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A tecnologia permeando o Processo de Ensino e Aprendizagem

Maria Isabel Alonso Alves1; Genivaldo Frois Scaramuzza2; Rozane Alonso Alves3

publicado em 02/05/2011 como www.partes.com.br/educacao/processodensinoaprendizagem.asp

Maria Isabel Alonso -Mestra em Educação do PPGE (UNIR). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia – GPEA e GEAL – Grupo de Estudos Integrados sobre a Aquisição da Linguagem. E-mail: mialonso@hotmail.com

Resumo: A discussão do presente texto envolve uma reflexão sobre a importância da informática no processo de ensino-aprendizagem como auxílio para a educação. Também é objeto do trabalho, abordar questões fundamentais a respeito dos ambientes de aprendizado, bem como, focar algumas tecnologias de informação e comunicação que dão suporte aos ambientes virtuais que constituem os espaços educativos, e que permeiam o processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-Chave: Educação, Aprendizagem, Ambiente Virtual, Internet.


Introdução

Ao longo da história, a tecnologia vem transformando o modo como as pessoas se comunicam. A necessidade de comunicação entre os vários tipos de públicos e diferentes interesses deu origem a diversas modalidades de comunicação mediada por computador, dentre as quais se destaca uma, considerada essencial nos tempos atuais, que é conhecida como internet. Com o advento da internet, novas discussões vêm surgindo, como por exemplo, o letramento digital. Este tipo de letramento ao se incorporar à área da pedagogia toma o conceito de processo de codificação do sistema alfabético da escrita, e ainda, de compreensão dos usos sociais da mesma.


Nos tempos atuais, em meio a tecnologias, a internet se tornou a forma de comunicação mais utilizada, e seu uso se dá através de e-mails, sites de relacionamentos, de buscas, blogs e outros. No entanto, em tempos mais remotos eram utilizados sinais de fumaça e sons, produzidos por tambores para se comunicarem, bem como, transmitirem mensagens entre as civilizações antigas. Em

Genivaldo Frois Scaramuzza – Professor da Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Pedagogo, Especialista em Supervisão, Orientação e Gestão Escolar. Possui Mestrado em Geografia. Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Educação na Amazônia – GPEA. scaramuzza1@gmail.com

ambos os exemplos, o objetivo do meio ou recurso, era e ainda permanece sendo a comunicação entre as pessoas. Compreendendo esta prerrogativa, é possível enfatizar que as tecnologias da informação e comunicação podem ser caracterizadas como formas ou meios que o ser humano, por sua capacidade e necessidade de interação humana, encontrou para se relacionar de modo claro, rápido e objetivo.

O conceito de letramento, ao ser incorporado à tecnologia digital, significa que para além do domínio “de como” se utiliza essa tecnologia, é necessário se apropriar do “para quê” utilizá-la. Assim, a contribuição do letramento digital no espaço escolar, significa proporcionar oportunidades a todos de dispor dessas tecnologias, uma vez que estas são veículos de comunicação e informação. Neste sentido:

Letramento não é o mesmo em todos os contextos; ao contrário, há diferentes Letramentos. A noção de diferentes letramentos tem vários sentidos: por exemplo, práticas que envolvem variadas mídias e sistemas simbólicos, tais como um filme ou computador, podem ser considerados diferentes letramentos, como letramento fílmico e letramento computacional. (BARTON apud XAVIER, 2008, p. 4)


Entretanto, para que o letramento digital seja uma realidade no espaço pedagógico, é preciso que a apropriação dessas diferentes ferramentas seja favorecida por meio de vivências práticas criadas especialmente para este fim. Com tal objetivo poderiam ser criadas oficinas pedagógicas voltadas às tecnologias digitais. Nesta perspectiva, as oficinas poderiam tornar-se uma estratégia de favorecimento e interação entre o processo de ensino-aprendizagem e a internet. Além disso, estes recursos colaborariam com a troca de experiência entre os educadores, pois as oficinas oportunizariam fundamentações teóricas, e apoio técnico-pedagógico para os profissionais da educação, bem como um aprofundamento crítico sobre a importância que os recursos tecnológicos representam para a sociedade nos dias atuais.


De acordo com Castells, (2003, p. 32), “nessa abordagem comunitária à tecnologia, a internet é acima de tudo uma criação cultural”. Neste sentido, é possível compreender que o computador, por ser um meio transmissor de informações, torna-se indispensável à educação, pois os recursos tecnológicos podem ser utilizados para ampliar a construção do processo de ensino-aprendizagem. De acordo com BEHRENS (2001, p. 71), “o acesso ao conhecimento, e em especial, a rede informatizada desafia o docente a buscar nova metodologia para atender às exigências da sociedade”. Entretanto, a escola ainda se mostra como uma instituição mais tradicional que inovadora, e tem resistido muito a mudanças. Nos dias atuais ainda é possível presenciar em alguns espaços

Rozane Alonso Alves -Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Educação – GPEA. Email: rozanealonso@gmail.com

educativos, o método de ensino focado no professor, apesar dos grandes avanços em busca de mudanças no ensino. A educação, por muito tempo ficou estagnada no processo de que somente o professor era dono do saber, e que o aprendente necessitava de sua presença quase que constante, pois era o professor que detinha o conhecimento. Hoje com as novas tecnologias é possível que o aluno com a ajuda dos meios tecnológicos se desprenda do professor e busque outras fontes para a sua aprendizagem, tornando-se dessa forma sujeitos mais críticos e autônomos.


