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O Chão sob meus pés

O CHÃO SOB MEUS PÉS

Um filme de Marie Kreutzer

Der Boden unter den Füßen  |  Áustria  |  2019  |  108 minutos  |  Drama

1 9   d e   m a r ç o   n o s   c i n e m a s

 

SINOPSE

 

Lola, uma consultora de negócios com trabalho incessante, gerencia sua vida pessoal com a mesma eficiência implacável que usa para otimizar margens de lucro. Ela mantém em segredo seu relacionamento com sua chefe Elise, bem como a existência de sua irmã mais velha, Conny, que tem uma longa história de doença mental. Entretanto, quando ela recebe a notícia de que Conny tentou se suicidar, seus segredos ameaçam explodir em público. Enquanto ela tenta fazer o que é melhor para sua irmã, sem comprometer tudo o que tanto trabalhou, Lola lentamente perde o controle da realidade.

 

Selecionado para a competição do Festival de Berlim, O CHÃO SOB MEUS PÉS é um envolvente drama psicológico, com toques de suspense, e uma corajosa declaração feminista, através dos medos de sua protagonista em ter um desempenho inferior em um mundo profissional cruel. Com uma atuação memorável de Valerie Pachner (“Um Vida Oculta”) como a protagonista Lola, o quarto longa-metragem da diretora Marie Kreutzer é uma obra inteligente e um retrato muito bem construído de uma mulher no século XXI.

 

 

FESTIVAIS E PRÊMIOS

 

Festival de Berlim – Em Competição

Festival de Guadalajara – Prêmio MAGUEY de Melhor Atuação (Valerie Pachner)

L.A. Outfest – Melhor Filme Internacional

Festival MixBrasil

Festival do Rio

German Screen Actors Awards – Prêmio de Melhor Atriz (Valerie Pachner)

Indicado a 10 prêmios no Austrian Film Award incluindo Melhor Filme, Direção e Atriz
Vencedor na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Pia Hierzegger)

 

 

Veja Trailler:

 

ENTREVISTA COM A DIRETORA

MARIE KREUTZER

 

O que te inspirou a colocar O CHÃO SOB MEUS PÉS no mundo da consultoria de negócios e como você pesquisou esse mundo para se preparar para o filme?

Tenho interesse por consultoria de negócios há algum tempo. Minha meia-irmã trabalhou em consultoria aos vinte e poucos anos e fiz um pequeno documentário sobre ela em 2004. Foi difícil porque tudo relacionado ao trabalho dela era confidencial e não era possível filmar seu “mundo de trabalho” diretamente. Acredito que eu já havia pensado em uma história fictícia naquele mundo mesmo não podendo capturá-lo. Talvez seja uma coincidência, mas eu também tive um período difícil em 2004 com meu trabalho, e foi muito exaustivo e depressivo, algo que eu não tinha como “nomear” naquela época. Olhando para trás, acho que talvez o assunto de ter que funcionar e executar o tempo todo esteja mais relacionado comigo do que eu pensava, e ainda está.

 

Tive a oportunidade de conversar com diversos ex-consultores. Três deles leram o roteiro em diferentes estágios. Seus pareceres sempre vieram de forma rápida, clara e foi extremamente produtivo. Apesar de não trabalharem mais como consultores, os anos que tiveram de ser extremamente eficientes eram notáveis em como trabalharam comigo, e como conversavam comigo. Às vezes, a forma como as palavras foram escolhidas me ensinaram mais sobre o mundo em que viveram do que o que estavam realmente falando. Eu não estava tão surpresa com o que ouvia, mas o que amo sobre pesquisar são os detalhes e encontrar o tom, as cores, a textura do universo. Claro que o trabalho de um consultor é exatamente o que imaginamos ser, mas as pessoas são realmente boas no que fazem apenas se realmente acreditam nisso, e isso foi o que me interessou. As pessoas das quais estamos falando são muito inteligentes e estudadas, porém são também muito jovens e em busca de um significado para o que fazem.

