Espiritualidade nair lucia de britto

O AMOR NÃO AMADO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

Nair Lúcia de Britto
O Amor não amado do qual fala Francisco de Assis é um amor quase que inexplicável com palavras, tal a pureza do seu significado. E tal é a pureza de alma das pessoas raras, em meio a tanta turbulência, capazes de abrigar esse sentimento.
Nesta pandemia, esse amor raro, que tão pouco se vê, veio à tona com mais clareza. Esse amor que levaram os profissionais da saúde, mesmo que às vezes sem as condições necessárias, tudo fazerem e ainda fazem para salvar vidas, seja lá de quem for… Aqueles que perderam a vida por amor, estejamos certos, foram recebidos com muita festa e graças no céu.
É esse o amor que existe no coração daqueles que socorrem, que ajudam, que alimentam sem saber nem a quem…
Algum tempo atrás, antes dessa Pandemia, o conhecido médico Drauzio Varella foi a um presídio visitar as mulheres trans. Mulheres, vítimas do preconceito, que ali estavam trabalhando, na esperança de um dia sair dali e levar uma vida normal. Quer dizer, ter o direito de trabalhar como todo mundo para ganhar seu sustento honestamente. Uma delas, que se sentia mais sofrida e mais só, comoveu o médico por ver tanta tristeza. Num impulso generoso o médico deu-lhe um abraço.
O programa “Fantástico”, da Globo, documentou esse momento. Dias depois Varella foi muito criticado por um pequeno grupo de pessoas por ter abraçado um criminoso. Poucos entenderam que esse é o amor que São Francisco de Assis proclamou na sua santa jornada.
Quando Jesus morreu na cruz Ele morreu por amor a todos: aos bons e aos maus. E, antes de morrer, perdoou o bom ladrão, dizendo: “Ainda hoje estarás comigo nos céus.”  Numa parábola Jesus diz que devemos perdoar “não sete vezes, mas setenta vezes sete”, ou seja, quantas vezes forem necessárias.
Por isso que, apesar de ser Católica, eu acredito mais na Reencarnação do que no Inferno. No inferno não existe o perdão. A reencarnação é a oportunidade que Deus dá aos maus, de pouco a pouco, se transformarem em bons, através do aprendizado na Terra; muito duro, às vezes, mas que dará uma oportunidade a todos de um dia se redimirem de seus erros e conquistarem o céu.
Mais do que nunca o mundo precisa de Amor, do amor não amado de que fala São Francisco de Assis. E pôr um fim a esse ódio terrível que todos os dias a televisão mostra, na ficção e na vida real, e que infelizmente muitos aplaudem e acham que é normal.
Jamais será com armas e agressões que conquistaremos a paz e a felicidade. Que São Francisco de Assis nos ilumine e vele por nós!
Nair Lucia de Britto – Folha

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