Educação Educação

Tecnologia, Educação e saúde na Alfabetização

TECNOLOGIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE NA ALFABETIZAÇÃO

Maria Valdete da Silva Bolsoni [[i]]

Valdecira Aparecida da Silva Moreira[[ii]]

Valdicéia de Cássia da Silva Balbinot [[iii]]

 

RESUMO: O artigo em epigrafe fundamentou-se em referenciais teóricos e entrevista com coordenadora pedagógica das séries iniciais do Ensino Fundamental, no município de Colorado do Oeste-Rondônia. O objetivo é socializar resultados do projeto: tecnologia, educação e saúde na alfabetização, desenvolvido na turma do 3º ano “B” no ano de 2017.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Alfabetização, Saúde, Tecnologia

 

ABSTRACT: The present work was based on theoretical references and interview with a supervisor of the initial series of Elementary School, in the municipality of Colorado do Oeste Rondônia, the objective is to investigate the influence of the school manager in the development of projects. health education in literacy

KEY WORDS: Education. Alphabetization Saúde Technology

 

 Introdução

O artigo “Tecnologia, educação e saúde na alfabetização” está dividido e duas partes a primeira pesquisa bibliográfica sobre o tema e a segunda entrevista com a coordenadora pedagógica de uma escola pública estadual no município de Colorado do Oeste Rondônia.

Na entrevista analisou-se o trabalho desenvolvido na escola, junto aos alunos do 3º ano “B” do ensino fundamental, abrangendo a temática: Tecnologia, saúde e alimentação, envolvendo teoria e prática educativa.

Na era da globalização, com inúmeras formas de comunicação por meio das mídias sociais, o consumismo da alimentos quimicamente modificados, bem como excessivo consumo de massas, gorduras, refrigerantes, entre outros, tem provocado comodidade que tem cativado crianças, jovens e adultos, entretanto nesse processo reina a obesidade entre outros prejuízos à saúde. Justificando a necessidade de desenvolvimento de projeto sobre o tema saúde na escola.

Fundamentação teórica

Educação alimentar, porque algo que deveria ser tão simples tornou-se tão complexo? Zancul, (2008, p.10) assegura que a alimentação é necessidade básica do ser humano e o ato de alimentar-se, embora possa parecer comum, envolve uma multiplicidade de aspectos que influenciam a qualidade de vida do indivíduo.

Em época de globalização, na qual as informações chegam em tempo instantâneo, parece injustificável tantas dificuldades em relação a escolha da alimentação correta. Mcbean; Miller alerta que:

Mais do que em qualquer época da história da humanidade, existe recentemente, uma gama enorme de informações sobre a alimentação adequada para o crescimento e desenvolvimento da criança e para a garantia de uma boa saúde futura (McBEAN; MILLER, 1999. p.563)

É principalmente na infância que os hábitos alimentares são formados. A alimentação desregrada pode causar prejuízo para a saúde humana, destacando-se a obesidade em crianças como fator de preocupação mundial.

A obesidade atinge de forma alarmante a população nos dias de hoje, em particular as crianças, e, por consequência, surgem outros problemas e de outras ordens, como é o caso da saúde pública, que não consegue atender a demanda (TOMAZONI, 2014, p.21)

Neste sentido a escola poderá ser uma parceira da saúde pública em relação ao desenvolvimento de projetos relacionados ao tema, por meio do Programa Saúde na Escola –PSE.  Proporcionando conhecimento prático aos alunos.

Pensar certo não é transferir um conhecimento pronto e inerte sobre o que deve ser consumido, às vezes, desconexo com o cotidiano alimentar dos alunos, ou indivíduos, mas, procurar aproximar-se da realidade de vida, da alimentação e além do alimento, reconhecer os aspectos afetivos, do valor dos rituais de suas refeições, das preferências, dos sentidos e significados que envolvem a alimentação. Portanto, é considerar as interconexões existentes entre a alimentação, a sociologia, a antropologia, a educação, gastronomia, psicologia e a nutrição (REDENUTRI, 2010, p. 2)

As pessoas alimentam-se de forma errada, não porque querem se prejudicar, mas por falta de conhecimento. Por sua vez, a escola ao promover ações que vão além da teoria, quando mostram aos alunos o prazer de produzirem seus próprios alimentos unindo teoria e prática proporcionando conhecimento de forma interdisciplinar, as mudanças refletem em qualidade de vida.

A responsabilidade da instituição escolar, na construção do projeto político pedagógico da escola, garantindo ações que visem à saúde dos alunos e familiares, podem fazer a diferença entre comunidade saudável e obesa. Considerando que  os alunos cobram da família mudanças radicais na hora de alimentar-se.