 

Ao mesmo tempo, acredito que o mundo da consultoria não está tão distante de onde a maioria de nós estamos. Eu não preciso vestir um traje para trabalhar, porém existem momentos na minha vida em que não posso desligar o telefone, receber vinte e-mails em uma hora e ter espaço para fraqueza, ou ao menos é o que parece para mim. Estamos correndo a todo o tempo. E não é à toa que a maioria de nós está exausta e precisando de diversos tratamentos ou remédios para lidar com o que a sociedade quer que sejamos. Uma psiquiatra que leu o roteiro me disse: Nem 100% de Conny é doença mental e nem 100% de qualquer outra pessoa é são. É disso que trata o filme, para mim: há uma escuridão em todos nós.

 

 

Como você desenvolveu a personagem de Lola e sua combinação de firmeza e vulnerabilidade?

Não posso dizer muito sobre “criar” Lola porque ela simplesmente estava lá. Ela é tantas mulheres que eu já vi. Na verdade, mulheres pelas quais estou pessoalmente muito irritada. Todas nós lutamos por perfeição a todo tempo e é doentio. E aquelas que parecem negar o fato de que é uma luta, essas são as mulheres que me irritam e fascinam ao mesmo tempo.

 

Lola também foi inspirada em MARNIE (“Marnie, Confissões de uma Ladra”) de Alfred Hitchcock, inconscientemente, mas MARNIE aparecia sempre. O que elas têm em comum é sua independência, sua maneira de viver sem precisar confiar em ninguém, recusando-se a ver sua própria escuridão. Elas estão totalmente sozinhas e isso as tornam personagens muito comoventes e vulneráveis, ao mesmo tempo em que são “difíceis”. Na verdade, MARNIE me fez decidir que Lola seria loira.

 

Eu nunca julgo meus personagens, não poderia contar as histórias deles se quisesse. Entendo Lola em cada momento do filme. Foi um choque quando descobri tardiamente no processo de edição o quanto de Lola tem dentro de mim! Foi numa época em que as primeiras pessoas viram o filme e reagiram muito, muito diferente e fui confrontada com meus medos de fracassar e não ser boa o suficiente, enquanto me culpava por não estar em casa suficiente, trabalhando demais e malhando pouco.

Lola não pode salvar Conny. Lola precisa salvar a si mesma. Não digo que ela consegue isso no filme!

 

 

Essa foi a primeira vez que você trabalhou com Valerie Pachner. Ela trouxe algo específico que mudou ou flexionou o papel?

Toda atriz e ator traz algo específico, e um filme muda a cada decisão de elenco. O que gostei de Valerie foi que ela me pareceu ser uma pessoa totalmente com os pés no chão, diferentemente de Lola. Ela é uma pessoa calorosa, e eu buscava por este contraste. Não há nada inseguro sobre Valerie, ao menos nada que eu pudesse ver! Ela é tão “aqui”, o que não é o que faz atrizes e atores serem bons, mas era algo tão diferente de Lola, as quais os pensamentos nunca são onde seus pés estão. Não precisei trabalhar muito! Às vezes eu fazia algo diferente entre as tomadas, porque ela era tão boa que eu não precisaria de uma segunda. Eu a deixei tentar outro subtexto ou ouvi seus pensamentos, sabendo que já tinha tudo o que precisava.

 

 

A irmã de Lola, Conny, sofre de esquizofrenia. Como você pesquisou sobre a doença mental dela e o mundo da enfermaria psiquiátrica para o filme?

Minha tia foi diagnosticada com esquizofrenia aos vinte e poucos anos. Então, sem saber, pesquisei por décadas! Quando trabalhei no roteiro conversei com diversos psiquiatras e psicólogos, visitei enfermarias psiquiátricas e passei um tempo lá. Digo horas, não semanas, porque é realmente muito para uma pessoa sensível como eu. Não conheço nenhum outro lugar que seja tão inquietante. Literalmente todo mundo andando pelo corredor ou sentado em uma cadeira almoçando parece imprevisível. Entretanto, isso não é apenas assustador, me atrai ao mesmo tempo. O engraçado é que quando uma vez me pediram para descrever carisma eu também usei a palavra “imprevisível”.

 

Então, talvez essa seja a coisa mais importante sobre Conny. E, apesar da personagem ter já sido escrita como uma pessoa imprevisível, uma pessoa que sempre te tornaria insegura, irritante, temperamental, mas ao mesmo tempo mulher quase confiante, precisei encontrar meios de torná-la ainda menos previsível enquanto filmava para REALMENTE irritar Valerie e outros atores ao redor dela.

