Educação Educação Educação à Distância

Professor/tutor: uma análise sobre o seu papel e importância na EaD

Walter Pinto de Oliveira[1]

Jefferson Rodrigues da Silva[2]

  

Resumo

Esse trabalho visa analisar e refletir sobre o papel do professor/tutor em cursos EaD a partir de pressupostos teóricos e pesquisa de campo. A atuação do professor formador e do professor/tutor foi examinada por meio de pesquisa aplicada a alunos, tutores e professores de diversas áreas e formações acadêmicas. Investigaram-se as atividades desenvolvidas por professores e tutores em cursos EAD, o seu grau de influência, maneira de interação e as áreas de atuação. Concluiu-se que existe uma confusão sobre o papel desempenhado pelo professor e pelo tutor.

Palavras-chave: Tutor, Professor, EaD, Mediação.

 

Abstract

This work aims to analyze and reflect on the role of the teacher / tutor in distance education courses from theoretical assumptions and field research. The role of the teacher teacher and the teacher / tutor was examined through research applied to students, tutors and teachers from different areas and academic backgrounds. The activities developed by teachers and tutors in distance learning courses, their degree of influence, way of interaction and areas of activity were investigated. It was concluded that there is confusion about the role played by the teacher and the tutor.

Keywords: Tutor, Teacher, DE, Mediation.

 

Introdução

A oferta de cursos a distância cresce segundo dados da Associação Brasileira de Ensino à Distância (ABED), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e Universidade Aberta do Brasil (UAB). As matrículas nos cursos de graduação já representam cerca de 20% dos alunos em cursos não presenciais conforme dados do censo de 2017 da ABED (ABED, 2018).

Além das graduações, cursos de Educação à Distância (EaD) de outros níveis têm ganhado importância no cenário educacional do país, por exemplo as Especializações lato sensu, formação que representa a possibilidade de uma formação profissional e continuada nas instituições de ensino. Através da comunicação em redes, tem-se acesso rápido, compartilhando informações e mantendo contato com pessoas de qualquer parte do globo, diante de um cenário com possibilidades diversas que podem corrigir déficits educacionais em um país continental.

Cabe ressaltar que avanços tecnológicos enfrentam resistência da sociedade até a sua assimilação. Mudanças que a princípio foram consideradas sem importância mudaram a vida das pessoas, como, por exemplo, a caneta esferográfica que tirou a escrita de uma mesa formal e deu liberdade a todos de escreverem em outros ambientes, antes limitava-se a escrita a uma dependência da pena ou caneta tinteiro e da tinta.  O sociólogo Bauman (2001) comenta que o surgimento do livro, foi visto inicialmente com desconfiança por muitos, como algo que isolaria as pessoas, e que não poderia trazer ou disseminar o conhecimento com a plenitude da expressão oral. Tais exemplos remetem à resistência, mas também ao avanço tecnológico: que nos possibilite levar e buscar conhecimento seja qual for a fonte a ser utilizada. Este é um dos avanços que a EaD pode nos proporcionar.

No presente artigo será analisado o papel do professor-tutor no processo de ensino aprendizagem na EaD. Um olhar sobre onde e como deve ser a sua atuação e ainda se existe consenso (ou não) sobre o assunto. Serão analisados também aspectos de formação e estratégia didática própria para tal modalidade de ensino, as mudanças que ela implica na atuação do professor em um ambiente de aprendizagem diferente do convencional, agora repleto de tecnologias digitais e ambientes novos. Considerar-se-á em um contexto onde o professor-tutor mantem uma interação contínua com os alunos.

Este estudo passa a ser relevante ao considerar o avanço da EaD no Brasil, os desafios impostos a sua formação e a construção do conhecimento, não só na área didático-pedagógica, como também em Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), redes educacionais abertas (REA), Massive Open Online Course (MOOC), outras plataformas e recursos educacionais.

A partir dos aspectos a serem analisados, o estudo buscará responder e apresentar percepções do professor-tutor e suas competências desenvolvidas permeando o seu aprimoramento, dos alunos e uma melhoria constante da qualidade da EaD.

