Poliana Fabíula Cardozo Turismo

As atrações turísticas urbanas dos municípios de Irati_PR e Prudentópolis-PR: comparação da avaliação e hierarquização de seus atrativos turísticos urbanos

Joélcio Gonçalves Soares[1] Melânia Zampronho Ferronato[2] Poliana Fabíula Cardozo[3]

publicado originalmente em 03/02/2010como <www.partes.com.br/turismo/poliana/atracoes.asp>

INTRODUÇÃO


Poliana Fabiula Cardozo é bacharel e Mestre em Turismo (Unioeste/UCS), doutoranda em Geografia (UFPR). Docente da disciplina de Planejamento e Organização do Turismo para a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Irati, Pr) e pesquisadora na modalidade continuada na mesma IES.

O turismo tem se apresentado como uma opção viável para aplicação de investimentos, tanto que são realizados trabalhos públicos nas diferentes esferas, tais como a criação de políticas de apoio ao desenvolvimento da atividade. Além disso, os governos em nível municipal, estadual e federal apresentam documentos para a implantação destas políticas de forma macro, não deixando de dar ênfase aos programas e projetos, onde se concretizam as ações dentro dos municípios.

A atuação governamental é significativa, e está fazendo com que os municípios se mobilizem em prol de conseguir sua parte dentro do cenário e também trabalhar o turismo e desenvolvê-lo, para em contra partida usufruir de seus benefícios. É algo inovador, que vem mudando a imagem da atividade no país, embora em algumas regiões esta mudança se dê de forma menos ágil ou perceptível.

No entanto para a atividade se desenvolver de forma correta sem acarretar danos ao espaço que ocupa, precisa ser planejada de forma responsável, visando ao bem estar da comunidade receptora e a proteção dos atrativos, minimizando os impactos, em qualquer que seja a segmentação de turismo a ser trabalhada.

Assim sendo, a avaliação e hierarquização de atrativos turísticos, se apresentam enquanto meios efetivos para melhor ordenar as ações de planejamento (tanto em nível estratégico, como tático e operacional). Estes trabalhos tornam-se imperativos para seguir com metodologias eficientes do planejamento.

Nesta temática, este trabalho pretende apresentar uma comparação dos estudos realizados nos municípios de Prudentópolis e Irati – PR, os quais tiveram como objetivo o de avaliar e hierarquizar seus atrativos urbanos. Para tais trabalhos aplicou-se nos dois municípios e metodologia de avaliação e hierarquização de atrativos apresentada pela SETU – Secretaria de Estado do Turismo do Paraná, por meio da qual foram avaliadas e colocadas em ranking as atrações urbanas de cada município, possibilitando a comparação das potencialidades que cada um apresenta.

O município de Irati localiza-se na região centro-sul do Paraná, a 140 Km de Curitiba, capital do Estado. Tem uma população estimada de 54.151 habitantes, que apresenta características marcantes da colonização ocorrida por imigrantes italianos, ucranianos e poloneses. A cidade faz limite com Imbituva, Prudentópolis, Rio Azul, Rebouças, Fernandes Pinheiro e Inácio Martins (IRATI, 2009).

O município de Prudentópolis também localiza-se na região Centro-Sul do estado do Paraná, próxima a grandes centros urbanos como Ponta Grossa e Guarapuava, distante 207 quilômetros da capital Curitiba. A população estimada é de 46323 habitantes, com fortes características herdadas da cultura eslava, sendo predominante os ucranianos e poloneses.  O município faz limite com os municípios de Candido de Abreu, Ivaí, Inácio Martins e Irati, Guamiranga e Imbituva, Guarapuava e Turvo (PRUDENTÓPOLIS, 2001, apud ANTONIO, 2006 pp. 9-11).

