Educação Educação Gestão Educacional

Gestão Escolar limites e possibilidades

 

Aderson Ferreira de Araújo [[i]]

Cleonice Adriana Schmitz dos Santos [[ii]]

Aderson Ferreira de Araújo -Licenciatura Plena em Matemática, Mestrando em Ciências da Educação/UDS, Professor da rede Municipal de Ensino de Colorado do Rondônia. aderson.f.araujo1968@gmail.com

Resumo: O presente artigo, baseia-se na pesquisa bibliográfica a luz de autores descritos nas referências finais, tem por finalidade conduzir a reflexão sobre as atribuições do gestor escolar na organização da escola. Analisa-se a ação do gestor escolar, na relação com o que efetivamente faz. Na análise, parte-se do entendimento de trabalho enquanto prática humana, que se faz transformadora conforme as necessidades da gestão democrática, na relação das pessoas que com ele convivem no cotidiano de sua prática.

Palavras Chave: Gestão Escolar, Limites, Possibilidades.

Abstract: This article, based on the bibliographical research in the light of authors described in the final references, aims to lead the reflection on the attributions of the school manager in the organization of the school. The action of the school manager is analyzed in the relation with what it actually does. In the analysis, it starts from the understanding of work as a human practice, which becomes transformative according to the needs of democratic management, in the relationship of the people who live with it in the daily life of its practice.  Keywords: School Management. Limits. Possibilities 

 

Introdução

O presente artigo baseia-se em pesquisa bibliográfica, tem como objetivo analisar a ação dos gestores escolares que atuam no ensino público, em tempos de gestão democrática, a luz de publicações de autores tais como: Barbosa (2207), Libâneo(2001), Paro (2010), Luck (2011), Krames (2006) entre outros.

A definição de gestão escolar foi criada para superar um possível enfoque limitado do termo administração escolar. Foi constituído a partir dos movimentos de abertura política do país, que começaram a promover novos conceitos e valores, associados sobretudo à ideia de autonomia escolar, à participação da sociedade e da comunidade, à criação de escolas comunitárias, cooperativas e associativas e ao fomento às associações de pais.

No âmbito da gestão escolar, o estabelecimento de ensino passou a ser entendido como sistema aberto, com cultura e identidade própria, capaz de reagir com eficácia às solicitações dos contextos locais em que se inserem.  Entre as atribuições dos gestores escolares, garantir clima de confiança, reciprocidade destaca-se entre as mais essenciais em época de globalização e socialização de conhecimento.

Cleonice Adriana Schmitz dos Santos – Licenciatura Plena em Letras; Professora Nível III/SEDUC/RO, Especialista em Gestão Escolar, psicopedagogia, inclusão na EJA, Atendimento Educacional Especializado, Mestre em Ciências da Educação/UDS. cleomestranda@gmail.com

É na escola que o gestor passa a maior parte do seu dia, muitas vezes extrapolando sua carga horária de trabalho diário, no labor técnico e pedagógico. Neste âmbito é imprescindível que o gestor conheça cada um dos profissionais que laboram na instituição, identificando talentos e incentivando o despertar de habilidades e competências múltiplas da equipe.

A gestão, segundo Ferreira (2001, p.312) enquanto tomada de decisão “resulta de um processo complexo que se vai construindo através de etapas sucessivas que vão, em sequência, clarificando e tornando consistente o desenvolvimento do processo”. Entre limites e possibilidades, os gestores escolares, são desafiados constantemente a encontrar novas significados metodológicos que atendam as demandas do ensino atual.

Gestor escolar e suas diversas atribuições

 

O gestor escolar, é o responsável pelas implicações administrativas e pedagógicas da instituição. Espera-se que o gestor dê conta das responsabilidades burocráticas e gestão de pessoas. Para Barbosa cabe ao diretor escolar:

Desempenha predominantemente a gestão geral da escola e especificamente, as funções administrativas relacionadas com o pessoal, com a parte financeira, com o prédio e os recursos materiais, com a supervisão geral das obrigações de rotina do pessoal, relações com a comunidade, delegando a parte pedagógica aos coordenados ou coordenadores pedagógicos (BARBOSA 2007, p. 5).

