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Contribuições da Pesquisa em Educação

Contribuições da Pesquisa em Educação

Karoline Ribeiro Rabelo[*]

Rozane Alonso Alves[†]

Karoline Ribeiro Rabelo – Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas –UFAM, Instituto de Educação Agricultura e Ambiente IEAA. Email karolrabello@gmail.com

Resumo: A proposta deste excerto é discutir as contribuições da pesquisa em Educação. O artigo se articula ao Projeto de Pesquisa intitulado: Questões de gênero nas práticas pedagógicas e curriculares de escolas públicas municipais de Humaitá – AM, vinculado a Universidade Federal do Amazonas. As leituras sobre pesquisa em educação vem possibilitando perceber as implicações metodológicas no âmbito da pesquisa sobre Gênero no contexto da educação escolar pública de Humaitá-AM.

Palavras-Chave: Pesquisa em Educação. Campo Metodológico. Novos Horizontes. Contribuições teórico-metodológicas.

Contributions of Education Research

Abstract: The purpose of this excerpt is to discuss the contributions of research in Education. The article is linked to the Research Project entitled: Gender issues in the pedagogical and curricular practices of public schools in Humaitá – AM, linked to the Federal University of Amazonas. The readings on research in education have made it possible to understand the methodological implications in the scope of research on Gender in the context of public school education in Humaitá-AM.

Keywords: Education Research. Methodological Field. New Horizons. Theoretical and methodological contributions.

Contribuições Metodológicas da Pesquisa em Educação

 

Ao se debater sobre a pesquisa na área da educação no Brasil e principalmente depois de se fazer uma breve análise histórica é possível acompanhar uma mudança significativa nas metodologias, técnicas, tipos, e instrumentos utilizados.  Esse novo leque de opções abre-se de maneira significativa para espaços da pesquisa, assim como, também os redireciona para novos horizontes.

Adentrando mais profundamente nesse movimento e em seu impacto é importante trabalhar com delimitações precisas já que essas que classificam os momentos históricos e como esses se desenvolvem passando por diversos momentos. O presente artigo pretende incorporar um olhar numa perspectiva pós-crítica e como essa metodologia se dispõe. Paraíso traz:

[..] as pesquisas pós-críticas em educação no Brasil explicitam aquilo que não constituem objeto de seus interesses não gostam de explicações universais nem de totalidade nem de completude sou plenitude em vez disso o pitão claramente por explicações e narrativas parciais pela qual pelo local e pelo particular. (PARAISO, 2004. p. 286)

A autora traz uma das características mais marcantes a respeito das pesquisas pós-críticas a relação do feito/efeito em sua correlação com o indivíduo e seu meio sua influência trabalhando com uma paleta aberta a novas cores como é possível observar na fala de Paraíso 2004:

Em síntese os objetivos da maioria dos estudos e trabalhos divulgados no período do contágio que vem imediatamente após os traços iniciais parecem ser: divulgar os desafios teóricos e políticos colocados pela teoria pós críticas; mostrar a importância para educação de seus argumentos e das questões por elas tratadas; e contribuir para criar um caminho investigativo e saídas metodológicas para escapada totalização e homogeneização nas metanarrativas buscando possibilidades para pesquisas que utilizam singular, o local, e o parcial. (PARAÍSO, 2004. p. 288)

Rozane Alonso Alves – Professora Dra Rozane Alonso Alves. Professora do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente – IEAA, da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Email: rozanealonso@ufam.edu.br

O trabalho de Paraíso (2004) a respeito das metodologias pós-críticas traz um novo olhar sobre os trabalhos tratados que foram mapeados dentro da sua obra. É interessante ressaltar que tais obras não necessariamente se correlacionam entre si, mas dentro de um todo, essas se expandem de maneira significativa e mostram seus resultados principais que trazendo para o leitor uma perspectiva diferente a respeito das metodologias pós-críticas que até então era difícil de se encontrar. As obras até então descritas ao serem colocadas uma do lado da outra, acabam por ressaltar que, pois, por mais perto ou longe, a frente de seu tempo ou regredindo para análises históricas sempre é possível encontrar uma ponta, um olhar que se relacione direta ou indiretamente uma com a outra. Paraíso (2004) exemplifica isso:

Algumas linhas traçadas são exploradas, estendidas, traçadas de outros modos. Outras linhas parecem desmanchar-se logo que traçadas, algumas fazem contornos, outras demarcam diferenças, outras ainda parecem sumir no silêncio dado em sua força de inquietação. Algumas linhas proliferam, outras não aumentam sua potência e não há continuidade nos seus traçados iniciados. Talvez porque naquele momento as linhas tenham sido fortes, frias e cortantes demais. (PARAÍSO, 2004 p. 289)

Dessa maneira é possível compreender as metodologias pós-críticas para além de algo concreto, sólido e parado, mas sim como algo em constante movimento, que se remodela e se resignifica a partir das necessidades. Essas por sua vez descritas a partir de uma subjetividade que não somente se limita isso, mas se expande em seu próprio meio de pesquisa. Nisso se traz questionamentos acerca da educação, do currículo, da sociedade e que agora entram dentro de uma pesquisa com uma demanda muito grande. A visibilidade presente nas teorias e metodologias pós-críticas é de suma importância já que está traz indagações antes não feitas e principalmente, buscando possibilidades para se perguntar e problematizar.

Possível dizer então que as pesquisas pós-críticas em educação no Brasil têm contribuído para conexão dos campos, para o desbloqueio dos conteúdos, para a proliferação de formas e para o contágio de saberes minoritários. (PARAÍSO, 2004. p. 295)

Após compreender a respeito da teoria pós crítica é preciso saber a respeito das metodologias que englobam essa perspectiva. As discussões a respeito das metodologias qualitativas e suas variantes são muito discutidas atualmente já que sua ampla diversidade de métodos, instrumentos. E as formas de serem trabalhadas podem causar uma confusão a respeito de qual, como e por que usar as metodologias qualitativas. Tendo em vista que as metodologias qualitativas se englobam como naturalística, etnográfica e estudo de caso, não se limitando somente a isso. Vamos compreender agora um pouco sobre cada uma delas. Ludke (1986) traz que:

A pesquisa qualitativa ou naturalística segundo Bogdan e Biklen (1982) envolve a obtenção de dados descritivos obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes (LUDKE, 1986. p. 13)

Em primeira instância é preciso saber diferenciar todos os tipos de metodologias e como elas devem ser aplicadas na sua pesquisa. a principal característica da pesquisa qualitativa ou naturalística é o fato de o ambiente se o fator natural de obtenção de dados sendo o pesquisador um instrumento que vai ser utilizado nesse processo. Diferente da etnográfica como Ludke (1986) que traz a etnografia com a descrição sistema de significados culturais de um determinado grupo. E esse por sua vez tem como produto mais importante do que o processo.

O estudo de caso por sua vez:

A preocupação central ao se desenvolver esse tipo de pesquisa é a compreensão de uma instância singular. Isso significa que o objeto estudado é tratado como único uma representação singular da realidade que é multidimensional e historicamente situada (LUDKE, 1986. p. 21)

Quando se entende cada um dos tipos de pesquisa e, como e onde elas devem ser desenvolvidas, passamos para os métodos mais importantes a respeito de cada uma dessas pesquisas. Entre as mais importantes a serem destacadas são a observação e a entrevista. A observação em si é algo natural do ser humano nós olhamos, observamos e capitamos a essência de todos os lugares que vamos, todas as coisas que fazemos e tudo aquilo que nos rodeia.  É interessante que nosso cérebro guarda informações até mesmo quando não estamos prestando atenção em algo. Acaba-se por ser possível capturar várias coisas por meio da observação, sendo este um dos mais importantes instrumentos a serem utilizados dentro das pesquisas qualitativas já citadas.

