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ACNUR: O deslocamento forçado continua a crescer à medida que os conflitos aumentam

©ACNUR/Andrew McConnell
A retornada sul-sudanesa Nyauke Chianjiak, 18 anos, senta-se com sua irmã de um ano, Kuoli, em um centro de trânsito em Renk, Sudão do Sul, depois de fugir do conflito no Sudão.

A guerra e a violência levaram o deslocamento global a um número estimado de 114 milhões até o fim de setembro de 2023

Genebra, 25 de outubro de 2023 – O número de pessoas deslocadas por guerra, perseguição, violência e violações de direitos humanos em todo o mundo provavelmente ultrapassou 114 milhões no fim de setembro, anunciou hoje a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Os principais fatores de deslocamento forçado no primeiro semestre de 2023 foram: guerra na Ucrânia e conflitos no Sudão, República Democrática do Congo e Mianmar; uma combinação de seca, inundações e insegurança na Somália; e uma crise humanitária prolongada no Afeganistão, de acordo com o Relatório de Tendências Semestrais do ACNUR, que analisou o deslocamento forçado durante os primeiros seis meses deste ano.

“O foco do mundo agora está – com razão – na catástrofe humanitária em Gaza. Mas, globalmente, muitos conflitos estão se proliferando ou aumentando, destruindo vidas inocentes e desenraizando pessoas”, disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi. “A incapacidade da comunidade internacional de resolver conflitos ou evitar novos conflitos está causando deslocamento e miséria. Devemos olhar para dentro, trabalhar juntos para acabar com os conflitos e permitir que as pessoas refugiadas e deslocadas voltem para suas casas ou reiniciem suas vidas.”

Até o fim de junho, 110 milhões de pessoas haviam sido deslocadas à força em todo o mundo, um aumento de 1,6 milhão em relação ao fim de 2022, de acordo com o relatório. Mais da metade de todas as pessoas que são forçadas a fugir nunca cruzam uma fronteira internacional. Nos três meses entre junho e o fim de setembro, o ACNUR estima que o número de deslocados à força aumentou em 4 milhões, elevando o total para 114 milhões. O conflito no Oriente Médio eclodiu em 7 de outubro, fora do período coberto por este relatório, que, portanto, não leva em conta suas consequências em termos de deslocamento humano.

“Enquanto observamos o desenrolar dos acontecimentos em Gaza, no Sudão e em outros lugares, a perspectiva de paz e de soluções para pessoas refugiadas e outras populações deslocadas pode parecer distante”, acrescentou Grandi. “Mas não podemos desistir. Com nossos parceiros, continuaremos pressionando e encontrando soluções para essas populações.”

Os países de baixa e média renda abrigaram 75% das pessoas refugiadas e outras pessoas que precisam de proteção internacional. Em todo o mundo, 1,6 milhão de novos pedidos de asilo individuais foram feitos nos primeiros seis meses, o maior número já registrado.

Foram registrados pouco mais de 404.000 retornos de refugiados, mais do que o dobro do mesmo período em 2022, embora muitos não estivessem em condições seguras. Quase 2,7 milhões de pessoas deslocadas internamente voltaram para casa durante o mesmo período, mais do que o dobro dos retornos durante o primeiro semestre de 2022. O número de pessoas reassentadas aumentou.

O relatório é lançado no período que antecede o segundo Fórum Global de Refugiados (GRF), o maior encontro do mundo sobre refugiados e outras pessoas deslocadas à força, em Genebra, de 13 a 15 de dezembro. Governos, pessoas refugiadas, autoridades locais, organizações internacionais, sociedade civil e o setor privado se reunirão para fortalecer a resposta global e buscar soluções para os níveis recordes de deslocamento.

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