Em suma, estamos lidando com uma situação de desenvolvimento heterogêneo. O problema é dar aos professores o mesmo apoio pluralista que o melhor dele dá aos seus alunos. … A sociedade não pode dar-se ao luxo de manter atrás seus potencialmente melhores professores apenas porque alguns, ou até mesmo a maioria, não estão dispostos. (PAPERT, 2002, p. 76).


Tudo isso deixa claro que não será fácil mudar essa cultura tradicionalista. Contudo, se o professor possui uma visão pedagógica inovadora e aberta, e que pressupõe a participação do aluno, este utilizará algumas ferramentas simples, como a internet, ou outros recursos áudio visuais que facilitariam a abordagem dos conteúdos. Antes da incorporação das Tecnologias de Informação e Comunicação à educação, todos os trabalhos propostos pelos professores aos alunos eram feitos manualmente. Hoje graças ao computador os alunos podem fazê-los com agilidade e qualidade, além da estética que fica muito melhor. Segundo Mesquita e Castro (2001, p. 53), “a aprendizagem intermediada pelo uso do computador tem gerado uma profunda mudança no processo de produção do conhecimento. Hoje este conceito se amplia e ao aluno é permitido “navegar” por diferentes espaços de formação e informação”.


Compreendendo esta prerrogativa, é possível evidenciar que a formação integral do ser humano e o desenvolvimento do pensamento crítico acontecem por meio da construção do conhecimento. Diante das evoluções cotidianas, a humanidade se depara com a implantação de novas tecnologias, e quando essas são aplicadas à educação, a ampliação do conhecimento e a capacidade de criação tornam-se mais evidente no aprendizado do aluno. Segundo Valente (2006, p. 18,19) “a introdução da informática na educação propõe uma mudança pedagógica, exigindo soluções inovadoras e novas abordagens na aprendizagem”.


Entende-se dessa forma, que as tecnologias aplicadas à educação devem servir de apoio pedagógico para o professor, permitindo assim, realizações de tarefas e atividades diferentes das convencionais, isto é, de aprendizagem através de ambientes virtuais. Outro fator preocupante é a capacitação tecnológica do educador, uma vez que esta seria uma ferramenta poderosa no acesso à cultura e formação dos estudantes. É necessário que os educadores saibam manusear os instrumentos de apoio educacional, e consequentemente, possam elaborar projetos e atividades em parcerias com os alunos nos espaços colaborativos dos ambientes virtuais. Na visão de LÉVY (1996), o virtual ultrapassa os espaços territoriais e se desvincula do tempo do aqui e agora, através do virtual o ser humano inventa e reinventa. No entanto, este autor deixa bem claro que a virtualização tecnológica não deve se transformar em ameaça ao ser humano, pois ela tem a função de humanizar.


As tecnologias como veículo de ensino aprendizagem se dá em função da prática pedagógica, que tem como base, as teorias educacionais que valorizam todo o processo de conhecimento. Isso pode ser evidenciado nas teorias apresentadas por Piaget e Vigotsky. De acordo com a teoria de Piaget, com a aprendizagem o sujeito tem a possibilidade de interpretar sua real situação e dentro dela construir outras formas de ação e conhecimento. Vigotsky também afirma que o aluno se torna o centro da atenção do professor, envolvendo alem da escola, a comunidade e a sociedade. Somente através dessas teorias que se pode construir uma prática de ensino eficiente, que possibilite ao aluno a competência para um desenvolvimento justo e igualitário no contexto social.


Neste sentido, entende-se que na visão de Piaget, as técnicas de ensino de qualidade estão baseadas no principio de que a aprendizagem se dá na construção do conhecimento, enquanto que para Vigotsky a aprendizagem também acontece por meio da interação social. Diante disso, compreende-se que o processo de ensino aprendizagem passa a exigir um comprometimento maior da escola e dos profissionais que atuam nessa área, pois a construção da prática pedagógica impõe uma ação transformadora que deixa para trás, a figura tradicional do professor. Desse modo, o ensinar permite que o educador se porte como facilitador e mediador do ensino, pois aprender tem tomado o sentido de continuação do aprendizado, isto é, além dos muros da escola. “A educação é o grande nivelador da sociedade, e toda melhoria na educação é uma grande contribuição para equalizar as oportunidades”. (GATES apud MACIEIRA e AGUILAR, 2008, p. 10).