 

 

 

Você vê O CHÃO SOB MEUS PÉS continuando seu trabalho anterior, ou parece um afastamento dos outros filmes que você dirigiu?

Estrategicamente, creio que não. Faço o que me interessa e o que me atrai. Assim como uma consultora, sou boa apenas se acredito no que faço. Eu não me importo com gênero e não há plano mestre para uma obra! O primeiro tratamento de O CHÃO SOB MEUS PÉS foi já escrito entre meu primeiro e segundo filme, apenas levou um pouco mais de tempo. Não sinto como um afastamento, não trabalhei de forma diversa e estou surpresa de ver o quão diferente as pessoas parecem achar dos meus outros filmes.

 

Sempre amo meus personagens e sempre amo meus atores. Eu os levo a sério e acredito no roteiro. Cada filme é seu próprio universo e eu adoro segui-lo, estar preparada e deixar todo o pensamento para trás e ser intuitiva no set. Na verdade, uma grande dificuldade em escrever, filmar e editar o filme foi algo muito familiar para mim: o medo de a personagem principal não ser amada pelo espectador, mas tive o mesmo problema com Gruber em GRUBER IS LEAVING e Stella em WE USED TO BE COOL.

 

 

Lola parece ter organizado sua vida perfeitamente e alcançado “sucesso”, mas, com frequência, é a família que a alcança.

Família é o melhor tema, porque você não pode escolher sua família. Você nasce e a história de sua família já está lá. Você não pode criar ou influenciá-la. Você pode deixar um parceiro ou um amigo, mas mesmo que você deixe sua família, ela sempre fará parte de você.

 

 

É um filme em que às vezes nos sentimos um passo à frente e outras vezes um passo atrás de Lola. O que foi importante para você no ritmo do filme?

Eu dificilmente penso sobre ritmo durante a filmagem e filmo cada cena desde o começo ao fim, sem pedaços, sem capturas específicas. Trabalhar com minha montadora Ulrike Kofler tornou-se, talvez, minha parte favorita em fazer um longa-metragem — não é tão estressante quanto filmar, eu não preciso discutir tanto, e é tão belo ter todo aquele material e poder fazer algo com ele.

 

Todavia, o que você está falando é mais relacionado ao roteiro. Imprevisibilidade é importante. Não apenas por conta do suspense, mas também do sentimento que isso dá a você, espectador, de nunca realmente saber COMO a história te é contada. Ninguém pega a sua mão e te mostra o que pensar. Um ator que viu o filme achou o final indeciso, mas para mim foi importante deixar o espectador decidir. Para mim, o final é absolutamente claro.

 

 

O CHÃO SOB MEUS PÉS

Um filme de Marie Kreutzer

Der Boden unter den Füßen  |  Áustria  |  2019  |  108 minutos  |  Drama

1 9   d e   m a r ç o   n o s   c i n e m a s

 

SINOPSE

 

Lola, uma consultora de negócios com trabalho incessante, gerencia sua vida pessoal com a mesma eficiência implacável que usa para otimizar margens de lucro. Ela mantém em segredo seu relacionamento com sua chefe Elise, bem como a existência de sua irmã mais velha, Conny, que tem uma longa história de doença mental. Entretanto, quando ela recebe a notícia de que Conny tentou se suicidar, seus segredos ameaçam explodir em público. Enquanto ela tenta fazer o que é melhor para sua irmã, sem comprometer tudo o que tanto trabalhou, Lola lentamente perde o controle da realidade.

 

Selecionado para a competição do Festival de Berlim, O CHÃO SOB MEUS PÉS é um envolvente drama psicológico, com toques de suspense, e uma corajosa declaração feminista, através dos medos de sua protagonista em ter um desempenho inferior em um mundo profissional cruel. Com uma atuação memorável de Valerie Pachner (“Um Vida Oculta”) como a protagonista Lola, o quarto longa-metragem da diretora Marie Kreutzer é uma obra inteligente e um retrato muito bem construído de uma mulher no século XXI.