 Moreira, Bolsoni, Balbinot, et al. (2017, p. 70) defendem que algum tempo, a sociedade interage no dia a dia, por meio de e-mail, blogs, sites de notícias, aplicativos e as populares redes sociais, aderidas de modo bastante peculiar pelas crianças e jovens de todas as partes do planeta. Fato que não pode passar despercebido pelo gestor escolar, no momento da construção do Projeto Político Pedagógico da Escola, garantindo assim a efetiva inclusão digital.

A escola pode fazer a divulgação de pequenos informativos sobre saúde e alimentação utilizando as redes sociais para conscientizar as famílias sobre a mudança na alimentação dos alunos.

Para Moreira, Bolsoni, Balbinot, et al. (2017, p. 74) a inserção dos diversos aparatos tecnológicos na educação tem propiciado o surgimento de múltiplas e inovadoras possibilidades educacionais, cabe a escola por meio da equipe gestora, organizar-se para garantir a qualidade pedagógica na utilização dos mesmos.

Socialização de experiência

Ao entrevistar a coordenadora pedagógica da Escola 16 de Junho, no município de Colorado do Oeste-Rondônia, indagou-se: Como ocorrem os trabalhos relacionados à saúde na escola? Há parceria, incentivo por parte da equipe gestora da escola. A resposta foi afirmativa, que o envolvimento da equipe gestora é constante.

Solicitou-se que a coordenadora pedagógica descrevesse um projeto desenvolvido em parceria professor/ família envolvendo o tema tecnologia, alimentação e saúde.

O projeto produção de horta na escola surgiu da necessidade de se desenvolver o tema interdisciplinar: Educação e Saúde, Cultivo de Horta, Técnicas Tradicionais, o tema possibilita inúmeras atividades, na alfabetização. Iniciou-se pela pesquisa em casa com a família, sobre as principais técnicas de cultivo de horta caseira, seguidos de pesquisa no laboratório de informática da escola, sobre as técnicas tradicionais de plantio da horta familiar. O resultado foi surpreendente, alunos motivados a construírem horta em casa, ajudando a família a mudarem seus hábitos alimentares, aluno de oito anos, incentivando os pais a consumirem verdura foi realmente algo extraordinário.  (Coordenadora pedagógica da Escola 16 de Junho, 2017)

Segundo depoimento da supervisora percebeu-se que poderiam juntos, alunos e escola contribuírem para a alimentação saudável da família, provocando mudanças nos hábitos alimentares e diminuir o lixo orgânicos, pois poderiam utiliza-los como esterco e ainda ter acesso a verduras sem agrotóxicos, depois surgiu a ideia da horta suspensa, utilizando garrafas pet e em caso de mudança poderiam levar a horta para qualquer lugar.

Com a finalidade de cumprir com as atividades referentes ao currículo da escola e possibilidade de utilizar garrafas pets para plantar hortaliças, propiciando alimentação rica e saborosa na mesa de cada criança, iniciou-se o trabalho com alunos do 3º ano do Ensino Fundamental.

Segundo a supervisora da escola em pesquisa, por acreditar no trabalho em parceria alunos/família, primeiro ouviu-se cada criança sobre seus hábitos alimentares, posteriormente marcou-se reunião com os pais com o objetivo de cativar as possibilidades de parceria no projeto.

O desenvolvimento das atividades seguintes possibilitaram a utilização de conhecimento prévio, teoria e prática, tornando as aulas significativas, atrativas e consequentemente produtivas, abordando dois temas de suma importância para a sobrevivência humana: a necessidade de reciclar para minimizar a poluição do planeta, como também a importância do cultivo caseiro para produção de alimentos saudável.

Evidenciou-se durante a entrevista que o incentivo a busca de conhecimento sobre os produtos alimentícios, desde a germinação até a colheita, os benefícios de uma boa alimentação, levou os alunos entre outras coisas a percepção de que inúmeras vezes o que consideravam lixo, poderia ser reaproveitamento, oferecendo benefícios entre eles a melhoria da qualidade de vida das pessoas, cuidado com o planeta e prazer de consumir produtos por eles cultivados.

A supervisora afirmou que em relação aos Conteúdos Curriculares do ano/série escolar, o projeto foi trabalhado interdisciplinarmente, envolvendo as disciplinas de Ciências, Matemática, Língua Portuguesa e Educação Religiosa. Destacando conteúdos tais como: as plantas (partes da planta, germinação), alimentação, Origem e tipos de alimentos, lixo, adubo e reciclagem, quantidade, situações problemas leitura e interpretação de texto e relato pessoal, tipos de frases, ortografia, listagem de frutas, verduras e legumes, valores (obediência, respeito, companheirismo, solidariedade, compromisso e responsabilidade), etc.