Referencial Teórico

Educação a Distância (EaD)

Paese (2012) parte da premissa que inexistem barreiras limítrofes de comunicação e os diálogos sejam eles culturais ou econômicos, principalmente na educação, não se encontram mais entre fronteiras. Mudanças tecnológicas têm gerado muitas transformações e formas de comunicação mais rápidas e atuais. E desta forma alterando o comportamento humano. As comunicações têm se mostrado cada vez mais dinâmicas causando alterações significativas.

Transformações tecnológicas estão conduzem para um mundo mais ágil, com um volume de trabalho desgastante (braçal) menor, poupando o tempo do homem para outras atividades, como dedicação ao campo das humanidades, ciências e engenharias. Muito em função da chegada da Quarta Revolução Industrial, ou como muitos tem chamado de Indústria 4.0: fenômeno de descentralização do controle dos processos e uma grande proliferação dos dispositivos inteligentes interconectados, em toda a cadeia de produção e de logística das fábricas. Permitindo, assim, que o processo industrial seja monitorado remotamente. As inovações nas áreas tecnológicas vêm permitindo cada vez mais uma redução nos custos provocando transformações em todos os níveis sociais com estilos e consumos diversificados, Rodrigues (2009).

A EaD já se utilizou de várias plataformas e mecanismos de comunicação: cartas, rádio, televisão, vídeos, apostilas impressas. enfim muitas outras ferramentas que em outras épocas eram utilizados para romper os entraves e encurtar distâncias no processo de ensino aprendizagem. O ato regulatório da EaD, assim como a conhecemos hoje, se deu no ano de 2005 com o Decreto nº 5.622/2005, com atualização em 2017, onde foi efetuada a regulamentação do artigo 80 da Lei de Diretrizes Básicas da Educação, Lei nº 9.394/1996:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.

  • 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.
  • 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.
  • 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.
  • 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

I – custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público;

II – concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III – reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos concessionários de canais comerciais.

A EaD é uma forma de aprendizado que normalmente ocorre em local que não seja o ambiente físico e tradicional de uma sala de aula. Ou seja, um local diverso do ensino dito tradicional, com utilização de técnicas e tecnologias, disposições organizacionais e administrativas específicas, Moore e Kearsley (2007).

Assim a EaD passa a representar um modelo de ensino que atende às expectativas dos alunos que, por algum motivo, não podem ou não conseguem frequentar um modelo de ensino regular (ARETIO, 2002). Além disso, a confiança e respeito da modalidade de ensino têm a impulsionado como primeira opção para muitos alunos.

Tecnologia e equipe multidisciplinar

         Novos modelos e plataformas tecnológicas geraram (e geram) melhoria, aceitação e ampliação da EaD. Nota-se, nesse sentido, um crescimento de ferramentas criadas, muitas delas em ambientes gratuitos, para a inovação de projetos pedagógicos que trilham para uma transformação do atual modelo de ensino.

         Entre as ferramentas tecnológicas destacam-se os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA’s) destinados a vincular, integrar e organizar mídias, linguagens e recursos diversos. AVA’s oferecem espaço para interações entre os membros no processo de ensino-aprendizagem-avaliação.

         Mas o que podemos dizer sobre todo esse aparato tecnológico que vem sendo utilizado na EaD sem considerarmos todo o processo em si? Podemos dizer que a tecnologia é somente uma parte de um modelo que vem crescendo e conquistando um espaço maior no sistema de ensino como um todo. Para Moore e Kearsley (2007), todas as peças que operam na EaD tem a sua importância, e no ensino a distância, tal sofisticação exige um nível gerencial maior que em qualquer outro modelo educacional.

         Moore e Kearsley (2007) ressalta a necessidade de um gerenciamento composto por uma equipe multidisciplinar dando um suporte ao curso, seja na área técnica ou suporte aos alunos. Equipe compreende dos gestores aos funcionários responsáveis pelo acesso do aluno ao sistema.

         Neste aspecto fica claro que o processo de ensino aprendizagem na EaD passa por duas premissas básicas que podemos classificar como tecnologias (TDIC’s e AVA) e suporte ao aluno. Nota-se que em todas as etapas faz-se necessário a observação e o acompanhamento quanto à utilização dos recursos no decorrer do curso. Sendo o professor/tutor o elo entre o aluno, o ambiente de aprendizagem e o acompanhamento das atividades desenvolvidas, conferindo ao curso o grau de qualidade esperado (NUNES, 2013).