Para que se torne um instrumento válido e fidedigno de investigação científica a observação precisa ser antes de tudo controlada e sistemática isso implica a existência de um planejamento cuidadoso do trabalho e uma preocupação rigorosa do observador (LUDKE, 1986. p. 25)

Ludke (1986) também traz que observação direta permite que o observador chegue mais perto da perspectiva do sujeito um importante alvo nas abordagens qualitativas já que as abordagens qualitativas trabalham com a subjetividade, a perspectiva do outro, o que o outro ver a respeito de cada coisa e como ele age e resignifica aquilo.

Outro fator importante é uma relação bem construída do pesquisador com o indivíduo. A confiança é um fator importante a ser agregado dentro de uma pesquisa qualitativa já que na entrevista, de acordo com Ludke (1986) os métodos a serem utilizados envolvem uma relação de confiança e companheirismo onde o pesquisador estabeleça uma relação direta e consistente para obter os resultados mais verdadeiros de consistentes dentro da sua pesquisa dentro. “A investigação qualitativa nos permite uma abordagem mais alargada da realidade social e individual permite a compreensão de todo a partir de aspectos singulares e de posições coletivas”. (EUGÊNIO; TRINDADE, 2017. p. 121)

Da mesma maneira que ludke traz sobre a confiança e um relacionamento entre o pesquisador e o indivíduo Eugênio e Trindade trazem considerações importantes a respeito das entrevistas narrativas e o seu papel dentro das pesquisas qualitativas. Entrando de uma maneira mais profunda nos métodos das pesquisas qualitativas focalizando nas entrevistas narrativas e os seus impactos procuramos nos atentar nessa correlação existente entre os assuntos trabalhados. A teoria pós crítica e os seus elementos assim como a pesquisa qualitativa e as suas considerações e principalmente esse método de entrevistas narrativas. Onde que todos esses se relacionam e se completam numa metodologia que será utilizada posteriormente em um projeto de pesquisa pedagógica.

A singularidade da entrevista narrativa se dá na ressignificação presente como um elemento em seu corpus. Como bem se vê na fala de:

As entrevistas narrativas se supõem a priori a trabalhar com os fatos sociais as experiências individuais e coletivas e sobretudo com histórias de vida dentro de um contexto sócio histórico elas possibilitam identificar e refletir sobre aspectos característicos a partir dos quais produzem histórias cruzadas entre o individual e o contexto social coletivo (EUGÊNIO; TRINDADE, 2017, p. 121)

Caracterizada dentro de uma teoria pós-crítica os assuntos relevantes dentro das entrevistas narrativas de acordo com Eugenio em Trindade são bem interessantes por que ultrapassam o sentido de pesquisa como acadêmica e passa por um contexto social mais profundo levando em consideração a vida e a subjetividade do entrevistado

Eugênio e Trindade se atentam em não somente ver um percurso superficial de capturar experiências vividas, mas em se compreender mais profundamente as minúcias por trás de cada história de cada fato narrado e explicado em suas narrativas já que Eugênio e Trindade (2017, p. 122) a firmam “não existe uma experiência humana e social que não seja transmitida e manifestada numa narrativa”.

Referências

 

CORSETTI, Berenice.  A análise documental no contexto da metodologia qualitativa: uma abordagem a partir da experiência de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unisinos.  UNtrevista, v 1. n 1. p 32-46. 2006.

EUGENIO, Benedito. TRINDADE, Lucas Bonina. A entrevista narrativa e suas contribuições para a pesquisa em educação. Pedagog. Foco, Iturama – MG, v. 12, n 7, p. 117-132, jan/jun. 2017.

LUKDE, Menga. Pesquisa em educação; abordagens qualitativas. Marli E.D.A. André, São Paulo: EPU, 1986.

PARAISO, Marlucy Alves. Pesquisa pós-críticas em educação no Brasil: esboço de um mapa. Cadernos de pesquisa. v 34. n 122. P. 283-303. 2004.

[*] Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas –UFAM, Instituto de Educação Agricultura e Ambiente  IEAA. Email karolrabello@gmail.com

[†] Dra em Educação. Professora do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas –UFAM, Instituto de Educação Agricultura e Ambiente  IEAA. Email rozanealonso@ufam.edu.br

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