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A história do correio radiofônico em Macapá

A história do correio radiofônico em Macapá: Uma análise sobre a rádio Difusora de Macapá e o Programa alô, alô Amazônia (1999 – 2009)

Francinei Almeida da Costa*

Resumo

 

O presente artigo fez uma revisão de literatura do programa de mensagens “Alô, Alô Amazônia” tem como enfoque o uso do rádio na região Amazônica, no Amapá. O uso do rádio nessa região é observado como forma de correio radiofônico aproximando os dois extremos dessa cadeia comunicacional (aqueles que estão no interior). O estudo mostrou que as mensagens que vão ao ar através do ‘correio radiofônico’, ‘mexem’ com as subjetividades do ouvinte, produzindo sentidos que causam o impacto da alegria ou da dor.

 

Palavras-chave: Amazônia, Amapá, Rádio, Ouvinte.

 

Abstract

 

This article made a literature review of the “Alô, Alô Amazônia” message program focusing on the use of radio in the Amazon region, in Amapá. The use of radio in this region is observed as a form of radio mail, approaching the two extremes of this communication chain (those that are in the interior). The study showed that the messages that go to the air through ‘radio mail’, ‘move’ with the subjectivities of the listener, producing meanings that cause the impact of joy or pain.

 

Keywords: Amazon. Amapá. Radio. Listener.

 

 

Introdução

 

Francinei Almeida da Costa – Graduando em Licenciatura Plena em História pela Universidade Vale do Acaraú – UVA, Especialista em História da Amazônia pelo Instituto Brasileiro de Pós-graduação e Extensão-IBPEX, Especialista em Mídias da Educação Universidade Federal do Amapá-UNIFAP e Graduando em Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal do Amapá-UNIFAP. <ney.v.m@bol.com.br

A rádio é denominada Rádio Difusora de Macapá (RDM) e o programa em questão é o “Alô, Alô Amazônia”, pesquisa como o Correio Radiofônico do Amapá. No mais simples verificar do processo de produção do programa apresenta a seguinte estrutura: uma pessoa necessita transmitir uma mensagem a um destinatário no interior do Estado ou até mesmo no interior da Amazônia: ela vai até RDM, elabora um enunciado para ser divulgado no programa que após os trâmites normais de recepção e locução é recebido pelo destinatário.

Levando em consideração o fato de os ribeirinhos e tantas outras comunidades não disporem essencialmente dos serviços dos correios, pretendo com este estudo sensibilizar os gestores públicos. Em um primeiro momento no sentido de valorizarem a Rádio Difusora de Macapá pelo serviço de utilidade pública que ela presta há mais de meio século o que entendemos como pouco reconhecido pelos governos que passaram. Num segundo momento, que o “Alô, Alô Amazônia” seja validado como o único e verdadeiro correio radiofônico do Estado do Amapá – o que lamentavelmente isenta da responsabilidade dos governantes da esfera local a busca de uma negociação com as empresas de Correios e Telégrafos em consolidar este serviço nas áreas ribeirinhas.

 

O histórico da Rádio Difusora de Macapá

 

De acordo com o histórico da Rádio Difusora de Macapá, extraído do site da mesma, com o assentamento do Poder Executivo Territorial em 25 de janeiro de 1944, o Governo do Amapá monta um serviço de imprensa e propaganda, destinado à divulgação de seu programa de ação e desenvolvimento. Em 19 de março de 1945, circula a primeira edição do Jornal do Amapá, um semanário composto e impresso nas oficinas da Imprensa Oficial.

Um mês antes, em 25 de fevereiro de 1945, era inaugurado o Serviço de autofalantes de Macapá, destinado a irradiar músicas escolhidas, noticiário e informações de interesse público. Na apresentação do serviço de imprensa e propaganda. Assim, o serviço de informação, criado para divulgar os atos do Governo do território, tornava-se o embrião da RDM.

Essa veiculação visava, acima de tudo, conscientizar alguns paraenses ilustres, que se mantinham, ainda contra a criação do Território Federal do Amapá, querendo que o mesmo fosse extinto, como foram dois deles (Ponta Porá e Iguaçu) para que essas terras voltassem a integrar o Estado do Pará, como eram até 13 de setembro de 1943.

Os residentes do interior do Pará e Amapá, por carta, causam a sintonia dos mesmos em seus receptores alimentados à bateria de 12 Volts. Valendo-se de seu prestigio pessoal e da ajuda de amigos, muitos deles parlamentares, Janary Nunes consegue a autorização para fazer funcionar, em Macapá, uma emissora de radiodifusão, operando em ondas médio e tropical. O Ministério de Viação e Obras Públicas, órgãos que controla, na época, a concessão, de licença para funcionamento de emissoras, acata o pedido do governador.

A emissora funcionou inicialmente, num prédio estilo colonial, construído pelo Governo do Território Federal do Amapá, num terreno da empresária Sarah Roffef Zagury, adquirido na época por 350 mil réis. Dona Sarah, de origem hebraica, matriarca da família, administra entre outros bens, uma conceituada loja de venda de tecido, pratarias, móveis e eletrodomésticos, além de uma fábrica de refrigerantes: o extinto FLIP GUARANÁ.