 

 

 

Festival de Berlim – Em Competição

Festival de Guadalajara – Prêmio MAGUEY de Melhor Atuação (Valerie Pachner)

L.A. Outfest – Melhor Filme Internacional

Festival MixBrasil

Festival do Rio

German Screen Actors Awards – Prêmio de Melhor Atriz (Valerie Pachner)

Indicado a 10 prêmios no Austrian Film Award incluindo Melhor Filme, Direção e Atriz
Vencedor na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Pia Hierzegger)

IMPRENSA INTERNACIONAL

 

 

“Um drama psicológico vigoroso, inteligente e instigante. Valerie Pachner está fascinante”
– Variety

 

“O CHÃO SOB MEUS PÉS é uma visão essencial para os nossos tempos de ansiedade. Um thriller psicológico ambivalente, enriquecido com comentários sociais abrasadores.”

– The Wrap

 

“Um filme astuto e de primeiro escalão. Revela uma poderosa fábula com metáforas.”
– The New York Times

 

“Valerie Pachner brilha! Um drama sobre os laços fraternos e amorosos emocionalmente desgastados de Lola e um retrato clinicamente observado de uma mulher do século 21 que tenta permanecer à tona em uma economia cruelmente orientada ao lucro, onde os sentimentos são inimigos da eficiência” – The Hollywood Reporter

 

“Um nocaute! Marie Kreutzer, que escreveu o roteiro, mostra-se especialmente hábil, em conjunto com a montadora Ulrike Kofler, com o suspense natural entre a vida profissional e pessoal de Lola e onde as vulnerabilidades de uma se esvai na outra. Uma tensão constante.” – Los Angeles Times

 

“Um discurso sobre família, memória e o que perdemos se nos transformarmos em máquinas de trabalho que passam 48 horas sem dormir, esgueira-se sutilmente no tecido do psicodrama de Kreutzer, sustentado através de um bom uso de cenário, foco e cor da fotografia” – Screen International

 

“Um estudo clínico e eficaz, que analisa uma mulher de negócios ambiciosa cuja vida está desmoronando lentamente em três frentes: família, vida amorosa e carreira. Mostra os nossos tempos cada vez mais impessoais e é um lembrete sério do que as mulheres enfrentam no local de trabalho.” – San Francisco Chronicle

 

ENTREVISTA COM A DIRETORA

MARIE KREUTZER

 

O que te inspirou a colocar O CHÃO SOB MEUS PÉS no mundo da consultoria de negócios e como você pesquisou esse mundo para se preparar para o filme?

Tenho interesse por consultoria de negócios há algum tempo. Minha meia-irmã trabalhou em consultoria aos vinte e poucos anos e fiz um pequeno documentário sobre ela em 2004. Foi difícil porque tudo relacionado ao trabalho dela era confidencial e não era possível filmar seu “mundo de trabalho” diretamente. Acredito que eu já havia pensado em uma história fictícia naquele mundo mesmo não podendo capturá-lo. Talvez seja uma coincidência, mas eu também tive um período difícil em 2004 com meu trabalho, e foi muito exaustivo e depressivo, algo que eu não tinha como “nomear” naquela época. Olhando para trás, acho que talvez o assunto de ter que funcionar e executar o tempo todo esteja mais relacionado comigo do que eu pensava, e ainda está.

 

Tive a oportunidade de conversar com diversos ex-consultores. Três deles leram o roteiro em diferentes estágios. Seus pareceres sempre vieram de forma rápida, clara e foi extremamente produtivo. Apesar de não trabalharem mais como consultores, os anos que tiveram de ser extremamente eficientes eram notáveis em como trabalharam comigo, e como conversavam comigo. Às vezes, a forma como as palavras foram escolhidas me ensinaram mais sobre o mundo em que viveram do que o que estavam realmente falando. Eu não estava tão surpresa com o que ouvia, mas o que amo sobre pesquisar são os detalhes e encontrar o tom, as cores, a textura do universo. Claro que o trabalho de um consultor é exatamente o que imaginamos ser, mas as pessoas são realmente boas no que fazem apenas se realmente acreditam nisso, e isso foi o que me interessou. As pessoas das quais estamos falando são muito inteligentes e estudadas, porém são também muito jovens e em busca de um significado para o que fazem.