Os municípios ora colocados como objetos de estudo fazem parte da Região Turística Terra dos Pinheirais, tem características parecidas no que concerne a cultura com predominância eslava, existência atrações naturais como recantos e quedas d’água em ambos os territórios, sendo que Prudentópolis é conhecido como a Terra das cachoeiras Gigantes, pela quantidade de grandes quedas d’água existente, e tem nestas sua maior potencialidade turística. Já em Irati existem também quedas d’água, contudo em menor número, e são pouco exploradas. Quanto às atratividades urbanas, são trabalhadas em ambos ou municípios, sendo que em Prudentópolis o desenvolvimento é mais evidente. Ainda cabe salientar que na área urbana dos dois municípios predominam as atrações das tipologias arquitetura religiosa e arquitetura civil.

Desta forma, para mensurar quais são as possibilidades dos atrativos urbanos dos municípios, este estudo teve com base uma série de trabalhos para seu desenvolvimento objetivo, os quais estão apontados na seção seguinte referente a metodologia da pesquisa, que ora é apresentada.

 

METODOLOGIA

Para que o trabalho ocorre-se de forma correta, ele foi dividido em duas etapas, com metodologias diferentes, a saber:

Primeira etapa: foi realizada pesquisa exploratória de dados, em fontes primárias e secundárias, valendo-se para tanto de consulta documental, bibliográfica, para obter informações tanto em caráter quantitativo quanto qualitativo.

Os temas abordados foram: planejamento turístico, atrativos e recursos turísticos, metodologias de avaliação e hierarquização de atrativos turísticos.

Segunda etapa: se caracterizou pelo levantamento de dados através de pesquisa de laboratório e de campo composta pelas seguintes fases:

  1. a) Caracterização dos municípios objetos de estudo, com base em fontes primárias e secundárias, tratando de aspectos sociais, demográficos e turísticos;
  2. b) Levantamento dos atrativos turísticos dos municípios, com base nos seus inventários turísticos, para serem avaliados; e
  3. c) Após identificadas as atrações ocorreu a aplicação dos formulários de avaliação e hierarquização da metodologia da SETU, a qual está descrita na seção a seguir.

METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DE ATRATIVOS TURÍSTICOS DA SECRETARIA DE ESTADO DO TURISMO DO PARANÁ

Esta metodologia é descrita no documento lançado pelo mesmo órgão em 2005, intitulado: Orientação para gestão municipal de turismo. A mesma foi aplicada em pesquisa nos Municípios de Irati e Prudentópolis, buscando avaliar e ranquear os atrativos urbanos, para conhecer as possibilidades dos mesmos e efetuar a comparação entre as atratividades urbanas apresentada pelos dois municípios.

A matriz consiste na avaliação dos seguintes fatores:

Acesso, peso 4: este é avaliado com base no acesso mais utilizado pelo visitante para chegar até o atrativo. O rodoviário é avaliado pela suas condições entre bom 3 pontos, regular 2 e ruim 1 ponto. Se acaso houver a meio aéreo, marítimo/fluvial ou ferroviário são atribuídos 3 pontos.

Transporte, peso 3: é avaliado o transporte regular que leva o turista para o atrativo, podendo este ser rodoviário, ferroviário, hidroviário e/ou aéreo, se avalia o mais utilizado se caso existir mais de um tipo, atribuindo 3 pontos se for bom, 2 se for regular, 1 se for precário e nenhum ponto se inexistir.

Equipamentos e serviços, peso 3: avaliam-se todos os equipamentos e serviços turísticos instalados no atrativo, que contribuam para sua valoração e facilitem o uso e a permanência dos visitantes no local. Para receber 3 pontos é necessária existência de sinalização, monitor/guia local, local de alimentação, serviços de limpeza, instalações sanitárias e integrar roteiros turísticos comercializados; para receber 2 pontos deve ter sinalização, serviços de limpeza, instalações sanitárias e monitor/guia local; para receber 1 ponto sinalização e serviços de limpeza.

Valor intrínseco do atrativo, peso 10: é o valor do atrativo em si, é obtido através da avaliação das características relevantes. Quanto a valoração poderá variar de 1 a 4 pontos, sendo 4 pontos muito interessante, 3 interessante, 2 interessante relativo e 1 ponto para pouco interesse. Existem critérios de base para cada tipo de atrativo.