         A EaD, por permitir ao aluno uma flexibilidade de aprendizado, faz com que o processo de acompanhamento seja mais complexo com gestão diferente e mais pormenorizada. A gestão do professor/tutor se torna mais difícil de ser efetuada, afinal de contas os alunos realizam suas tarefas e estudos em horários diversos, e se a gestão não for feita da forma correta pode-se gerar um dos maiores problemas da EaD, a evasão. Nos processos de gestão ou administração institucional há uma complexidade e organização que se consideram: conceber, planejar, sistematizar, organizar, coordenar, dirigir, supervisionar, e controlar e muitos outros verbos (RUMBLE, 2003).

Hora (1994) classifica gestão educacional a partir da premissa da administração científica, ou seja, modelo de gestão de processos fabris:

A administração escolar como disciplina e prática administrativa, por não ter ainda construído o seu corpo teórico próprio, demonstra em seu conteúdo as características das diferentes escolas da administração de empresas. Percebe-se, assim, a aplicação dessas teorias à atividade específica da educação, havendo, portanto, uma relação estreita entre a administração escolar e a administração de empresas, Hora (1994).

            Nesse sentido, sabe-se que o processo de ensino aprendizagem não é linear e não depende apenas de um agente. Na EaD a complexidade das interações torna as atividades difíceis de serem controlados pelo professor/tutor.

Práxis do professor/tutor da EaD

O professor/tutor é um agente de elevada importância na EaD, pois, auxilia o aluno em seu desenvolvimento e no processo de aprendizagem com mediações e intervenções que estimulam a interação, Belloni (2009).

         Podemos definir o professor/tutor como o responsável pela orientação e aprendizagem do aluno. Martins (2002) o classifica como: orientador acadêmico e facilitador que para desempenhar seu papel, ele passa a elaborar sua práxis pedagógica mediando processos de ensino e aprendizagem, incentivando e buscando conhecimentos com base em sua prática e na aprendizagem individual ou coletiva.

         O professor/tutor desempenha contato direto e individualizado (personalizado) com o aluno: auxiliando-o, intermediando-o na busca pelo conhecimento, tudo isso com a premissa de que cada aluno tem, em certo grau, autonomia dentro do processo de aprendizagem. E nesta tarefa, ele utiliza de vários canais e mecanismos de comunicação disponibilizados na EaD. Por meio desta mediação o aluno tem um direcionamento a ser seguido: exploração, pesquisa, investigação, trocas com os demais alunos sob um processo de aprendizagem guiada, autônoma e colaborativa.

         O professor/tutor deve possuir competências e aptidões específicas. Martins (2002) elenca tais habilidades: saber lidar com as diferenças individuais de entregas, ritmos nos grupos de alunos; saber fazer uso adequado das TDIC’s na elaboração de materiais e atualizado nas mudanças tecnológicas; trabalhar técnicas de avaliação diferenciadas daquelas já utilizadas no modelo presencial/tradicional; auto refletir sobre o seu conhecimento e ações buscando uma atualização e formação continuada.

Cabe, portanto, ao profissional professor/tutor desenvolver, em resumo, pesquisa e investigação em consonância com competências didático-pedagógicas que envolvam sua atuação: pessoais, tecnológicas, linguísticas, de trabalho colaborativo com alunos, com as equipes multidisciplinar e de suporte.

Materiais e Métodos

Optou-se nesse estudo pela pesquisa científica de natureza qualitativa: segundo Godoy (1995) a pesquisa qualitativa aborda questões amplas que se refinam no decorrer do processo de coleta dos dados. Sua maior contribuição está em buscar entender o significado que determinado fenômeno tem para as pessoas, de preferência em seu ambiente natural, e desta forma viabilizar uma compreensão neutra e dinâmica do sujeito (TURATO, 2005).

De acordo com o objetivo traçado, selecionou-se a pesquisa exploratória e descritiva. Fez-se a coleta de dados aconteceu por meio da aplicação de questionário abordando o papel do tutor e do professor em cursos EaD. O formulário foi divulgado e disponibilizado na forma eletrônica (Formulários Google).