 

Ao mesmo tempo, acredito que o mundo da consultoria não está tão distante de onde a maioria de nós estamos. Eu não preciso vestir um traje para trabalhar, porém existem momentos na minha vida em que não posso desligar o telefone, receber vinte e-mails em uma hora e ter espaço para fraqueza, ou ao menos é o que parece para mim. Estamos correndo a todo o tempo. E não é à toa que a maioria de nós está exausta e precisando de diversos tratamentos ou remédios para lidar com o que a sociedade quer que sejamos. Uma psiquiatra que leu o roteiro me disse: Nem 100% de Conny é doença mental e nem 100% de qualquer outra pessoa é são. É disso que trata o filme, para mim: há uma escuridão em todos nós.

 

 

Como você desenvolveu a personagem de Lola e sua combinação de firmeza e vulnerabilidade?

Não posso dizer muito sobre “criar” Lola porque ela simplesmente estava lá. Ela é tantas mulheres que eu já vi. Na verdade, mulheres pelas quais estou pessoalmente muito irritada. Todas nós lutamos por perfeição a todo tempo e é doentio. E aquelas que parecem negar o fato de que é uma luta, essas são as mulheres que me irritam e fascinam ao mesmo tempo.

 

Lola também foi inspirada em MARNIE (“Marnie, Confissões de uma Ladra”) de Alfred Hitchcock, inconscientemente, mas MARNIE aparecia sempre. O que elas têm em comum é sua independência, sua maneira de viver sem precisar confiar em ninguém, recusando-se a ver sua própria escuridão. Elas estão totalmente sozinhas e isso as tornam personagens muito comoventes e vulneráveis, ao mesmo tempo em que são “difíceis”. Na verdade, MARNIE me fez decidir que Lola seria loira.

 

Eu nunca julgo meus personagens, não poderia contar as histórias deles se quisesse. Entendo Lola em cada momento do filme. Foi um choque quando descobri tardiamente no processo de edição o quanto de Lola tem dentro de mim! Foi numa época em que as primeiras pessoas viram o filme e reagiram muito, muito diferente e fui confrontada com meus medos de fracassar e não ser boa o suficiente, enquanto me culpava por não estar em casa suficiente, trabalhando demais e malhando pouco.

Lola não pode salvar Conny. Lola precisa salvar a si mesma. Não digo que ela consegue isso no filme!

 

 

Essa foi a primeira vez que você trabalhou com Valerie Pachner. Ela trouxe algo específico que mudou ou flexionou o papel?

Toda atriz e ator traz algo específico, e um filme muda a cada decisão de elenco. O que gostei de Valerie foi que ela me pareceu ser uma pessoa totalmente com os pés no chão, diferentemente de Lola. Ela é uma pessoa calorosa, e eu buscava por este contraste. Não há nada inseguro sobre Valerie, ao menos nada que eu pudesse ver! Ela é tão “aqui”, o que não é o que faz atrizes e atores serem bons, mas era algo tão diferente de Lola, as quais os pensamentos nunca são onde seus pés estão. Não precisei trabalhar muito! Às vezes eu fazia algo diferente entre as tomadas, porque ela era tão boa que eu não precisaria de uma segunda. Eu a deixei tentar outro subtexto ou ouvi seus pensamentos, sabendo que já tinha tudo o que precisava.

 

 

A irmã de Lola, Conny, sofre de esquizofrenia. Como você pesquisou sobre a doença mental dela e o mundo da enfermaria psiquiátrica para o filme?

Minha tia foi diagnosticada com esquizofrenia aos vinte e poucos anos. Então, sem saber, pesquisei por décadas! Quando trabalhei no roteiro conversei com diversos psiquiatras e psicólogos, visitei enfermarias psiquiátricas e passei um tempo lá. Digo horas, não semanas, porque é realmente muito para uma pessoa sensível como eu. Não conheço nenhum outro lugar que seja tão inquietante. Literalmente todo mundo andando pelo corredor ou sentado em uma cadeira almoçando parece imprevisível. Entretanto, isso não é apenas assustador, me atrai ao mesmo tempo. O engraçado é que quando uma vez me pediram para descrever carisma eu também usei a palavra “imprevisível”.