A partir da avaliação de todos estes itens, chegará através de cálculos ao índice do atrativo, e com base neste saberá qual é a hierarquia do atrativo.

Serão apresentados a seguir os níveis de hierarquização aos quais foram enquadrados os atrativos após sua avaliação:

Hierarquia IV: 3,26/4,00 – Atrativo turístico de excepcional valor e de grande significado no mercado turístico internacional, capaz de por si só, motivar correntes de visitantes, atuais ou potenciais, tanto nacionais como internacionais;

Hierarquia III: 2,51/3,25 – Atrativo turístico muito importante, em nível nacional, capaz de motivar uma corrente, atual ou potencial, de visitantes nacionais e internacionais, por si só ou em conjunto com outros atrativos;

Hierarquia II: 1,76/2,50 – Atrativo com algum interesse, capaz de estimular correntes turísticas regionais e locais, e de interessar visitantes nacionais e internacionais que tiverem chegado por outras motivações turísticas;

Hierarquia I: 1,00/1,75 – Atrativo complementar a outro de maior interesse, capaz de motivar correntes turísticas locais.

PLANEJAMENTO TURÍSTICO

No que diz respeito ao planejamento turístico há variadas conceituações. Como sabe-se o turismo é uma atividade eminentemente social, que envolve pessoas, e dispõe de inúmeras variáveis que não são simples de serem medidas e manipuladas, pela sua diversidade e pelas suas constantes mudanças. “Isso é uma peculiaridade dentro das ciências humanas e sociais, nas quais as definições não obedecem aos mesmos critérios de elaboração seguidos pelas ciências exatas” (BARRETTO, 2005, p. 29). Sendo assim cada pesquisador acaba colocando seu ponto de vista acerca do processo, apontando muitas vezes as características principais do mesmo em suas conceituações, como se poderá notar no decorrer desta seção.

Barretto (2005, p. 31) dispõe que “O planejamento é um processo científico”, no caso, deve ter por base dados do mesmo caráter, e que “Implica um certo grau de previsão baseado no estudo dos fatores estruturais e conjunturais, não devendo ser confundido com profecia, com especulação futurista ou como promessa de palanque” (BARRETTO, 2005, p. 31),  ou seja, o processo deve ser conduzido de forma coerente, até a sua concretização, já que é indispensável, e do qual viram ações com as quais se buscará efetivar trabalhos para melhorar realmente uma localidade ou empresa.

Tendo apontado o que pode se entender por planejamento cabe agora relacioná-lo ao turismo. Molina (2005, p. 46), dita que o planejamento do turismo

[…] é um processo racional cujo objetivo maior consiste em assegurar o crescimento e o desenvolvimento turístico. Este processo implica vincular os aspectos relacionados com a oferta, a demanda e, em suma, todos os subsistemas turísticos, em concordância com as orientações dos demais setores de um país.

Para o autor, o uso coerente do processo se configura como a forma de assegurar o desenvolvimento da atividade, fazendo do mesmo um elo entre as partes que compõe o mercado turístico, e deste uma forma de organizar o turismo dentro dos variados setores de produção e serviços de um país, que iram se fazer necessários para o mercado turístico se estabelecer. Ou seja, o planejamento, além de nortear o desenvolvimento de determinado espaço, pode ainda fomentar o envolvimento das partes que lhe são necessárias, para sua gestão e fomento.

Já no que concerne às linhas gerais que o processo deve seguir Cardozo (2007, s/p) aponta que:

Não existe uma receita a qual as localidades devem seguir para auferirem o planejamento turístico de sucesso, pois cada uma está inserida em um contexto distinto, e deverá receber tratamento diferenciado também, contudo, o respeito pela comunidade e seu ambiente, bem como as etapas técnicas e básicas do planejamento turístico devem ser observados, com vistas à sustentabilidade do planejamento em si, e que dele oriundem objetivos a longo prazo que possam garantir a sustentabilidade do destino turístico.