Os dados tiveram análise qualitativa de conteúdo de grupos de elementos. As respostas mais relevantes para a pesquisa na categorização foram destacadas de modo a descrever as percepções, de um determinado grupo, em relação à função de professor/tutor e suas atividades desenvolvidas no processo de ensino e aprendizagem na EaD.

Resultados e discussões

O questionário de múltipla escolha, sob a forma eletrônica, foi respondido por um total de 463 pessoas, este esteve disponível por um período de 15 (quinze) dias. A Figura 1 apresenta o gráfico com percentual de pessoas responderam se já concluíram ou fizeram algum curso na modalidade EaD. O resultado condiz com a expansão de cursos nessa modalidade vivenciada no país. Dentre os respondentes, 19,2% afirmaram não ter cursado nenhum curso a distância antes, pensando na avaliação com fundamentos pautadas na experiência e conhecimento, e não no achismo, o formulário encerrou-se, portanto, para estas pessoas. A maioria, 80,8% dos entrevistados, responderam que já haviam cursado algum tipo de curso à distância, estas foram direcionadas para as próximas perguntas.

Figura 1 – Já concluiu ou fazem cursos EaD

Fonte: Próprio autor

Dentre os respondentes que já tiveram experiência com cursos na modalidade EaD, observou-se que 46,3%, a maioria, fez curso no nível de pós-graduação. Em proporção não muito distante, 37,2% fizeram graduação. Os cursos de formação continuada, conforme é observado na Figura 2, têm uma frequência menor entre os níveis investigados, apenas 16,6% das respostas.  O resultado condiz com o que se aprensenta no censo EAD.BR 2017  em que os cursos de especialização (pós-graduação) são maioria (ABED).

Figura 2 – Formação acadêmica ou complementar

Fonte: Próprio autor

Ainda como forma de mapear o perfil dos entrevistados, questionou-se qual o papel na relação com o curso EaD.  Constata-se que 89% dos entrevistados relacionaram-se como alunos, 20,3% e 15,8% responderam ter desempenhado o papel de professores/tutores e professores, respectivamente, como pode ser observado na Figura 3.

Figura 3 – Atuação em cursos EaD

Fonte: Próprio autor

Passando para as perguntas sobre as ferramentas tecnológicas da EaD, dos sistemas de gerenciamento de AVA’s, foi possível averiguar que o Moodle teve o maior destaque (62,8%), seguido pelo Canvas (34%). A Figura 4 apresenta os percentuais dos sistemas de gerenciamentos de AVA’s: TelEduc, E-proinfo, WebCT, AulaNet, Amadeus e outros.

Figura 4 – Ambientes virtuais de aprendizagem

Fonte: Próprio autor

Quanto ao papel do professor/tutor, entre os fatores motivadores percebe-se que o professor formador (8,3%) obtém o menor índice como elemento motivador para permanência ou conclusão do curso. Sendo a resposta, Nenhum, como maior índice para quase metade dos entrevistados com 49,7%, conforme Figura 5.

Os dados nos chamaram a atenção quanto o papel do professor e do tutor, com o tutor possuindo uma relevância muito superior na motivação do aluno se comparado ao professor. O resultado condiz com a condição de contato direto entre professor/tutor e o aluno. Outro a ser ressaltado é que 49,7% dos entrevistados não enxergam nos tutores e professores um fator para a motivação. Esse resultado aponta para um problema grave. Os professores/tutores em muitas instituições, principalmente aquelas com maior vocação mercadológica, não possuem formação adequada para sua atuação e tampouco são valorizados, em questão salarial, como agentes de atividade docente. Há ainda superlotação de salas que inviabilizam o atendimento personalizado ao aluno. Tudo isso reflete em elevados índices de evasão em cursos EaD (ABED).

Figura 5 – Motivação para conclusão

Fonte: Próprio autor

Para os entrevistados, 73% veem no tutor como referência para orientação e suporte; 27% enxergam no professor com a referência para orientação e suporte, conforme se observa na Figura 5.

