Uncategorized

CISNES BRANCOS E O TURISMO NACIONAL

Anna Nery, Rosa da Fonseca, Princesa Leopoldina e Princesa Isabel.

Estamos valando da pioneira da enfermagem no Brasil, consagrada na Guerra do Paraguai; da mãe do primeiro presidente da República; da princesa que virou a primeira Imperatriz do Brasil, protagonista em nossa Independência; e da princesa responsável pela abolição da escravatura e criação dos portos organizados, tendo o de Santos como o primeiro?

Sim! Mas também o nome de quatro navios de cruzeiro de armadores nacionais (Companhia Nacional de Navegação Costeira e Lloyd Brasileiro), que tiveram uma bela história.

Eram conhecidos como “Cisnes Brancos”, por conta da cor e elegância que os caracterizava, aliás, todos muito parecidos. Consta que não deixavam nada a dever aos transatlânticos estrangeiros, como Panair e a Varig nada deviam às companhias aéreas internacionais.

O Porto de Santos sempre os acolheu, mesmo em condições precárias, e hoje ostenta a condição de principal operação de cruzeiros do Brasil.

Na temporada 2010/11 teve movimento superior a 1,1 milhão de passageiros! E na de 2022/23 beirou 900 mil.

A atual frota que frequenta o Porto de Santos é formada por embarcações de armadores estrangeiros, majoritariamente europeus, mais especificamente italianos, os quais têm um longo histórico desse tipo de operação.

São as mesmas embarcações que atuam na temporada europeia, ou seja, não podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, ao menos nesta dimensão temporal.

Há algum tempo é cogitada a possibilidade de dispor de ao menos uma embarcação fixa no Brasil, navegando o ano inteiro.

Não faltariam destinos turísticos atrativos mesmo fora da temporada, fossem ao norte ou ao sul, inclusive na Argentina e Uruguai, além da possibilidade de cruzeiros temáticos, convenções de empresas, festivais gastronômicos e artísticos.

Outra possibilidade, aventada em um círculo de profissionais amigos, e que já havia sido objeto de uma pesquisa que orientei, seria a utilização de ferry-boats semelhantes aos utilizados no Mar Mediterrâneo e em outras partes do mundo. Trata-se de embarcações de médio porte, que transportam veículos e passageiros em médias distâncias, com serviço de bordo e outras comodidades. Eles poderiam, por exemplo, fazer o circuito entre Santos e Rio de Janeiro, com ou sem escalas.

Tomemos como exemplo o “fast ferry” Cecilia Payne, que faz a linha Barcelona – Ilhas Baleares, na Espanha: ele tem capacidade para 800 passageiros e 200 veículos, com velocidade máxima de 38 nós (aproximadamente 70 km/h). Considerando uma velocidade média de 30 nós (cerca de 55 km/h), ele poderia percorrer os 407 km entre Santos e Rio de Janeiro em algo em torno de 7,4 horas. Existem de maior porte e mais lentos, mas mesmo com velocidade de 20 nós (aproximadamente 37 km/h), o tempo de percurso direto seria de cerca de 11 horas, o que não seria nada mal.

É certo que há outras variáveis a serem consideradas, principalmente as condições de navegação. Mas o fato é que esse modo de transporte é tradicional e tem funcionado bem em vários países.

A BR do Mar poderia fomentar tanto a operação de cruzeiros como a de “ferry boats” interestadual, considerando seu foco em cabotagem?

A CLIA Brasil já considerou essa hipótese?

É bem provável que sim, mas creio ser bastante interessante trazer essa discussão a público.

Quem sabe poderemos ver novos “cisnes brancos” navegando nos verdes mares, de norte a sul.

Adilson Luiz Gonçalves é engenheiro e professor universitário. Santos – SP

Adilson Luiz Gonçalves

Escritor, Engenheiro e Pesquisador Universitário

Membro da Academia Santista de Letras

Deixe um comentário