Dessa forma, os planejadores devem estar cientes e usarem do processo de acordo com a realidade da localidade, onde se pretenda implementar ações para fomento e desenvolvimento da atividade, pois cada espaço é distinto, e necessita de trabalhos diferenciados que vão ao encontro de suas carências, no  que concerne ao desenvolvimento do turismo de forma sustentável, tendo em vista a preservação dos recursos e das especificidades das comunidades locais.

Sendo assim, conhecer as atrações de uma localidade para o melhor andamento do processo de planejamento torna-se indispensável, uma vez que são a principal matéria prima do turismo, e meio evidente de identificação da possibilidade turística local.

AVALIAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DO ATRATIVO TURÍSTICO

Após identificar os atrativos existentes em uma localidade, faz-se necessário avaliá-los, para estabelecer seus valores, e hierarquizá-los, para determinar a sua importância turística dentro do contexto municipal, regional ou nacional (PARANÁ, 2005).

A avaliação é relevante para pode atribuir a importância do atrativo com relação a outros de características similares, ou da mesma categoria. Mas para avaliar é necessário reunir um conjunto de fatores que possibilitem sistematizar as qualidades e as singularidades (valor intrínseco) de cada atrativo. Ao passo que a hierarquização é o processo que permite ordenar os atrativos turísticos identificados pelo processo de inventariação e avaliados posteriormente.

A hierarquização auxilia sobremaneira o processo de decisões dos planejadores do turismo, pois coloca em ranking as atrações, determinando qual delas merece atenção imediata ou em curto, médio e longo prazo; recebe maior número de visitantes; está sendo subutilizada; entre outros aspectos que interessam para a organização e planejamento do turismo enquanto atividade econômica e mercadológica com preocupação social e ambiental (PARANÁ, 2005).

O planejamento turístico, pautado pela tomada de decisões, deve ser orientado por informações robustas e de fonte de dados confiáveis. Assim sendo, a avaliação e hierarquização de atrativos turísticos sinalizam para o planejamento da atividade critérios balizadores de uso e divulgação de atrativos.

Contudo para que esta fase do planejamento ocorra de forma correta, há necessidade de delinear o que pode ser levado em conta enquanto atrativo, e o que não se enquadra nesta classificação, no caso o que deve considerado como recurso turístico.

No trade turístico nota-se certo conflito quando do uso destes termos, talvez pela falta de conhecimento por parte dos gestores envolvidos, sobre a abrangência de cada terminologia, já que muitas vezes vemos estes sendo usados como se fossem homogêneos, no entanto, ao efetuar uma busca sobre os estes na bibliografia, eles diferem-se em suas conceituações.

Braga (2007, p. 79) que coloca que “atrativo turístico é um elemento que efetivamente recebe visitantes e tem estrutura para propiciar uma experiência turística”, já os recursos turísticos para a autora (2007, p. 79), “são os elementos de uma localidade que tem potencialidade para tornar-se atrativo turístico; ou seja, constitui-se na matéria prima do turismo”. Sendo assim, pode-se afirmar que para ser considerado atrativo o recurso deve dispor de facilidades para receber os visitantes, no que concerne a equipamentos e serviços, infraestrutura básica entre outros, e ser buscado não somente pela comunidade local, mas sim por demanda externa, quer seja esta regional, estadual e/ou nacional.

No entanto ao fundir os conceitos de recurso e atrativo, para chegar ao turismo, percebe-se que não basta atrair, mas deve-se ter condições de uso turístico. Como apontam Soares e Cardozo (2008, s/p) “não raro lugares sagrados que atraem e despertam a curiosidade de visitantes, mas muitas vezes não são passíveis de visitação, ou seja, não estão disponíveis para o turismo, sendo assim, não podem ser encarados como recursos turísticos”. Dessa forma pode-se afirmar que mais que atrair, os ícones de interesse turístico devem ter possibilidade de uso, como já citado: disponibilidade e aptidão.