Figura 6 – Orientação e/ou suporte

Fonte: Próprio autor

Resultados sobre o professor, professor e tutor, e tutor

O questionário agora distinguiu o profissional entre o professor formador (denominado aqui como professor), o professor/tutor (denominado aqui como tutor), e aquele que desempenhas os dois papéis simultaneamente (denominado aqui como professor e tutor). Entre as ferramentas de interação mais utilizadas foram apontadas: Videoconferência, Bate-papo, correio eletrônico e Fórum, cabendo ao pesquisado a escolha de mais de uma alternativa. O dado que mais apresentou valor discrepante foi Videoconferência, sendo esta ferramenta a mais usada quando o tutor e professor são a mesma pessoa, Figura 7. As demais não apresentaram uma diferença significativa entre elas.

Figura 7 – Ferramentas de interação

Fonte: Próprio autor

Com referência ao período de interação com os alunos os resultados nos mostraram que a resposta nunca apresentou uma diferença significativa, Figura 8. Cabe aqui ressaltar que este fator é explicado por cursos com várias salas e, alguns professores deixam o contato direto com os alunos apenas a cargo do tutor.

Figura 8 – Interação com alunos

Fonte: Próprio autor

No questionamento sobre o grau de influência na mediação para o sucesso no desenvolvimento de tarefas ou avaliações propostas em uma escala de 1 a 5, sendo 1 pouca influência e 5 muita influência, os resultados nos mostraram, conforme Figura 9.

O que se percebe é uma discrepância nas notas quatro e um onde o professor apresenta um percentual baixo na nota quatro com 16,80% em grau de influência e nota um com 19,80%. Esses dados nos mostram que o professor apresenta um baixo grau de influência para o sucesso dos alunos em desenvolvimento das atividades propostas pelo curso.

Figura 9 – Grau de influência

Fonte: Próprio autor

Quanto às atividades realizadas no curso, podendo o pesquisado elencar mais de uma alternativa, o resultado apontou dados muito similares, sem discrepâncias, para professor, para professor e tutor, para tutor; conforme Figura 10.

Figura 10 – Atividades realizadas

Fonte: Próprio autor

Cabendo aqui uma ressalva nas respostas relacionadas aos tutores onde os resultados apresentaram algumas diferenças. Com destaque para os quesitos: atuou como mediador no AVA, de modo a instigar o aprofundamento dos conteúdos disciplinares (50,9%), auxiliou o aluno a resolver dificuldades administrativas relativas ao curso (41%), manteve contato frequente com os alunos por correio eletrônico, fórum, bate-papo, etc. (39,2%), incentivou e estimulou o aluno (38,5%).

Conclusão

O artigo fez uma pesquisa envolvendo 463 pessoas sobre o papel do professor, professor/tutor na EaD. Os resultados da pesquisa ressaltaram grande importância do professor/tutor para o sucesso no desenvolvimento do aluno, no ensino e aprendizagem, na manutenção dos alunos até a conclusão dos cursos.

Observou-se que ainda há uma confusão entre o papel do professor e do professor/tutor e seu campo de atuação. Um mesmo profissional acaba exercendo diversas funções: professor, mediador, tutor. O não estabelecimento de um consenso condiz com o caráter novidade da modalidade de ensino e por legislação pouco clara.

Os resultados indicam que as instituições ofertantes de cursos em EaD devem atentar para a formação de professores/tutores preparados para atuar na motivação dos alunos para melhorias dos elevados índices de evasão da modalidade.

Há a necessidade de mais ponderações e reflexões sobre o assunto, como o aqui abordado. A clareza das legislações e escolhas baseada em fatos impacta na qualidade da relação com os alunos, do processo de ensino e aprendizagem.

REFERÊNCIAS

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Como publicar na REVISTA P@RTES

OLIVEIRA, W. P. e SILVA, J. R., Professor/tutor: uma análise sobre o seu papel e importância na EaD

[1] Economista. Cursista Especialização em Docência na Educação Básica – Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) – Arcos – MG – Brasil. E-mail: walterbeyn@gmail.com

[2] Orientador Especialização em Docência na Educação Básica – Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) – Arcos – MG – Brasil. E-mail: jefferson.silva@ifmg.edu.br

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