Adilson Luiz Gonçalves Colunistas Crônicas

INTELECTUAL? ENTÃO, TÁ!

São 7 os pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça, atitudes que denotam problemas de caráter.

A soberba é, talvez, a mais complexa, por seus sinônimos e derivações associados, tais como: orgulho, vaidade, vanglória, arrogância, prepotência, presunção e egocentrismo.

O soberbo quer se colocar acima dos outros, às vezes em cima dos outros, demonstrando pobreza de espírito ou necessidade de autoafirmação.

Gente assim fala muito, critica muito, mas pouco ou nada produz de útil.

Não sei se há uma gradação para a soberba. No entanto, creio que um de seus níveis mais graves é quando um indivíduo se autodenomina intelectual.

Intelectual pode ser um adjetivo atribuído a quem produz pensamentos. Bem, por essa definição, produzir pensamentos não implica que sejam bons ou úteis. Pensamentos podem gerar ódio, preconceitos, guerras ou entupirem vasos sanitários.

A intelectualidade apenas como produção de pensamentos é tão objetiva quanto uma expressão muito usada na área esportiva: “fulano tem qualidade!”, pois raramente há o complemento: positiva ou negativa.

Uma pessoa que desempenha uma atividade de natureza mental, relacionada com o intelecto e a inteligência, também pode ser definida como intelectual, o que também não quer dizer muita coisa.

Vejamos: inteligência pode ser definida como: faculdade de conhecer, compreender, aprender, capacidade de resolver problemas e conflitos, e de adaptar-se a novas situações. De um forma bem resumida, é a capacidade de interligar dados e informações, encontrando sentido neles. Porém, esse sentido pode ser decorrente de interpretações influenciadas pela formação do indivíduo, seus traumas e preconceitos.

É possível alguém ser considerado um intelectual ou, se considerar como tal, quando é incapaz de aceitar opiniões divergentes, contrapondo suas crenças como insofismáveis? Merece se arvorar intelectual quem quer que o meio se adapte às suas ideias, opções e práticas?

Li outra definição, que considera intelectual como substantivo, quando se referir a pessoa que vive exclusivamente de sua inteligência, com ênfase no âmbito da cultura e das artes, por exemplo.

Então, todo o indivíduo que produz cultura e arte é intelectual? Se assim for, então a imensa maioria dos seres humanos pode ser considerada intelectual!

Assim, ser intelectual não deveria ser motivo de soberba, ainda mais quando essa presunção precisa ser autopropalada mil vezes. Tanto é que existem pessoas letradas, capazes de recitar trechos inteiros de livros, só que incapazes de ter opinião própria, resolver problemas do cotidiano, ter empatia ou respeitar outros seres humanos.

Há pessoas que se dizem intelectuais como recurso para, arrogantemente, tentarem prevalecer, humilhando ou agredindo quem as questione. Isso é patético!

A capacidade de compreender e aprender não faz parte de sua autodefinição de intelectualidade, demonstrada pela vaidade de tentar se colocar como uma referência absoluta, ao mesmo tempo em que distribui estereótipos e preconceitos, sem nunca admitir o contraditório, a não ser para cometer outro pecado capital: a ira!

Ah, os “intelectuais” – principalmente os que se dizem “públicos” – que se vestem de soberba, arrogância e vaidade, e sentam em tronos de hipocrisia conveniente, querendo impor seus defeitos como virtudes!

Prefiro a sabedoria dos de coração e modos simples, pois sua inteligência e sabedoria foram lapidadas pela observação e aprendizado, e não pelas aparências e discursos vazios, ainda que repletos de citações e certezas absolutas da estupidez stricto sensu.

Adilson Luiz Gonçalves Rua Maestro Heitor Villa-Lobos, 27/22 Santos – SP

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