RESULTADOS DA AVALIAÇÃO DAS ATRAÇÕES TURÍSTICAS URBANAS DOS MUNICÍPIOS DE PRUDENTÓPOLIS E IRATI

Nesta seção são apresentados os resultados obtidos, na avaliação dos atrativos urbanos dos municípios objetos de estudo, posteriormente se traça um paralelo entre as duas avaliações, tendo em vista levantar questionamentos e conclusões sobre a potencialidade urbana das localidades.

RESULTADOS OBTIDOS

Na área urbana de Prudentópolis foram avaliados e hierarquizados nove atrativos, os resultados são os seguintes:

Tabela 1 – Resultados da avaliação e hierarquização dos atrativos urbanos de Prudentópolis

Atrativo Tipo Hierarquia
Igreja São Josafat Arquitetura Religiosa 3
Museu do Milênio Arquitetura Civil 2
Col. e Seminário São José Arquitetura Religiosa 2
Igreja Matriz São João Batista Arquitetura Religiosa 2
Tipografia Prudentópolis Arquitetura Civil 2
Praça da Ucrânia Arquitetura Civil 2
Santuário Nossa Senhora Das Graças Arquitetura Religiosa 2
Séc. Mun. de Educação e Cultura Arquitetura Civil 2
Casa do Coronel Olek Arquitetura Civil 1

Elaborada pelos autores.

Como nota-se na tabela apresentada, dos nove atrativos avaliados, um conseguiu atingir a hierarquia três, sete atingiram hierarquia dois, e um atingiu hierarquia um. Todas as atrações tiveram na avaliação das facilidades uma pontuação parecida, já que em sua maioria apresentaram acesso bom e número regular de equipamentos a disposição dos visitantes.

O que fez com que ficassem hierarquizadas desta forma foram as pontuações obtidas na avaliação do valor intrínseco, ou seja, as qualidades que o atrativo possui, que geram um poder maior de trazer visitantes.

Na área urbana de Irati foram avaliados e hierarquizados dez atrativos, os resultados são os seguintes:

Tabela 2 – Resultados da avaliação e hierarquização dos atrativos urbanos de Irati

Atrativo Tipo Hierarquia
Imagem de Nossa Senhora das Graças Arquitetura Religiosa 3
Igreja São Miguel Arquitetura Religiosa 2
Igreja Imaculado Coração de Maria Arquitetura Religiosa 2
Praça Madalena Anciutti Arquitetura Civil 2
Praça da bandeira Arquitetura Civil 1
Praça Etelvina Gomes Arquitetura Civil 1
Praça Edgar Andrade Gomes Arquitetura Civil 1
Casa da Cultura Arquitetura Civil 1
Igreja Nossa Senhora da Luz Arquitetura Religiosa 1
Parque Aquático e de Exposições Santa Terezinha Natural Misto 1

Elaborada pelos autores.

Como pode-se observar um atrativo atingiu hierarquia três, três atingiram hierarquia dois e a maioria sendo seis atrativos hierarquia um.

Como mensurado em Prudentópolis, as atrações tiveram as pontuações perecidas referentes as facilidades, tendo em vista a acessibilidade aos mesmos, que é boa, assim como a existência regular de equipamentos para atendimento á demanda. O que levou os atrativos a ficarem hierarquizados desta forma, foi o valor intrínseco apresentado por cada atrativo.

PARALELO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS NA AVALIAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO DAS ATRAÇÕES URBANAS DE IRATI E PRUDENTÓPOLIS

Tanto Prudentópolis quanto Irati, têm como base os seus atrativos urbanos os de tipologia arquitetura religiosa e arquitetura civil.

O principal diferencial apresentado por Prudentópolis diz respeito a Igreja Matriz São Josafat, como nota-se, esta ficou com hierarquia três, ou seja, é um atrativo turístico muito importante, em nível nacional, capaz de motivar uma corrente, atual ou potencial, de visitantes nacionais e internacionais, por si só ou em conjunto com outros atrativos, tendo em vista sua singularidade, que reflete em seu poder de atração.