Neste sentido, compreende-se que a formação dos professores deve ser continuada, de modo que a utilização das ferramentas virtuais torne-se uma realimentação de suas práticas pedagógicas para que estas sejam fortalecidas. Assim, a formação continuada estaria focada no crescimento constante do aprendizado do professor em função do aprendizado do aluno, bem como, da inclusão digital nos espaços educativos, desenvolvendo dessa forma, um trabalho educacional de qualidade com vista num processo de inclusão social. Conforme Antunes (2004, p.29), a “aprendizagem que desafia o aprendiz a ser capaz de elaborar uma representação pessoal sobre ao que aprendeu, é uma aprendizagem que constrói significado”. Além disso:


A escola aparece como um dos mecanismos de socialização, cumprindo uma função integradora, buscando adaptar os indivíduos ao meio, para que possam desempenhar os papéis destinados a cada um, e prepará-los para que contribuam com a sociedade liberal moderna, desenvolvendo-lhes a fé na razão, na ciência e na tecnologia e levando-os a aceitarem e a perpetuarem as normas do modelo cultural vigente. (RAMAL, 2002, p. 53)


Neste sentido, é possível afirmar que a formação integral do ser humano, e o desenvolvimento do pensamento crítico do mesmo se dão por meio da construção do conhecimento, e diante de tantas evoluções sociais, a sociedade se confronta com a implantação de novas tecnologias aplicadas à educação, sejam elas presenciais ou à distância. Entende-se dessa forma, que as TIC – Tecnologia Aplicada à Educação, tem se tornado um novo paradigma educacional neste século. No entanto, o professor precisa estar atento aos reflexos que isso tem gerado no meio escolar, pois é papel do educador orientar seus alunos sobre como utilizar tais recursos tecnológicos de forma que estes possam desenvolver os conhecimentos que já possuem em função dos mesmos e da sociedade. Portanto, se há avanços tecnológicos em todos os campos científicos, na educação não poderá ser diferente, ou então, ela ficará distanciada do processo.


Considerações finais


Diante das afirmativas evidenciadas, é possível compreender que a tecnologia tem criado varias formas de informação, comunicação e socialização, e por isso tem se tornado um novo paradigma neste século, inclusive no campo educacional. No entanto, o uso das TIC no contexto educativo deve ter a função de despertar no aluno a curiosidade, a criatividade, a busca do conhecimento, e da pesquisa.


Nesta perspectiva, compreende-se que a sociedade está se tornando extremamente dependente das tecnologias de comunicação, e um grande exemplo disso está no aumento visível do acesso da população, em especial dos estudantes, aos recursos tecnológicos, principalmente à internet. Diante dos vários recursos tecnológicos que tem surgido nos últimos anos, é primordial que todos saibam qual o seu papel. No caso dos alunos é importante que estes se sintam compromissados em desenvolver seus conhecimentos de forma objetiva e contextualizada. Para que isso ocorra, é necessário que os alunos possuam domínios sobre os recursos tecnológicos presentes na escola, e em decorrência disso, possam utilizar essas ferramentas pedagógicas com compromisso em aprender, ou então ficarão distanciados do verdadeiro sentido da educação, que seria a construção do conhecimento e o desenvolvimento pessoal e profissional, bem como, a transformação social almejada.


Referências


ANTUNES, Celso. Novas Formas de Aprender, Novas Maneiras de Ensinar. Porto Alegre, Artimed, 2004.


CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 2003.


LEVY, Pierre. O que é virtual?. Editora 34; São Paulo-SP; 1996.


MACIEIRA, Maria do Socorro Beltrão; AGUILAR, Ana Maria G. Cavalcante. Tecnologia da Informação e Comunicação I. Porto Velho: Biblioteca Central/UNIR, 2008.


MESQUITA, Damião C. Amaral, CASTRO, Darlene Teixeira. Tecnologia e Educação a Distância. Palmas: TO, Apostila 1° Período Pedagogia, UNITINS, 2000.


MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 3º Ed.;Papirus editora; São Paulo-SP. 2001.


RAMAL, Andrea Cecília. Educação na Cibercultura. Artmed: São Paulo, 2002.


VALENTE, José Armando. Informática na Educação no Brasil: análise e contextualização histórica. Disponível em htp: //www.nied.unicamp.br. Acesso em 12/09/2008.


PAPERT, Seymour. A Máquina das Crianças: repensando a escola na era da informática. São Paulo: Artmed, 2002.


XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Letramento digital e ensino. UFPE. Disponível no site: http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento. Acesso em 27/10/2008.


1 Graduada em pedagogia pela Universidade Federal de Rondônia – Campus de Ji-Paraná. Atualmente é graduanda do curso de Letras pela Universidade Federal de Rondônia – UAB/EAD – Pólo de Ji-paraná/RO. mialonsojp@hotmail.com

2 Professor Mestre do Curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural, da Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus de Ji-Paraná.

3 Graduanda do curso de Pedagogia pela Universidade Federal de Rondônia – Campos de Ji-Paraná. Zhanny_k@hotmail.com

Como ser citado:
ALVES, M. I. A.; SCARAMUZZA, G. F.; ALVES, R. A. A tecnologia permeando o processo de ensino e aprendizagem. Partes, 2011.
Acesso em _/_/_/

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