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Ciências da Natureza e suas tecnologias e o novo Ensino Médio: uma experiência

Amanda Aparecida Moreira*

Gabriel de Oliveira Soares***

Resumo: Considerando a organização curricular do Novo Ensino Médio, esse trabalho tem por objetivo relatar uma experiência de ensino desenvolvida com uma turma do primeiro ano do Ensino Médio na qual foi desenvolvida uma prática experimental baseada na Prática por observação com intervenção imediata. Ao relatá-la, busca-se contribuir para que professores de outros municípios possam refletir esse processo e utilizá-lo em suas salas de aula.

Palavras-chave: Ensino; Educação Básica; Práticas Experimentais.

Abstract: Considering the curricular organization of the New High School, this work aims to report a teaching experience developed with a class of the first year of high school in which an experimental practice based on Practice was developed by observation with immediate intervention. By reporting it, it seeks to contribute so that teachers from other municipalities can reflect this process and use it in their classrooms.

Key-words: Teaching; Basic Education; Experimental Practices.

Introdução

         As atuais perspectivas do Novo Ensino Médio, composto de novas disciplinas interligadas nos itinerários formativos, seguindo a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, propôs um ensino interdisciplinar incorporando metodologias inovadoras e tecnológicas na educação em Ciências, propondo um ensino mais dinâmico com foco principal a participação integral do aluno no processo de ensino-aprendizagem.

Essas novas ideias trazem para o ensino uma abordagem mais experimental, nas quais os alunos desenvolvem habilidades de formulação de hipóteses, contextualização do fenômeno com seu cotidiano, com a interdisciplinaridade com conhecimento amplo e atualizado, propondo conhecimento e principalmente, desenvolver a capacidade de resolução de problemas e o pensamento crítico. Corroborando com esse fator, Cadore et al. (2020, p. 163) afirmam que “a experimentação pode ser uma estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação”.

         Assim, uma das disciplinas que promovem esse caráter experimental no novo ensino médio é a de Ciências da Natureza e suas tecnologias, que engloba os componentes curriculares de Física, Química e Biologia promovendo uma reflexão em torno do impacto da evolução da ciência em tempos atuais, baseada nas orientações da Base Nacional Comum Curricular e suas habilidades.

         Nesse sentido, esse artigo tem por objetivo relatar uma experiência de ensino desenvolvida com uma turma do primeiro ano do Ensino Médio na qual foi desenvolvida uma prática experimental baseada na Prática por observação com intervenção imediata.

         Segundo Pironel e Onuchic (2016), através observação com intervenção imediata, o papel do professor muda de comunicador de conhecimento para o papel de observador, organizador, mediador, interventor e incentivador da aprendizagem. Dessa forma, ao observar e intervir o professor assume a posição de avaliador do processo de ensino-aprendizagem, sendo também um construtor do conhecimento, junto a seus educandos (PIRONEL; ONUCHIC, 2016).

Desenvolvimento da proposta

A prática experimento foi realizado com cinco turmas do 1º Ano do Novo Ensino Médio, de uma escola localizada no município de Nova Serrana – Minas Gerais, dentro da disciplina de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que tem por objetivo geral, criar condições práticas e reflexivas com base em um trabalho interdisciplinar focando competências e habilidades desenvolvidas pelos alunos.

Sabe-se que a ciência e a tecnologia são o desenvolvimento da sociedade, estão cada vez mais inseridos em nosso dia a dia e tem influenciado nosso modo de vida. Pensar esses fatores em sala de aula ainda é mais relevante, tendo em vista que a importância “de discutir com os alunos os avanços da ciência e tecnologia, suas causas, consequências, os interesses econômicos e políticos, de forma contextualizada, está no fato de que devemos conceber a ciência como fruto da criação humana” (PINHEIRO; SILVEIRA; BAZZO, 2007, p. 75).

Além disso, a inclusão da experimentação no ensino de Ciências da Natureza e suas Tecnologias justifica a importância de seu papel investigativo e pedagógico para auxiliar os alunos no entendimento dos fenômenos e na construção dos conceitos experimentais da organização didática da proposta.

Para esse caso específico, trabalhou-se com a análise de um fenômeno natural. Essa interpretação busca diminuir o impacto e promover melhorias nas condições de vida dos alunos envolvidos no trabalho e sua comunidade, tendo em vista que cria uma elaboração de interpretações sobre a dinâmica em suas vidas, éticas e responsabilidade e finaliza com a investigação de situações problemas e avaliação das aplicações do conhecimento científico no seu dia a dia.

Essa experiência de ensino foi organizada em duas etapas. Entretanto, prévia a organização das etapas, os alunos de cada turma foram divididos em três grupos com aproximadamente dez integrantes, buscando manter grupos coesos e com boa participação.