Considerando as diversas funções atribuídas ao gestor escolar, cabe-lhe estudos constantes em relação a legislação, relacionamentos humano, comunicações internas e externas entre outros.

As ações do gestor escolar refletem em credibilidade da instituição, perante aos mantenedores e sociedade, portanto a capacidade de ouvir, analisar e decidir situações e direcionamentos sobre os anseios da comunidade é algo determinante no século XXI, na qual predomina a gestão democrática. Nesse sentido Barbosa assegura:

Face ao complexo contexto social, o diretor da escola tem uma importância muito significativa para que a escola seja respeitada pela sociedade. As decisões tomadas coletivamente é necessário pô-las em prática, o que implica ter a escola bem estruturada, coordenada e administrada. Assim, o sucesso da escola depende do papel do diretor como um líder, uma pessoa que consegue aglutinar as aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar e articular adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão de um projeto comum. (BARBOSA 2007, p. 6).

Entre as atribuições do gestor escolar destaca-se o respeito pelas decisões coletivas, uma vez posta em votação determinado tema, lhe cabe, viabilizar formas para garantir a execução, das ações que envolvem ou não recursos financeiros, pois há muitas ações administrativas e pedagógicas que dependem recursos, mas há também as não financiáveis.

         Krames (2006), escreve sobre os princípios de liderança de Jack Welch, considerado um dos líderes empresariais mais bem-sucedidos do século XX, reescreveu as regras de liderança entre elas propôs aos colaboradores que em vez de burocratas, verbalizassem o que precisava ser feito.  Os princípios de liderança de Jack Welch destacaram-se por desafiar a tradição, liderar pelo exemplo, comprometer-se com as mudanças, articular visão tangível, estimulante e realista, implementar apenas as melhores práticas, deixar a inteligência comandar, garantir que todos tenham direito a expressar suas opiniões.

         Neste ínterim Paro, defende que em projeto de educação faz se necessário administração escolar articulada com a transformação social.

A busca de uma especificidade para a Administração Escolar coincide com a busca de uma nova Administração Escolar que se fundamente em objetivos educacionais representativos dos interesses de amplas camadas da população e que leve em conta a especificidade do processo pedagógico escolar, processo este determinado por estes mesmos objetivos (Paro, 2000, p. 152)

No século XXI, as escolas são avaliadas, por avaliações de larga escala, destacando-se a Avaliação da Aprendizagem-ANA, aplicada junto aos alunos do 3º ano do ensino fundamental, Provinha Brasil no 2º ano do ensino fundamental, e no caso específico de Rondônia, avaliação aprendizagem de Rondônia – SAERO, Prova Brasil, Pisa entre outras. Exigindo cada vez mais que o gestor possua qualificações técnicas amparadas em conhecimentos legais e pedagógicos. Caso os resultados das avaliações externas sejam abaixo dos esperados para cada programa as implicações recaem sobre o gestor, com reflexos negativos sobre toda a comunidade escolar.

Na proposta participativa, o gestor atua como articulador das ações de todos os segmentos, o condutor do projeto da escola, aquele que prioriza as questões pedagógicas e que embala todos na construção do trabalho educativo e desenvolve um trabalho de parcerias com toda comunidade. Como diz Lück (2001:45):

O diretor eficaz é um líder que trabalha para desenvolver uma equipe composta por pessoas que conjuntamente são responsáveis por garantir o sucesso da escola. A ênfase principal da liderança está no papel de ensino, pois o líder deve ajudar a desenvolver as habilidades nos outros, para que compartilhem a gestão da unidade.

A autora afirma, que a gestão escolar é processo que precisa ser efetivamente compartilhado, e sendo a competência no foco da liderança “constituindo-se em um dos fatores de maior impacto sobre a qualidade dos processos educacionais […] não é possível haver gestão sem liderança” (LUCK. 2011, p.25).

Sobre o processo de organização educacional, Libâneo (2001) afirma que deve dispor-se de elementos constitutivos, instrumentos de ação mobilizados para atingir os objetivos escolares. Entre eles o planejamento, organização, direção/coordenação, formação continuada, avaliação. Para o autor a escola concebida como espaço de exercício de seu papel na construção da democracia social e política.

Em relação ao pedagógico da escola, cabe aos gestores escolares atenção especial, provendo meios para que os docentes realizem constantes formações continuadas e grupos de reflexão metodológicas de ensino.

