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HEBE CAMARGO, A RAINHA DA TELEVISÃO BRASILEIRA

Por: Nair Lúcia de Britto
Marcelo Camargo, único filho de Hebe Camargo, considerada a “Rainha da Televisão Brasileira”, declarou recentemente à imprensa que não reconhece a mãe dele nem no filme, nem na série da TV Globo que teve início na última quinta-feira (30-07-20).
“Para mim é uma obra de ficção”, ele confessa. Esclarece que não contesta sobre o talento da atriz Andréa Beltrão, mas apenas o fato de que a mesma não corresponde ao perfil da verdadeira Hebe Camargo.
“Minha mãe não gostava de ‘whisky’. Era uma pessoa educada, não falava palavrões e nem chegava atrasada nas suas apresentações porque era bastante responsável e tinha muito carinho e respeito pelo seu público.”
Quanto ao início da carreira de Hebe, na sua juventude, Marcelo confirma a veracidade dos fatos; nada tem a reclamar. Também apreciou bastante o Musical dirigido por Miguel Falabella que mostram as músicas de sucesso que abrilhantou a carreira de Hebe como cantora.
Marcelo sempre acompanhou de perto a carreira da mãe e sabe muito bem o que está dizendo. Como filho, sentiu-se na obrigação de defender a imagem da mãe que tanto se orgulha.
Concordo plenamente com essas declarações, porque a melhor qualidade de Hebe Camargo era ser uma pessoa gentil, alegre, expansiva, autêntica; que amava a vida, mas também muito discreta. Evitava falar da sua vida pessoal; mas, quando indagada sobre isso, respondia com sinceridade.
Também achei de um terrível mau gosto iniciar a série, representando Hebe Camargo careca, se olhando no espelho com tanta tristeza.  Justamente ela que era uma pessoa extremamente vaidosa; que sempre procurava mostrar ao seu público, e aos seus convidados, sua melhor imagem. Ao seu figurino, aliava o sorriso cativante ou uma gargalhada gostosa, com aquela simpatia que lhe era tão peculiar.
Segundo pesquisa, a apresentadora nasceu no dia 8 de março de 1929, em Taubaté/SP. Seus pais eram músicos: seu pai, Fego Camargo, tocava violino e sua mãe, Ester, piano. Ele trabalhava tocando violino no cinema da cidade, quando ainda era mudo. Enquanto sua mãe cuidava dos sete filhos. Com o cinema falado, o pai perdeu o emprego e a família veio para São Paulo, em 1943.
Sob a influência musical dos pais, Hebe iniciou sua vida artística aos 12 anos de idade, cantando músicas de Carmen Miranda em programas de calouros. Depois, formou uma dupla caipira com sua irmã: Rosalinda e Florisbela. Aos quinze anos já cantava em locais de entretenimento. E um ano depois lançou seu primeiro disco, quando a apelidaram de “Moreninha Linda”.
Estreou no Cinema brasileiro em 1949, com o filme “Quase no Céu”, ao lado de Lolita Rodrigues, Vida Alves, Dionísio de Azevedo, Lima Duarte e outros.
No ano de 1950, presenciou a criação da TV Tupi, pioneira no Brasil, sob o comando de Assis Chateaubriand. Foi convidada a cantar na sua primeira transmissão, mas não pôde comparecer; e quem a substituiu foi Lolita Rodrigues.
Em 1955, Hebe foi chamada para comandar o programa “O Mundo é das Mulheres”, dirigido por Walter Forster, na TV Continental (concorrente da Tupi). Foi o primeiro programa de TV apresentado por uma mulher. Depois disso, ela passou por várias emissoras, sendo que a principal delas foi a SBT, onde trabalhou por 25 anos.
Foi casada com Lélio Ravagnani. Seu segundo casamento que se rompeu com o falecimento dele no ano 2000. Passou então a dedicar-se ao seu único filho e ao seu público como apresentadora.
Nos seus programas recebia personagens importantes  como Chico Buarque de Holanda, Chico Xavier, Juca Chaves, Plínio Marcos;  personagens famosos, como Neil Armstrong, Edith Piaf, Júlio Iglésias. Na época da “Jovem Guarda” entrevistou vários novos talentos.
Na Ditadura Militar enfrentou os políticos corajosamente, criticando a “linguagem enrolada”, difícil para a população entender. Lutava pela liberdade de expressão, combatia o preconceito perverso contra os homossexuais. E defendia os aposentados e trabalhadores que recebiam um salário minguado. Seu objetivo era conscientizar as mulheres de seu valor; e, seu  público, sobre os vários problemas sociais.
As críticas negativas de jornalistas maldosos deixavam Hebe triste. Contudo, apreciava as que vinham da parte de Helena Silveira (notável articulista da “Folha” e Escritora. Um dos livros dela que gostei muito foi “Banco de Três Lugares”).
Na entrevista com Hebe Camargo no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, no dia 18 de agosto de 1987; . ela chegou um tanto nervosa, temerosa de não se sair bem. Mas foi simplesmente brilhante e autêntica respondendo todas as perguntas com sabedoria e autenticidade. Quase ao final, o apresentador interrompeu a entrevista para dar uma triste notícia. O grande poeta Carlos Drummond de Andrade acabava de falecer.
“Hoje o Brasil ficou mais pobre de gente boa!”, a entrevistada comentou com tristeza.
Hebe Camargo era Católica desde criança e muito  religiosa. Tanto que construiu uma Capela na sua residência. A qual inaugurou, alegre e comovida. Nessa mesma capela foi rezada pelo Padre Marcelo Rossi a missa que seria a sua despedida.
Partiu no dia 29 de setembro de 2012, durante à noite, enquanto dormia. Partiu tranquila, na santa paz de Deus, como acontece com todas as almas generosas.
Fonte de Pesquisa: Wikipédia, MdeMulher e Clássicos de Cinema.

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