A entrevistada ressaltou que após as pesquisas na internet, livros didáticos, seleção de atividades de acordo com a necessidade e maturidade das crianças, as atividades seguiram em sala de aula, por meio de listagens dos alimentos, leitura interpretação, bilhetes para as mães solicitando a colaboração para a execução do projeto, providenciando garrafas pets, sementes, mudas de hortaliças e adubo orgânico para a construção da horta suspensa.

Segundo afirmação dos envolvidos no projeto a colaboração dos pais foi maior do que a esperada, aproveitou-se, para fazer o cultivo também no próprio solo, pois diante da diversidade de sementes e mudas e disponibilidade de terreno na escola, iniciou-se a horta suspensa e no solo da escola com a ajuda de um técnico administrativo para auxiliar nas atividades práticas.

Após o plantio as crianças fizeram o relato do trabalho realizado por eles de forma escrita. Nos dias seguintes foram realizadas várias atividades voltadas ao tema. Diariamente eram organizados grupos para irrigar e cuidar da manutenção das plantas. Ao retornarem para a sala o grupo informava sobre o desenvolvimento das mesmas.

No período da colheita, a alegria foi geral. Colher algo cultivado por eles era sensacional, principalmente pelo prazer de levarem para casa e mostrar para os pais que já eram capazes de plantar, cuidar e colher os frutos de seu próprio trabalho. Era visível o entusiasmo das crianças com o trabalho, principalmente no momento em que houve a germinação das sementes. A realização das atividades eram significativas e havia interesse dos mesmos em realiza-las, além disso percebeu-se o respeito, a cooperação e a responsabilidade atingiram um estágio que ainda não havia sido alcançado na turma. (Coordenadora pedagógica da Escola 16 de Junho, 2017)

Segundo relato da coordenadora pedagógica da escola, o acompanhamento do projeto foi realizado diariamente, por meio de análise das ações. O comprometimento dos alunos nas atividades de sala de aula e participação nas ações práticas resultaram em melhoria de qualidade de vida e elevação dos índices das avaliações externas.

Quanto a tecnologia foi criado um grupo de Whatsapp para divulgação das experiências diárias, e dicas de alimentação saudável.

Considerações finais

 

 Para o sucesso do trabalho envolvendo saúde, alimentação e tecnologia faz-se necessário firmar parceria entre escola e família, principalmente pelo fato de que quando a criança aprende a se alimentar de forma saudável influencia positivamente a família.

Destaca se que o ensino de forma contextualizada, envolvendo teoria e prática produz qualidade na educação e consequentemente eleva os índices das avaliações externas, que é o foco contemporâneo da maioria das escolas públicas do Brasil.

Vivenciar a preparação da terra, a produção de adubos, realização da colheita e consumo dos produtos produzidos, são ações que jamais serão esquecidas pelos educandos. Compartilhar as experiências e dicas pelas redes sociais também foram fatores preponderantes, marcando assim a vida dos alunos de forma positiva e transformando hábitos alimentares definitivamente.

Referências bibliográficas

 

MARCHINI, J.S. Ciências nutricionais. São Paulo, Sarvier, 2008. p.21-51.

McBEAN, L.D.; MILLER, G.D. Enhancing the nutrition of american´s youth. J. Am. Coll.Nutr., v. 18, n. 6, p. 563, 1999.

MOREIRA; et all. Gestor escolar e as tecnologias móveis na alfabetização. Revista GEMInIS, São Carlos, UFSCar, v. 8, n. 3, pp.68-76, set. 2017

REDENUTRI. Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde. Texto de Sistematização 06, Educação Alimentar e Nutricional, 15 de setembro de 2010 http://189.28.128.100/nutricao/docs/redenutri/6sistematizacao.pdf. Acesso em: 07/08/17

TOMAZONI, Ana Maria Ruiz PRÁTICAS E REFLEXÕES SOBRE EDUCAÇÃO ALIMENTAR: uma narrativa interdisciplinar-  SÃO PAULO – 2014

[[i]]Professora na rede Estadual de Ensino, Pedagoga, especialista em Mídias na Educação, Métodos e Técnicas de Ensino, Gestão Escolar, Mestranda em Ciências da Educação(UDS). valdetebolsoni@hotmail.com.

[[ii]]Professora na rede Estadual de Ensino Pedagoga, Especialista em Gestão Escolar; Métodos e Técnica em Ensino; Mídias na Educação; , Mestranda em Ciências da Educação (UDS), valdeciracolorado@hotmail.com

[[iii]]Professora na rede municipal de Ensino Pedagoga, Especialista em Mídias na Educação; , Mestranda em Ciências da Educação (UDS), valdiceia_balbinot@hotmail.com

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