 

Considerações finais

A atual transformação histórica impõe novo perfil de Gestão, num cenário dominado pela globalização, que exige projetos e planejamentos para a busca da “qualidade total”, exige que preveja os entraves e que tenha habilidades para interagir com todos os envolvidos de modo a apresentar progressos contínuos, atendendo as demandas burocráticas, administrativas, jurídicas e pedagógicas.

A figura do gestor escolar pesquisador, com capacidade de articular teorias, práticas e gestão de pessoas é algo essencial, no século XXI. O gestor escolar deve pôr em prática, atitudes inspiradas na cooperação recíproca entre as pessoas, realizando trabalho cooperativo de todos os envolvidos no processo escolar, guiados por uma “vontade coletiva”, em direção ao alcance dos objetivos verdadeiramente educacionais da escola. (Paro,1986, p. 160)

Gestores motivados fazem a diferença, gestores com conhecimento bibliográficos tendem a acertar mais nas decisões, considerando que contam com outras visões e possibilidade garantindo assim maior capacidade de acertos nas decisões educacionais diárias.

No que tange a Gestão Democrática, no contexto atual, ela coincide com os desejos e necessidades tanto dos governados quanto dos governantes, e embora, tenha base frágil, nota-se a consciência que é ela o caminho que se deve percorrer para conseguir atender de fato às reais necessidades da comunidade. Pois, a democratização das relações escolares passa pelo resgate de políticas concretas que incluam o questionamento de novos acertos aos atuais marcos de formação, incorporando desse modo, a formação continuada a melhoria das condições de trabalho.

O gestor escolar competente é aquele que se preocupa com as pessoas em primeiro lugar, que dá conta de gerir conflitos, incentivar colaboradores, prover meios de realização de formações em serviço e que tenha ousadia para alçar novos vôos, rumo a real gestão democrática, inovada pelas tecnologias e globalização. A tarefado gestor é árdua, mas parece ser gratificante quando compartilhada.

 

Referências bibliográficas

BARBOSA, Jane Rangel Alves, (Re)Construindo a Escola para os Novos Tempos, ARTIGO: Democratizar v I 2007

FERREIRA, N.S.C.; AGUIAR, M.A. da S. (Orgs) Gestão da Educação: impasses, perspectivas e compromissos. 3ª ed, São Paulo: Cortez, 2001.

KRAMES, Jeffer A. Os Princípios De Liderança de Jack Welch. Os – Vol. 5 (Portuguese Brazilian) Paperback – 2006

LIBÂNEO, José Carlos. “O sistema de organização e gestão da escola” In: LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola – teoria e prática. 4ª ed. Goiânia: Alternativa, 2001.

______. Organização e gestão da escolar, Teoria e Prática. Editora Alternativa. 5ª edição. 2004

LUCK, Heloísa et al. Escola Participativa: O trabalho do gestor escolar. 5 ed. Rio de Janeiro: DP& A 2001.

LUCK, Heloisa (org.) Gestão escolar e formação de gestores. Em Aberto, v.17, n.72, p.195, fev./jun., 2000.

LUCK, Heloisa, Katia Siqueira de Freitas, Robert Girling e Sherry Keith, A Escola Participativa: O trabalho do Gestor Escolar. Organização e gestão educacional/Faculdade Educacional da Lapa –Curitiba: Editora FAEL, 2011;

PARO, Vitor Henrique.  A educação, a política e a administração: reflexões sobre a prática do diretor de escola, Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n.3, p. 763-778, set./dez. 2010

_______. Educação como exercício do poder: crítica ao senso comum em educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010b.

_______. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Cortez, 2000.

_______. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Cortez, 1986.

[[i]] Licenciatura Plena em Matemática, Mestrando em Ciências da Educação/UDS, Professor da rede Municipal de Ensino de Colorado do Rondônia. aderson.f.araujo1968@gmail.com

[[ii]] Licenciatura Plena em Letras; Professora Nível III/SEDUC/RO, Especialista em Gestão Escolar, psicopedagogia, inclusão na EJA, Atendimento Educacional Especializado, Mestre em Ciências da Educação/UDS. cleomestranda@gmail.com

Deixe um comentário