 

Então, talvez essa seja a coisa mais importante sobre Conny. E, apesar da personagem ter já sido escrita como uma pessoa imprevisível, uma pessoa que sempre te tornaria insegura, irritante, temperamental, mas ao mesmo tempo mulher quase confiante, precisei encontrar meios de torná-la ainda menos previsível enquanto filmava para REALMENTE irritar Valerie e outros atores ao redor dela.

 

 

 

Você vê O CHÃO SOB MEUS PÉS continuando seu trabalho anterior, ou parece um afastamento dos outros filmes que você dirigiu?

Estrategicamente, creio que não. Faço o que me interessa e o que me atrai. Assim como uma consultora, sou boa apenas se acredito no que faço. Eu não me importo com gênero e não há plano mestre para uma obra! O primeiro tratamento de O CHÃO SOB MEUS PÉS foi já escrito entre meu primeiro e segundo filme, apenas levou um pouco mais de tempo. Não sinto como um afastamento, não trabalhei de forma diversa e estou surpresa de ver o quão diferente as pessoas parecem achar dos meus outros filmes.

 

Sempre amo meus personagens e sempre amo meus atores. Eu os levo a sério e acredito no roteiro. Cada filme é seu próprio universo e eu adoro segui-lo, estar preparada e deixar todo o pensamento para trás e ser intuitiva no set. Na verdade, uma grande dificuldade em escrever, filmar e editar o filme foi algo muito familiar para mim: o medo de a personagem principal não ser amada pelo espectador, mas tive o mesmo problema com Gruber em GRUBER IS LEAVING e Stella em WE USED TO BE COOL.

 

 

Lola parece ter organizado sua vida perfeitamente e alcançado “sucesso”, mas, com frequência, é a família que a alcança.

Família é o melhor tema, porque você não pode escolher sua família. Você nasce e a história de sua família já está lá. Você não pode criar ou influenciá-la. Você pode deixar um parceiro ou um amigo, mas mesmo que você deixe sua família, ela sempre fará parte de você.

 

 

É um filme em que às vezes nos sentimos um passo à frente e outras vezes um passo atrás de Lola. O que foi importante para você no ritmo do filme?

Eu dificilmente penso sobre ritmo durante a filmagem e filmo cada cena desde o começo ao fim, sem pedaços, sem capturas específicas. Trabalhar com minha montadora Ulrike Kofler tornou-se, talvez, minha parte favorita em fazer um longa-metragem — não é tão estressante quanto filmar, eu não preciso discutir tanto, e é tão belo ter todo aquele material e poder fazer algo com ele.

 

Todavia, o que você está falando é mais relacionado ao roteiro. Imprevisibilidade é importante. Não apenas por conta do suspense, mas também do sentimento que isso dá a você, espectador, de nunca realmente saber COMO a história te é contada. Ninguém pega a sua mão e te mostra o que pensar. Um ator que viu o filme achou o final indeciso, mas para mim foi importante deixar o espectador decidir. Para mim, o final é absolutamente claro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BIOGRAFIA DA DIRETORA

MARIE KREUTZER

Marie Kreutzer nasceu em Graz, na Áustria, em 1977 e estudou roteiro na Academia de Cinema de Viena. Seu primeiro filme, THE FATHERLESS, estreou no Festival de Berlim no Panorama Especial em 2011, recebendo Menção Especial por “Melhor Primeiro Longa Metragem”. Seu segundo filme, GRUBER IS LEAVING (2015), foi nomeado para o Prêmio de Cinema Austríaco e recebeu Menção Especial como “Melhor Filme” no Festival de Zurique. Em 2016, seu terceiro filme WE USED TO BE COOL também estreou no Festival de Zurique em competição. O CHÃO SOB MEUS PÉS é o mais novo filme de Marie Kreutzer como roteirista e diretora e estreou na Competição do Festival de Berlim em 2019.