A mesma situação ocorre em Irati que tem na Imagem de Nossa Senhora da Graças a sua atração de maior valor, com hierarquia três. Cabe salientar que esta é a maior imagem da Santa existente no mundo, o que torna evidente a sua singularidade.

Quanto aos atrativos com hierarquia dois, ou seja, aqueles que apresentam algum interesse, capaz de estimular correntes turísticas regionais e locais, e de interessar visitantes nacionais e internacionais que tiverem chegado por outras motivações turísticas, Prudentópolis apresenta certa vantagem, já que tem sete atrações nesta hierarquia perante três existentes no município de Irati. Fato que também deve ser relevado, pois são atrações complementares que através de ações de fomento podem se tornar atrativos de hierarquia três, mais representativos para a comunidade e para sua demanda turística.

Já atrações com hierarquia um, o espaço urbano de Prudentópolis apresenta uma atração, enquanto Irati tem a maioria de seus atrativos nesta hierarquia totalizando seis atrações. Estas que dizem respeito a um atrativo complementar a outro de maior interesse, capaz de motivar correntes turísticas locais, que por seu valor não houve como enquadrá-los em hierarquia maior. No caso, pode-se dizer que estes espaços são aqueles frequentados mais assiduamente pela comunidade local. Mesmo assim, o poder público deve delegar atenção a estes, tendo em vista que a comunidade é importante no processo, pois é normalmente esta que começa a criar a imagem de um recurso propriamente dito, tendo em vista no futuro ele se tornar um atrativo, com sua consolidação quando motiva também visitantes de outras localidades.

Desta feita, a partir das pesquisas realizadas nos dois municípios, utilizando de metodologia adequada para tal trabalho, pode-se afirmar que no que diz respeito as atrações turísticas urbanas, Prudentópolis apresenta um maior potencial para desenvolvimento, tendo em vista as hierarquias atingidas por seus atrativos, se comparado aos resultados obtidos por Irati.

Como nota-se a maioria dos atrativos de Prudentópolis (oito atrativos) atingiram hierarquia dois, enquanto Irati a maioria de seus atrativos (seis atrativos) atingiram hierarquia um, mais um fato que aponta para a maior possibilidade apresentada por Prudentópolis.

Cabe salientar da relevância deste estudo para os destinos ora avaliados, uma vez que estes dados são relevantes, e deverão ser considerados no planejamento destes importantes municípios que fazem parte da Região Turística Terra dos Pinheirais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O planejamento sinaliza para o turismo enquanto elemento de base, como sendo aquele que organiza, e faz com que o turismo se desenvolva tendo em vista a realidade e todos os envolvidos, trabalhando de forma responsável, baseando-se em fatos e dados confiáveis e concretos, sem os achismos e com empirismo.

É com esta concepção que a avaliação e hierarquização de atrativos se torna ferramenta indispensável, aquela que orienta o processo, permitindo o conhecimento dos espaços com aptidão para o turismo, buscando aferir a realidade destes locais, para assim poder apontar para os objetivos que nortearão seu desenvolvimento turístico, de forma organizada, preservando não só as atrações, mas também as comunidades locais em suas especificidades.

Assim torna-se imperativo os gestores de locais turísticos efetuar trabalhos desta tipologia, tendo em vista o levantamento da potencialidade turística local, tanto para os órgãos gestores assim como para a comunidade saber do que dispõe em mãos para ser trabalhado.

De toda forma, neste estudo buscou-se a partir da avaliação e hierarquização dos atrativos urbanos de Prudentópolis e Irati, efetuar uma comparação entre as atrações existentes nos espaços urbanos destes municípios, algo que foi possível, onde se concluiu que Prudentópolis possui maior potencialidade turística no que concerne aos seus atrativos, tendo em vista o poder de atrair visitantes que os mesmos possuem, que são apresentados nos seus valores intrínsecos, ou seja em suas variáveis qualitativas.