A primeira etapa envolveu o trabalho teórico desenvolvido previamente à experimentação. Ao longo de um bimestre, foram trabalhados temas relacionados à sustentabilidade, educação ambiental, e os processos físicos, químicos e biológicos trabalhados na chuva e a proteção que a vegetação dá à terra contra desmoronamentos e a filtragem da água. Esse processo foi desenvolvido durante o primeiro bimestre do ano letivo, constando com uma carga horária de três aulas semanais durante quatro semanas.

 Após, passou-se à etapa da experimentação com reflexão, que veio posterior ao estudo teórico. A organização didática do experimento é apresentada no que segue, juntamente com um registro do grupo no desenvolvimento do trabalho (Figura 1).

  1. Utilizando uma garrafa pet descartável, com terra e grama em seu interior, era jogada água sobre os itens anteriores, comprovando-se que quanto mais vegetação protegendo a terra, mais limpa a água sairá.
  2. Utilizando uma garrafa pet descartável, terra e casca de árvores em seu interior, foi jogada água sobre os itens anteriores e comprovado que a casca de árvores também protege muito a terra, e a água sairá limpa também.
  3. Por fim, utilizando uma garrafa pet descartável com apenas terra e, posteriormente, jogando-se água por cima da garrafa percebia-se que sem vegetação protegendo a terra, a água sairá muito suja, pois a terra está sem proteção total.

Figura 1 – Desenvolvimento do experimento

Fonte: autoria própria (2022)

Nessa etapa de ação sobre a mesma realidade em que foi identificado o problema, a falta de vegetação sobre a terra, buscou propor solução imediata na preservação do meio ambiente, através da apropriação dos conhecimentos científicos, em busca de soluções para determinar problemas sociais e ambientais da natureza.

Isso visa contribuir para a construção de valor e tomada de decisão, através de uma sequência de atividade experimental, muito simples, sem custo para o aluno e que contribui de forma acessível para a sustentabilidade dentro da escola, em volta da comunidade, que pode ser realizada com alunos de ensino médio vinculando-se na disciplina de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, fortalecendo a contextualização para a compreensão dos fenômenos, para a construção do conhecimento.

Conclusão

         Esse trabalho teve por objetivo relatar uma experiência de ensino desenvolvida com uma turma do primeiro ano do Ensino Médio na qual foi desenvolvida uma prática experimental baseada na Prática por observação com intervenção imediata.

Evidencia-se a importância desse trabalho interdisciplinar para a formação dos alunos com o novo Ensino Médio. Afinal, a inserção da experimentação dentro de sala de aula, nas escolas públicas, desenvolve a atenção do aluno e busca a alfabetização científica da ciência, desenvolvendo uma proposta didático-pedagógica que apresenta trazer benefícios na aprendizagem.

Partindo desse propósito dos itinerários formativos de ensino, a investigação científica propõe uma mudança de paradigma educacional, não para questionar a autoridade do professor, mas tornando o professor um facilitador,

Além disso, essa postura assegura que os alunos guiem os seus próprios processos educativos, desenvolvendo uma maior independência, proatividade e habilidades que não seriam tão estimulados com o ensino tradicional utilizando somente a teoria e sim a teoria juntamente com à prática.

Referências

PEIXOTO, Sandra Cadore; SOLNER, Tiago Barboza Baldez; SOARES, Gabriel de Oliveira; FANTINEL, Leonardo. Práticas experimentais aplicadas do ensino de química como ferramenta para a aprendizagem. Revista Triângulo, v. 13, n. 1, p. 160-173, 2020.

PINHEIRO, Nilcéia Aparecida Maciel; SILVEIRA, Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto; BAZZO, Walter Antonio. Ciência, Tecnologia e Sociedade: a relevância do enfoque CTS para o contexto do Ensino Médio. Ciência & Educação, v. 13, n. 1, p. 71-84, 2007.

PIRONEL, Márcio; ONUCHIC, Lourdes de la Rosa. Avaliação para a aprendizagem: uma proposta a partir de transformações do conceito de avaliação na sala de aula no século XXI. In Congresso Nacional de Avaliação em Educação (CONAVE), IV, 2016. Bauru. Anais…Bauru: 2016.

Como citar esse artigo:

MOREIRA, Amanda Aparecida; SOARES, Gabriel de Oliveira. Ciências da Natureza e suas tecnologias e o novo Ensino Médio: uma experiência. Revista P@rtes. 2022.


* Aluna do curso de especialização em Docência do IFMG – Arcos. aamoreiras@hotmail.com

***Doutorando em Ensino de Ciências e Matemática. Orientador do curso de especialização em Docência do IFMG – Arcos. gsoares8@outlook.com

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