 

FILMOGRAFIA DA DIRETORA

MARIE KREUTZER
2019 – O Chão Sob Meus Pés

2016 – We Used To Be Cool

2015 – Gruber is Leaving

2011 – The Fatherless

 

ELENCO

VALERIE PACHNER …………………………………………………………………….. Lola

PIA HIERZEGGER …..…………………………………………………………………… Conny

MAVIE HÖRBIGER …………………………………………………………………….. Elise

MICHELE BARTHEL ……..……………………………………………………………. Birgit

MARC BENJAMIN …………………………………………………………………….. Sebastian

AXEL SICHROVSKY ……………………………………………………………………. Herr Bacher

DOMINIC MARCUS SINGER ……………………………………………………….. Jürgen

MEO WULF ……………………………………………………………………………… Clemens

 

EQUIPE

Escrito e dirigido por ………………………………………………………….. MARIE KREUTZER

Produtores ……………………………………………………………………….. ALEXANDER GLEHR,

                                                                                                                              FRANZ NOVOTNY

Produção executiva …………………………………………………………… JOHANNA SCHERZ

Direção de fotografia ………………………………………………………… LEENA KOPPE

Montagem ………………………………………………………………………. ULRIKE KOFLER

Direção de Arte ……………………………………………………………….. MARTIN REITER

Música original ……………………………………………………………….. KYRRE KVAM

Figurino ………….……………………………………………………………… MONICA BUTTINGER

Maquiagem …………………………………………………………………… MAIKE HEINLEIN

Som ……………………………………………………………………………… ODO GRÖTSCHNIG,

                                                                                                                       BERNHARD MAISCH

Designer de Som …………………………………………………………… VERONIKA HLAWATSCH

Diretor de Produção ……………………………………………………… GOTTLIEB PALLENDORF

Elenco ………….………………………….

 

 

https://youtu.be/WdpaPhiHXBc

 

 

 

 

 

 

 

BIOGRAFIA DA DIRETORA

MARIE KREUTZER

Marie Kreutzer nasceu em Graz, na Áustria, em 1977 e estudou roteiro na Academia de Cinema de Viena. Seu primeiro filme, THE FATHERLESS, estreou no Festival de Berlim no Panorama Especial em 2011, recebendo Menção Especial por “Melhor Primeiro Longa Metragem”. Seu segundo filme, GRUBER IS LEAVING (2015), foi nomeado para o Prêmio de Cinema Austríaco e recebeu Menção Especial como “Melhor Filme” no Festival de Zurique. Em 2016, seu terceiro filme WE USED TO BE COOL também estreou no Festival de Zurique em competição. O CHÃO SOB MEUS PÉS é o mais novo filme de Marie Kreutzer como roteirista e diretora e estreou na Competição do Festival de Berlim em 2019.

 

FILMOGRAFIA DA DIRETORA

MARIE KREUTZER
2019 – O Chão Sob Meus Pés

2016 – We Used To Be Cool

2015 – Gruber is Leaving

2011 – The Fatherless

 

ELENCO

VALERIE PACHNER …………………………………………………………………….. Lola

PIA HIERZEGGER …..…………………………………………………………………… Conny

MAVIE HÖRBIGER …………………………………………………………………….. Elise

MICHELE BARTHEL ……..……………………………………………………………. Birgit

MARC BENJAMIN …………………………………………………………………….. Sebastian

AXEL SICHROVSKY ……………………………………………………………………. Herr Bacher

DOMINIC MARCUS SINGER ……………………………………………………….. Jürgen

MEO WULF ……………………………………………………………………………… Clemens

 

EQUIPE

Escrito e dirigido por ………………………………………………………….. MARIE KREUTZER

Produtores ……………………………………………………………………….. ALEXANDER GLEHR,

                                                                                                                              FRANZ NOVOTNY

Produção executiva …………………………………………………………… JOHANNA SCHERZ

Direção de fotografia ………………………………………………………… LEENA KOPPE

Montagem ………………………………………………………………………. ULRIKE KOFLER

Direção de Arte ……………………………………………………………….. MARTIN REITER

Música original ……………………………………………………………….. KYRRE KVAM

Figurino ………….……………………………………………………………… MONICA BUTTINGER

Maquiagem …………………………………………………………………… MAIKE HEINLEIN

Som ……………………………………………………………………………… ODO GRÖTSCHNIG,

                                                                                                                       BERNHARD MAISCH

Designer de Som …………………………………………………………… VERONIKA HLAWATSCH

Diretor de Produção ……………………………………………………… GOTTLIEB PALLENDORF

Elenco ………….……………………………………………………………… RITA WASZILOVICS

Produção …………………………………………………………………….. NOVOTNY & NOVOTNY FILMPRODUKTION

Distribuição nacional ……………………………………………………. SUPO MUNGAM FILMS

 

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