Apesar de este trabalho apresentar como foco os atrativos urbanos, cabe salientar que os municípios ora estudados apresentam diferentes situações quanto ao seu desenvolvimento turístico tanto na parte urbana como na rural.

Irati tem nos atrativos urbanos seu maior poder de atração, tendo em vista que na parte rural, o que se apresenta em sua maioria são recursos como quedas d’água, comunidades como a de Gonçalves Junior, onde existem algumas igrejas e aspectos culturais relevantes, e de Pinho de Baixo, com suas vinícolas e aspectos culturais e naturais que se sobressaem, recursos estes passíveis de desenvolvimento, que a partir de ações de fomento podem tornar-se atrativos.

Prudentópolis tem sua maior atratividade presente na parte rural, onde as inúmeras quedas d’água, além de alguns cânions e recantos existentes, são o carro chefe do município juntamente com os aspectos culturais eslavos, preservados por seu povo, em sua maioria de etnia ucraniana e polonesa. Mesmo assim, sabendo desta potencialidade da parte natural, localizada em sua área rural, a parte urbana ainda é mais bem trabalhada e desenvolvida que a apresentada por Irati.

Contudo cabe aos dois municípios, refletir sobre suas atrações urbanas através dos resultados apresentados neste trabalho, assim como por meio de estudos futuros pensar sobre suas atrações e recursos naturais situados na área rural, buscando melhorar fatores como acesso, transporte, e facilidades para os turistas de maneira geral, buscando atendê-los da melhor forma possível, uma vez que sem estes não há turismo, pois são o motivo desta atividade, àqueles que a partir de inúmeras ações implementação, fomento, marketing e publicidade e propaganda são incitados a viajar, e assim fortalecem a imagem dos espaços buscados, tendo em vista a valorização a partir do seu uso.

Tanto Irati como Prudentópolis, estão em lugar privilegiado na região onde se inserem, uma vez que são municípios representativos desta em nível de estado. Cabe assim usar desta representatividade, enquanto um fator positivo para o seu desenvolvimento turístico, e a partir de ações coerentes, buscar se apresentar no cenário turístico do Estado, mesmo que de forma limitada, mas apresentado suas qualidades.

REFERÊNCIAS

ANTONIO, F. M. Turismo Rural na Agricultura Familiar: um estudo de caso da localidade de Linha Esperança em Prudentópolis, Pr. Trabalho de conclusão de curso de Turismo da Universidade Estadual do Centro Oeste. Irati, 2006.

BARRETTO, M. Planejamento responsável do turismo. Campinas: Papirus, 2005.

BRAGA, D. C. Planejamento turístico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

CARDOZO, P. F. Planejamento turístico municipal. Revista Virtual Partes (on-line): São Paulo, 2007. Disponível em: < http://www.partes.com.br>.

IRATI, Prefeitura Municipal. Inventário Turístico Municipal. CD-ROM, 2009.

MOLINA, S. Planejamento integral do turismo. Bauru: Edusc, 2005.

PARANÁ. Secretaria de Estado do Turismo. Orientações para gestão do turismo municipal. 2005.

SOARES, J. G. CARDOZO, P. F. A avaliação e hierarquização de atrativos turísticos  como ferramenta para o planejamento turístico. Revista Virtual Partes (on-line): São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.partes.com.br>

[1] Acadêmico do curso de Bacharelado em Turismo da Unicentro/Irati. E-mail: joelciosoares@yahoo.com.br

[2] Acadêmica do curso de Bacharelado em Turismo da Unicentro/Irati. E-mail: melania.mzf@hotmail.com

[3] Bacharel e Mestre em Turismo (Unioeste/UCS), Doutoranda em Geografia (UFPR). Docente e pesquisadora continuada do curso de turismo da Unicentro/Irati. E-mail: polianacardozo@yahoo.com.br

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