da Educação –MEC as SRM pela Secretaria Municipal de Educação- SEMED e Divisão de Ensino Especial – DIEES em parceria com o Núcleo de Tecnologia Municipal – NTM, com carga horária de 12 horas, com o uso do recurso tecnológico do Software Boardmaker para promover aos alunos com DI e TEA o desenvolvimento da comunicação para realização da interação social por meio elaboração das pranchas comunicativas de acordo com as necessidades de cada aluno. Posteriormente houve aplicação da entrevista com os questionários para os professores da referida escola a fim de realizar a coleta de dados.

 

Discussão

De acordo com questionário aplicado através da entrevista realizada ás cinco professoras da SRM da escola supracitada perceberam-se que quatro conheciam o software, como um recurso das SRM, conforme Gomes (2016), descreve “ É um soft ware proprietário comprado pelo Ministério da Educação para equipar as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM). Portanto, disponível nas escolas que possuem Salas de Recursos Multifuncionais” (p. 67).

De acordo com as entrevistadas todas conheciam o software, porém, não sabiam utilizar tão pouco explorar a riqueza de recursos que esta ferramenta pode contribuírem suas práticas pedagógica. Diante dos relatos das entrevistadas todas consideraram relevante o uso de tecnologias assistiva com o software Bordmaker para o processo de desenvolvimento no ensino – aprendizagem dos alunos com DI e TEA, de maneira mais significativa, facilitando a aprendizagem por meio da interação dos alunos nas atividades propostas.

Através dos dados coletados observou-se que o curso de aperfeiçoamento para utilização o software Boardmaker como recurso pedagógico contribuiu na prática dos professores em SRM, pois, a partir da capacitação passaram a conhecer a riqueza tecnológica e pedagógica com a utilização do Software; bem como saber como construir e produzir pranchas como recursos pedagógicos para trabalhar com alunos DI e TEA através do conhecimento compartilhado. Como menciona Gomes (2016, p. 67) O uso da comunicação alternativa, assim como da tecnologia, por si só, não leva ao desenvolvimento. Há necessidade de ocorrer em processos de mediação na prática pedagógica.

A formação com o curso para utilização do Software Boardmker contribuiu na sua pratica pedagógica, das docentes, na Sala de Recursos Multifuncional na elaboração de pranchas para promover acessibilidade por meio da interação de acordo com as especificidades dos alunos com DI e TEA; bem como compartilhar suas experiências com outros professores da instituição na qual está inserida.

Segundo Bez (2014, p. 66) considera de suma importância atender as necessidades especifica do aluno, porém ir além das necessidades quando se realizar a escolha deum sistema de comunicação alternativa para as pessoas com déficits de comunicação e cognição, bem como levando em conta os diversos contextos ao qual esteja inserido visando a interação com outras pessoas.

Com a utilização das pranchas nos atendimentos aos alunos com DI e TEA, através do uso do Software Boardmaker proporcionou interações comunicativas para o desenvolvimento e autonomia dos mesmos por meio dos comandos recebidos e principalmente com a associação das imagens aos sons e palavras, onde os alunos podem se expressar de maneira autônoma, segundo Zaporoszenko e Alencar (2008). Os diversos recursos proporcionaram diversas elaborações de pranchas de comunicação alternativa com a utilização do Software Boadmake por meio dos diversos elementos que a ferramenta possui.

Conclusões

De acordo com esta pesquisa observou-se através da coleta de dados com os professores que a formação continuada proporciona reflexão e mudanças nas práticas pedagógicas por meio das trocas de experiências que precisam ser aperfeiçoadas atendendo as necessidades específicas dos alunos com DI e TEA. Dessa forma, a partir da aplicabilidade do uso do Software Boardmaker na SRM, com a construção de pranchas adequadas de acordo com as necessidades especificas do aluno constatou-se avanços significativos no processo de ensino-aprendizagem dos mesmos por meio de sua interação e participação garantindo a acessibilidade e inclusão social com a exploração do Software como comunicação alternativa para uma educação de qualidade.

Vale ressaltar a importância do professor criar estratégias pedagógicas metodológicas através das tecnologias assistivas e comunicação alternativa, afim de garantir o aprendizado do aluno com Deficiência Intelectual e TEA, proporcionando a inclusão através das mídias no ensino e eliminando as barreiras que interferem no processo ensino-aprendizagem de maneira mais eficaz.

 Portanto, é de suma importância a estimulação das capacidades cognitivas das pessoas com deficiência intelectual e TEA respeitando suas necessidades específicas e valorizando suas potencialidades e habilidades de maneira prazerosa com sentido e significado, tornando-os capazes de elaborar e reelaborar estratégias para resolução dos problemas através das aprendizagens, bem como o desenvolvimento da autonomia por meio da comunicação.

 Assim, espera-se que este artigo venha contribuir para novas investigações e aplicabilidade do software Boadmaker no processo educacional para os alunos com DI e TEA e incentivar formações continuadas para os docentes em prol de refletir e aprimorar suas práticas no contexto escolar e social ao qual esteja inserido por meio das ferramentas tecnológicas no mundo da inclusão digital.

 

Referências

BEZ, Maria Rosangela. Sistema de comunicação alternativa para processos de inclusão em autismo: uma proposta integrada de desenvolvimento em contextos para aplicações móveis e web. 286 f. Tese (Doutorado em Informática na Educação) – Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2014.

LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 6ª edição, São Paulo – SP, Editora Atlas, 2011.

LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1986.

GOMES, Robéria Vieira Barreto. (ORG). Políticas de inclusão escolar e estratégias pedagógicas no atendimento educacional especializado. Fortaleza: UFCE; Brasília: MC&C, 2016.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23ª edição, São Paulo – SP. Editora: Cortez, 2007.

ZAPOROSZENKO, Ana e ALENCAR, Gizeli Aparecida Ribeiro de. Comunicação alternativa e paralisia cerebral: recursos didáticos e de expressão. [Maringá]: Universidade Estadual de Maringá. Programa de Desenvolvimento Educacional, 2008.

[1]Pedagoga e Pós-Graduada do Curso de Especialização em Mídias na Educação-CEPE/UNIFAP, Especialista em Educação Especial-CEPE/UNIFAP e Especialista em Educação Especial-Formação Continuada de Professores para O Atendimento Educacional Especializado-AEE-CEPE/UFC.E-mail:elysom1@gmail.com

[2]   É um software proprietário comprado pelo Ministério da Educação para equipar as Salas de Recursos Multifuncionais(SRM). Portanto, disponível nas escolas que possuem Salas de Recursos Multifuncionais.Com o Boardmaker, é possível: confeccionar pranchas, localizar e aplicar símbolos e imagens, trabalhar as imagens em qualquer tamanho e espaçamento, imprimir e/ou salvar a sua prancha de comunicação, armazenar, nomear , organizar , redimensionar e aplicar imagens escaneadas, criar folhas de tema ou trabalho, listas de instruções pictóricas, livros de leitura, jornais e pôsteres e acompanhar várias grades prontas de calendários e agendas. Pode ser acessado em: http://.mayer-jhnson.com/boardmaker-software/.

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