Crônicas nair lucia de britto

UM REI CHAMADO MIDAS

Nair Lúcia de Britto
São muitas as histórias contadas para as crianças. Mas, como disse um contador de histórias, Arthur Nestrovski, as melhores histórias mesmo são aquelas contadas há mais de dois mil anos atrás e que todos se lembram até hoje.

Muitas foram escritas na Grécia e neste mês dedicado às crianças venho relembrar a história do Rei Midas e espero que as crianças de hoje gostem de ler porque é para elas que eu escrevo com muito carinho. Vamos lá!

O rei Midas era um bom rei, generoso, tinha tudo para ser feliz, mas o que estragava a sua felicidade era que ele não se contentava com tudo que possuía. O sonho dele era se tornar o homem mais rico do mundo.

Certo dia, enquanto o rei estava regando suas videiras, viu um camponês bem velhinho que estava muito triste porque se encontrava perdido e não tinha para onde ir.

Imediatamente o Rei Midas compadeceu-se dele e veio socorrê-lo, oferecendo-lhe abrigo e comida. O camponês aceitou a oferta e ficou muito grato ao seu benfeitor.

Ao ver o gesto solidário e fraterno do rei Midas, Dionísio, o deus do vinho quis recompensá-lo por sua generosidade. Então apareceu de repente na frente do rei e lhe disse:

— Parabéns, rei Midas, por ter ajudado um humilde camponês. Quero premiá-lo pelo seu gesto. Pode me pedir o que quiser que eu te darei com prazer!

— O que eu quiser? Qualquer coisa?!!!

— Sim, peça o que mais deseja!

— Bem, eu gostaria que tudo que eu tocasse com as minhas mãos se transformasse em ouro.

— Tudo bem, que assim seja! – dito isso o deus Dionísio desapareceu.

Em seguida rei Midas quis se certificar do poder que lhe fora concedido. Não deu outra, assim que pegou num galho de uma árvore, o galho se transformou em ouro. Rei Midas deu uma estrondosa gargalhada, feliz da vida! Finalmente poderia realizar o seu sonho: ser o homem mais rico do mundo!

E quando colheu uma maçã, o mesmo ocorreu: a fruta se fez em ouro diante dos olhos brilhantes do rei. Satisfeito, o rei Midas correu para o Palácio, queria contar a todos o prodígio que lhe dera o deus Dionísio.

Para comemorar pediu aos seus servos que lhe preparassem um belo assado e lhe trouxessem o melhor vinho da adega. As ordens dele foram cumpridas, mas quando foi comer o assado este virou ouro e o mesmo aconteceu com o vinho. Ainda estava com água na boca e morrendo de fome quando, então, percebeu a besteira que fizera. Impedido de comer morreria de fome!

Desesperado, chamou pelo deus Dionísio, implorando para que ele desfizesse o encanto e que ele perdoasse sua ambição desmedida.

Dionísio viu que o rei tinha aprendido a lição e resolveu perdoá-lo. Mas com uma condição.

— Vá até a fonte do rio Pactolo. Chegando lá mergulhe a cabeça nas águas frias do rio.O rei fez tudo como Dionísio mandou e, felizmente, o encanto se quebrou. Livre do fardo, rei Midas nunca mais pensou em acumular riquezas. E seus olhos se voltaram totalmente para a Natureza, que só então reconheceu como era bela! As árvores imponentes, as flores coloridas, as frutas, as matas, os rios… Tudo tão perfeito, tão divino!

O rei Pan, rei dos campos, ficou orgulhoso do novo discípulo e, silenciosamente, agradecido.

A partir daí o passatempo predileto do rei Midas era passear nos bosques e tocar na sua flauta músicas bem bonitas!

Nair Lucia de Britto – Folha

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