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Mediunidade

 

Nair Lúcia de Britto

Os últimos acontecimentos referentes a um médium famoso, os quais foram divulgados amplamente pela imprensa falada e escrita, podem conduzir os leigos, incrédulos ou pessoas mal informadas a uma impressão negativa com relação à Doutrina Espírita e ao fenômeno da Mediunidade.

Por isso, volto a defender essa Doutrina que nada mais é que revelações de Espíritos evoluídos confiadas ao professor e cientista Allan Kardec, quando este decidiu a buscar uma explicação plausível para os fenômenos espirituais que estavam ocorrendo em Paris (França) à época do Iluminismo. Ocasião em que a Igreja Católica estava cometendo vários abusos (inclusive mortes) em nome de Deus.

A Doutrina Espírita, portanto, não foi a criação de uma nova religião como muitos pensam; pois Allan Kardec nem sequer era um homem religioso, apenas um cientista curioso. Porém foi escolhido pelos Espíritos de Luz para receber mensagens psicografas a fim de corrigir os erros que estavam ocorrendo na Igreja e que não condiziam com os ensinamentos do Evangelho pregado por Jesus.

A Doutrina Espírita, portanto, não é uma outra religião. São explicações referentes ao que verdadeiramente Jesus pregou através do seu Evangelho. E que a religião católica não deve menosprezar pois trata-se de um adendo da religião cristã que busca esclarecer as  dúvidas dos cristãos.    

A Mediunidade é uma disposição orgânica da qual qualquer pessoa pode estar predisposta. É como se fosse mais uma faculdade que o ser humano tem, além de ver, ouvir ou falar; independentemente de seu caráter. Quer dizer, não é um privilégio que Deus deu somente aos bons; mas também aos maus. Contudo, Deus pune quem dessa faculdade cometer abusos. 

Engana-se, portanto, quem pensa que para ser médium é necessário ser um virtuoso ou alguém de moral mais elevada. Não é bem assim…

Como isso se explica? 

O Evangelho diz: Os sãos não precisam de médico; mas os doentes, sim. Quando Jesus esteve aqui na Terra, ele socorria principalmente os mais carentes. Ou seja, aos cegos que tinham fé e que pediam para ver. E não se manifestava aos orgulhosos que julgavam de nada precisar.  

A mediunidade é uma oportunidade de esclarecimento que Deus dá ao homem, que poderá aprender com os espíritos mais avançados como proceder para evoluir e aprimorar sua alma.

O médium que tem um caráter fraco é como o doente que precisa de um médico. A mediunidade, nesse caso, é o instrumento que o médico precisa curar seu paciente e ensinar o que ele precisa fazer para obter essa cura. Se o médium já tem um bom caráter, ele é orientado para se aperfeiçoar mais ainda. Além disso, ser capacitado para ajudar outras pessoas através do seu trabalho mediúnico. 

O poder mediúnico não faz, pois, distinção entre os bons e maus; entre ricos e pobres ou entre os mais ou menos cultos. A mediunidade é como uma luz para iluminar, indistintamente, o caminho de quem está na escuridão ou numa missão. Pode despontar de forma inesperada, independentemente da religião, em qualquer fase da vida ou em qualquer idade.  

Quando a mediunidade desponta em alguém completamente leigo em assuntos da espiritualidade, a pessoa se assusta. Não entende os fatos que ocorrem com ela, pensa até que está mentalmente perturbada; e só depois de se certificar que está saudável é que procura por uma Casa Espírita. Ali, médiuns mais experientes vão tranquilizá-la e informá-la de que a mediunidade é um processo perfeitamente natural. Apenas é indispensável aprender a conduzi-la corretamente para que traga sempre benefícios e nunca prejuízos. 

Trata-se de um potencial valioso para ser usado para o próprio bem do médium; e para o bem do próximo, sem que o médium nada deva receber em troca. Todo o bem que o médium puder fazer para quem precisar dessa sua faculdade, terá a gratidão de Deus que o recompensará com benefícios espirituais. 

Aquele que se utilizar da sua mediunidade para beneficiar-se materialmente será punido com a perda desse dom; abrindo acesso para os maus espíritos que poderão prejudicá-lo seriamente tanto espiritual como materialmente. 

“Dai de graça o que de graça te foi dado”, é a recomendação que deve ser seguida à risca, imprescindivelmente. Daí porque o trabalho mediúnico não poderá jamais ser uma prática profissional. Porque todo auxílio prestado através da mediunidade só pode ser exclusivamente uma doação de amor. 

Vale ressaltar que essa regra não se aplica aos médicos ou escritores que usam de sua capacidade mediúnica para ampliar seus conhecimentos e, por sua vez, ampliar também os benefícios que podem oferecer à comunidade, através da profissão que exercem. 

A mediunidade não se trata de um intercâmbio entre o médium e os bons espíritos, somente; mas de um intercâmbio com os espíritos, em geral. O acesso aos bons ou maus espíritos vai depender do padrão moral do médium. Ou seja, quanto mais o médium elevar-se moralmente, mais atrairá os espíritos superiores; enquanto os maus espíritos se afastarão.  

O bom médium, portanto, não é aquele que se comunica mais facilmente com o mundo espiritual; mas, sim, aquele que é simpático aos bons espíritos.

Para evitar fraudes as pessoas precisam estar cientes de que a Mediunidade tem que ser um ato de caridade e de amor ao próximo e a Deus. O médium jamais poderá receber nenhum tipo de benefício material e principalmente ser uma pessoa de moral elevada para que possa se comunicar somente com os Espíritos de Luz.

Os médiuns que não possuírem tais requisitos estão sujeitos a receberem espíritos malignos que o conduzirão ao Mal. E aqueles que os consultam cientes de que são médiuns mal assessorados, com intenção de fazer mal a outrem, ou levados por ambição de riquezas, serão igualmente envolvidos na lama da maldade que cedo ou tarde os afogará.  

Vale ressaltar que não é o caso das pessoas que frequentavam a casa espírita do médium que presentemente está sendo investigado. Essas pessoas eram inocentes em busca de cura para suas enfermidades e suas orações formavam no local uma energia boa e de paz.

Quero acreditar que as que foram curadas devem essa cura à sua própria fé em Deus.  

A mediunidade é uma prova concreta da existência de Deus, do plano espiritual e da eternidade da alma. O melhor exemplo de mediunidade é brasileiro e leva o nome de Chico Xavier.    

 

Fonte de Pesquisa: O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

Nair Lúcia é poeta, jornalista, escritora e colaboradora da Revista Partes

 

 

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