Levando em consideração o fato de os ribeirinhos e tantas outras comunidades não disporem essencialmente dos serviços dos correios, pretendo com este estudo sensibilizar os gestores públicos. Em um primeiro momento no sentido de valorizarem a Rádio Difusora de Macapá pelo serviço de utilidade pública que ela presta há mais de meio século o que entendemos como pouco reconhecido pelos governos que passaram e, em especial, pelo atual.

 

As mensagens ribeirinhas

 

As mensagens foram classificadas em cinco (05) categorias de acordo com o enunciado de cada uma delas: Mh (Grupo das mensagens homenagem); Mi (Grupos de Mensagens Imperativas); Mfc (Grupo de Mensagens Festa/Convites); Ma (Grupo das Mensagens aviso) e Mp (Grupo das Mensagens pedido).

Nessa classificação entendemos os cinco (05) gêneros como discurso primário radiofônico. A seguir, apresentamos alguns exemplos dessas mensagens para mais adiante construirmos uma análise de apenas um dos cinco (05) gêneros levantados, por considerarmos esse grupo como o mais solicitado pelos usuários do ‘correio radiofônico’.

Vejamos os exemplos de mensagens cedidas pela redação da RDM, no dia 02 de agosto de 2010

 

Diante disso, os enunciados das mensagens do programa em estudo têm um único objetivo: Uma comunicação popular através das ondas radiofônicas, impregnadas de códigos socioculturais regionais reproduzindo uma conversação espontânea. Dessa forma consideramos as mensagens do “Alô, Alô Amazônia” uma rica fonte de elementos para a interpretação.

Para Martins (2005, p.65), “a audiência do alô, alô Amazônia tem um público alvo muito grande do interior”. São variedades de linguagens escrita que chegam à RDM para a mensagem ser comunicada ao destinatário”.

O autor afirma ainda que as mensagens e os avisos é um dos pontos positivos do programa”. Percebemos que muitos ouvintes necessitam do programa para manter a comunicação diária entre a Zona Rural e a Urbana.

As mensagens e os avisos são tão verdadeiros, que a audiência do programa está em primeiro lugar desde 1990, como o programa mais ouvido da Rádio Difusora de Macapá-RDM (RDM, 2010).

O programa é produzido com uma vinheta de abertura que serve para todos os programas da rádio, onde se divulga o prefixo da emissora – um a exigência governamental (visto que a rádio é do governo): ‘ZYH – 422 – 630 KHz – AM Difusora ZYF – 360 – 4.915 KHz – OT – Rádio Difusora de Macapá’. A seguir roda uma outra vinheta, específica do programa: ‘Não há viagem que nos afaste, está entrando no ar “Alô, Alô Amazônia”’.

Por fim, roda uma música específica e tradicional do programa, no estilo chorinho, intitulada ‘Delicado’ gravada por Valdir Azevedo. Em seguida roda a vinheta da ‘hora certa’ (vinheta também usada para todos os programas). Após a vinheta da hora certa o apresentador Rodrigo Silva divulga a hora: ‘Agora em Macapá uma hora’. Imediatamente roda a seguinte vinheta: ‘A partir de agora na onda tropical da Difusora: Não há distância que nos separe. Não há viagem que nos afaste está entrando no ar “Alô, Alô Amazônia”.

 

Considerações Finais

 

Ao longo dos estudos realizados sobre a História do correio radiofônico em Macapá: Uma análise sobre a Rádio Difusora de Macapá do Programa alô, alô Amazônia (1999-2009). Mostrou a importância do referido programa, através das mensagens que são transmitidas para as localidades mais longínquas do estado do Amapá e até mesmo de outros Estados. A partir da revisão de literatura estudada, observou-se que as mensagens que vão ao ar através ao Programa alô, alô Amazônia, ‘mexem com as subjetividades, produzindo sentidos no ouvinte. Sentidos esses que não se encontram nos textos escritos (que vem recheado de erros ortográficos). São sentidos que se encontra nos textos subjetivos, aquele que está entre linhas, aqueles que causam impacto de alegria e de dor.

Em um país em que a oralidade espelha não apenas a exuberância da diversidade de falares, mais a condição da própria cultura, não são de se estranhar que meios de comunicação tão diferentes como o rádio, a televisão e a internet proporcionam o contato particular entre os falantes. Pois o Programa alô, alô Amazônia facilitar ao falante uma comunicação com um linguajar popular usado em determinada cultura.

 

Referências Bibliográficas

RÁDIO DIFUSORA DE MACAPÁ. Governo do Estado do Amapá-Secretaria de Comunicação. 2010.

 

MARTINS, Benedito Rostan. Alô, Alô, Amazônia – São Paulo: Limiar, 2005.

 

http://www.terravista.pt/meiapraia/1082/histr.htm

http://radio.unisul.br/pesquisa/marconi/david.htm

www.rdm.com.br

 

* Graduando em Licenciatura Plena em História pela Universidade Vale do Acaraú – UVA, Especialista em História da Amazônia pelo Instituto Brasileiro de Pós-graduação e Extensão-IBPEX, Especialista em Mídias da Educação Universidade Federal do Amapá-UNIFAP e Graduando em Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal do Amapá-UNIFAP. <ney.v.m@bol.com.br >.

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